Nota informativa | "Requiem" por um sobreiro centenário da Citânia de Briteiros

No passado mês de dezembro de 2022, durante um episódio meteorológico tempestuoso, um sobreiro de grande porte, localizado na acrópole da Citânia de Briteiros, colapsou. A queda desta árvore centenária – uma das mais antigas da Citânia – foi facilitada pelo estado de decrepitude, fitossanitário e vegetativo, próprio da sua idade avançada. A presença de tumores no tronco, de pernadas e ramos secos e partidos, de uma copa acentuadamente desequilibrada e de um débil estado vegetativo global, indiciavam já um elevado risco de fratura, avaliado em 2020 por uma equipa da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Assim, a árvore encontrava-se sinalizada, alertando os visitantes para a eventual queda de ramos. Felizmente, o seu colapso não ocasionou danos pessoais nem afetou o património arqueológico.

Dado que o sobreiro se encontrava caído num local que impedia o acesso de viaturas de socorro e de vigilância e combate a incêndios, tornou-se indispensável proceder à sua remoção. Assim, durante as operações periódicas de manutenção da vegetação da Citânia, realizadas em abril passado por uma equipa da Vitrus Ambiente, foi possível retirar a árvore caída, tendo sido previamente informado o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Em simultâneo, foi também retirado um conjunto de pinheiros-bravos, que haviam crescido nas estruturas arqueológicas, colocando em risco a sua integridade.

Os sobreiros, e demais árvores da Citânia de Briteiros, constituem um património vivo indissociável do património arqueológico, pelo especial enquadramento que conferem aos vestígios castrejos e pela amenidade que oferecem aos visitantes. Além disso, possuem uma dimensão biológica e ecológica fundamental, como elementos característicos da paisagem local, testemunhando a sua evolução, na longa duração. A Sociedade Martins Sarmento continuará empenhada em realizar ações de gestão deste património vivo, reduzindo o seu impacto sobre as estruturas arqueológicas, devido à infiltração de raízes e outros órgãos vegetais, e garantindo, de forma prioritária, a segurança e o bem-estar dos visitantes.

Guimarães, 31 de maio de 2023

A Direção da Sociedade Martins Sarmento

 

Dia Internacional dos Arquivos | "Mário Cardozo - Das Pedra(s) Formosa(s) ao brilho do ouro proto-histórico"

A comemoração do Dia Internacional dos Arquivos é o momento para destacar o papel destas instituições na preservação, tratamento, gestão e divulgação do património documental das comunidades, procurando consciencializar a sociedade para a criação de condições que promovam os Arquivos e que assegurem a concretização da sua missão, em benefício da memória coletiva e da investigação.

Associando-se a esta efeméride, a Sociedade Martins Sarmento apresenta no dia 7 de junho, pelas 18h00, no Salão Nobre da Sociedade Martins Sarmento, uma conferência intitulada “Mário Cardozo: das “Pedra(s) Formosa(s) ao brilho do ouro proto-histórico. Homenagem a mais de meio século de investigação arqueológica”, proferida pelo Professor Armando Coelho.

Na mesma oportunidade será apresentada uma pequena exposição do espólio do Arqueólogo Mário Cardoso, nomeadamente a sua correspondência, uma fonte importantíssima para o estudo da atividade da Sociedade Martins Sarmento e da evolução da Arqueologia em Portugal.

Mário Cardozo (1889-1982), Coronel de Infantaria, foi Presidente da Direção da Sociedade Martins Sarmento, entre 1932 e 1972. Sob a sua direção, conseguiu reunir os apoios necessários para a conclusão do edifício-sede da SMS, inaugurado em 1967. Publicou vários estudos nas áreas da Arqueologia, da História e da Etnologia. Continuou o trabalho de Francisco Martins Sarmento, explorando a Citânia de Briteiros, em 32 campanhas de escavação e de restauro, sendo responsável por importantes contributos na área da Cultura Castreja e da ourivesaria proto-histórica. Foi Diretor da Revista de Guimarães, publicação científica da Sociedade Martins Sarmento, que sob a sua orientação viu consolidado grande prestígio nacional e internacional.

A Direção da Sociedade Martins Sarmento

Controlo de plantas invasoras no Castro de Sabroso | 20 maio às 9h30

 

Nos dias 20 e 28 de maio, e no âmbito do projeto SEM Invasoras, financiado pelo Fundo Ambiental, terão lugar duas atividades que visam o controlo de espécies invasoras, em Sande São Lourenço e em São Torcato, respetivamente.

Com um papel crucial na prevenção e mitigação das invasões biológicas, muitos cidadãos desconhecem, no entanto, esta problemática. Estas ações têm como objetivo aumentar o conhecimento e a consciencialização sobre as espécies invasoras e incentivar a participação ativa dos cidadãos.

Organizadas pelo Laboratório da Paisagem, as duas ações fazem parte da programação da Semana sobre Espécies Invasoras em Portugal & Espanha (SEI 2023).

A atividade em Sande São Lourenço, será em Castro de Sabroso, sítio arqueológico de tipo castrejo, que ao longo dos anos, tem tido vários problemas no controlo de mimosas, um facto que merece especial atenção por se tratar de um local com um património histórico e arqueológico bem patente. Esta atividade conta com o apoio da Sociedade Martins Sarmento, reconhecida pela sua contribuição para o estudo, conservação e supervisão técnica do património histórico e cultural do concelho.

É uma oportunidade para os participantes aprenderem sobre as espécies invasoras, compreenderem os impactes que têm no ecossistema local e contribuírem ativamente para o seu controlo.

As inscrições em ambas são gratuitas, mas obrigatórias.

Mais informações disponíveis aqui.

Oferta | Serviço Educativo da SMS | a partir de 19 de junho

Informamos que a partir do dia 19 de junho, o Serviço Educativo da SMS terá disponíveis diversas atividades orientadas para os mais novos, desde oficinas, jogos e visitas guiadas.

Poderão efetuar inscrição nas seguintes atividades:

- Oficina de gravura (Museu Arqueológico, no centro de Guimarães);

- Oficina de papel (Casa Castreja, na Citânia de Briteiros);

- Oficina de papel (Casa de Pousada, na Casa de Pousada em Azurém);

- Jogos no Claustro (Museu Arqueológico, no centro de Guimarães).

As oficinas têm uma lotação máxima recomendada de 15 alunos por sessão e um custo de 2€ por aluno. As idades mínimas de participação podem variar entre os 5 e os 10 anos, sendo indicadas para alunos do 1º e 2º ciclo de escolaridade, exceto a oficina de gravura que é indicada também para o 3º ciclo e o ensino secundário.

O número de vagas é limitado e sujeito a inscrição prévia, sendo obrigatório o preenchimento de um formulário de identificação e de autorização do encarregado de educação.

Os alunos premiados dos concursos da 9|Revista de Guimarães Júnior poderão usufruir dos vouchers de oferta para oficinas.

Exposição | As nossas gravuras | MULHERES - de 18 maio a 16 julho na Sociedade Martins Sarmento

A Sociedade Martins Sarmento possui uma importante coleção de gravuras, cujo núcleo central integrava o legado de Francisco Martins Sarmento a esta instituição. Trata-se de uma série de mais de 1600 estampas dos séculos XVII-XIX, em cobre, madeira e aço (retratos, alegorias, portadas, brasões, registos de santos), impressas em papel e em pergaminho, que o arqueólogo adquiriu ao musicólogo e historiador de arte Joaquim de Vasconcelos em 1898. Esta coleção vem sendo ampliada desde então com novas doações, possuindo hoje em dia quase o dobro dos exemplares.

A coleção de gravuras foi organizada e catalogada a partir de 1925 por António Tibúrcio de Vasconcelos, que publicou na Revista de Guimarães o resultado do seu trabalho, numa série de artigos intitulados «Colecção de estampas e índices de gravadores”. Posteriormente foi objeto de tratamento e catalogação a expensas da Fundação Calouste Gulbenkian em 1986.

O tema desta exposição é as “MULHERES”, da nobreza às artes, retrata um conjunto de rainhas, portuguesas e estrangeiras, mas também mulheres ligadas às artes, nomeadamente ao teatro, à ópera e à literatura dos séc. XI, XVI, XVIII e XIX.

As gravuras identificadas nesta exposição são: D. Teresa, Elizabeth I, Joana Gray, Maria de Médicis, Maria Teresa Da Áustria, D. Maria I, Isabel de Bragança, D. Maria da Glória, D. Adelaide Sofia, D. Estefânia, Rainha Maria Pia, Angélica Catalani, Antónia Gertrudes Pusich, Emília das Neves, Marietta Gresti, Maria Rattazzi e Manuela Lopes Rey.

Fazem ainda parte desta mostra, duas vitrinas com alguns livros e gravuras, pertencentes às coleções da Sociedade.

Dia Internacional dos Museus | Noite Europeia dos Museus

No dia 18 de maio comemora-se o Dia Internacional dos Museus. O tema proposto para este ano é “Museus, Sustentabilidade e Bem-Estar”, procurando destacar o importante contributo dos museus para o bem-estar e o desenvolvimento sustentável das comunidades.

A Sociedade Martins Sarmento assinala este dia com uma visita guiada ao Museu Arqueológico da Sociedade, na Rua Paio Galvão, pelas 15h00. A visita é gratuita e será uma oportunidade para conhecer as valiosas coleções preservadas neste museu.

A propósito desta comemoração, a Sociedade Martins Sarmento realiza no próximo sábado, dia 20 de maio, às 15h00, uma visita guiada à Casa de Pousada, em Azurém. Atendendo às características do espaço, as visitas têm uma lotação limitada, pelo que os interessados deverão inscrever-se através do e-mail sms@msarmento.org ou do telefone 253415969.

No mesmo dia, pelas 21h00, assinalamos a Noite Europeia dos Museus, com uma visita comentada ao Espólio Romano da Cidade de Guimarães: Dedicatórias a Hércules e às Ninfas, orientada pelo arqueólogo Gonçalo Cruz.

Ainda no dia 20 de Maio, irá realizar-se, na Citânia de Briteiros, o já anunciado workshop de Astrofotografia, por Miguel Ventura, para cuja participação se requer inscrição prévia para o endereço hello@countingstars.pt.

Concurso de fotografia "Guimarães: Expedição Fotográfica" | Prémio Martins Sarmento | 4ª edição

 

A Sociedade Martins Sarmento vai lançar a 4ª Edição do concurso/exposição de fotografia "GUIMARÃES: EXPEDIÇÃO FOTOGRÁFICA" | Prémio Martins Sarmento, uma iniciativa em colaboração com o Cineclube de Guimarães – Secção de Fotografia, contando com os apoios do Centro Português de Fotografia, Fotografia Portugal, Raiz Carisma, RUM - Rádio Universitária do Minho, Olhares - fotografia online e Dreambooks. 

Esta iniciativa pretende estimular novas visões e revelações sobre Guimarães, cidade e concelho, sob variadas perspetivas, sem quaisquer limitações quanto ao objeto, e permitir a recolha e divulgação de um amplo e atualizado espólio fotográfico. Será uma vez mais uma oportunidade de homenagear Francisco Martins Sarmento (1833-1899) como pioneiro da fotografia. 

Destina-se a fotógrafos amadores e profissionais de todas as nacionalidades, com mais de 16 anos, a título individual.

Inscrição gratuita

Candidaturas até 31 de outubro de 2023

O dossier de candidatura deve ser enviado por correio eletrónico (via WeTransfer ou similares, caso se justifique), correio normal registado até 31 de outubro de 2023 (23h59 por email ou data carimbo do correio) ou presencialmente, para a seguinte morada:

Sociedade Martins Sarmento

4º Edição “Guimarães – Expedição fotográfica”

Rua Paio Galvão

4814 – 509 Guimarães – Portugal

[Horário: terça a domingo 10h00 - 12h30 | 14h30 - 17h30] 

Ou para o seguinte correio eletrónico:

guimaraes.expedicao.fotografica@msarmento.org com o assunto Candidatura ao concurso 4º Edição “Guimarães – Expedição fotográfica”.

PRÉMIOS

1º Prémio: Troféu + 1.000,00€ + conjunto de publicações + 1 Álbum Impresso

2º Prémio: Troféu + 500,00€ + conjunto de publicações + 1 Álbum Impresso

3º Prémio: Troféu + 250,00€ + conjunto de publicações + 1 Álbum Impresso

Menção Honrosa: De todos os candidatos participantes, a Secção de Fotografia do Cineclube de Guimarães seleciona um trabalho ao qual será atribuído um prémio especial + 1 Álbum Impresso

Cada participante terá direito para além do diploma de participação, a um voucher de 30% de desconto em todo site Dreambooks exceto packs de fotos e ecotelas económicas. Oferta válida para uma encomenda, não acumulável com outras campanhas/vouchers em vigor.

 

O Regulamento do Concurso e outras Informações podem ser consultados em www.msarmento.org, http://pedraformosa.blogspot.pt, https://www.facebook.com/sociedade.martinssarmento ou ainda, diretamente, nos serviços da Sociedade Martins Sarmento. 

Faça aqui o download direto dos documentos (formato PDF)

regulamento

Formulário de inscrição

autorização parental (para menores)

Exposição GREENHOUSE II de Isabel Garcia | 12 Maio | 18h00 | Galeria de Exposições SMS

 

Preocupações (de uma semeadora)

a pensar no tempo por vir

 

Desde os anos 80 e 90, em exposições recentes como "Matriz" (Galeria Serpente, 2019), "Seed" (Galeria Arte Periférica, 2020) ou "Seedland" (Laboratório do Museu de História Natural, 2021), que Isabel Garcia aprofunda coerentemente linhas de pesquisa que exploram diversas linguagens e ideias interligadas que interrogam os princípios geradores da vida, senão mesmo o habitar do mundo contemporâneo nas suas várias dimensões sociais e políticas. Estas linhas de investigação que descrevi não são separáveis dos materiais e médiuns artísticos, pois a artista vem alargando, cada vez mais os seus interesses a outros campos como o vídeo, a fotografia ou os livros de artista.

Uma das principais preocupações da sua pesquisa é a ideia de "matriz", mobilizadora do seu processo e prática artística, princípio esse que associa às tensões da vida do mundo humano, animal e vegetal, explorando-as através de oposições ou complementaridades entre conteúdo e forma, o dentro e o fora, o natural e o artificial, o orgânico e o inorgânico. Com efeito, os seus pequenos objectos-esculturas em bronze, polidos, patinados ou pintados de intenso pigmento azul ultramarino, depois de cortados e separados em partes, ou em fatias (como os pães), vêm a servir de diálogo entre médiuns cujas formas obtidas, desdobrando-se ou multiplicando-se, se configuram em novas sementes de desenhos-frottages. Em grafite ou carvão e mesmo em aguarelas, eles evocam e representam sementes, raízes, ambientes líquidos, abrigos ou habitações.

Porém, o que interessa assinalar nestes trabalhos actuais de colunas de água, tornados e tufões que arrastam sementes com matrizes "caídas do céu" espalhadas pelo chão, são como já acima referi, os seus significados impregnados por preocupações existenciais contemporâneas. Neste sentido, a artista volta de novo à referência das «green houses" que já imaginara na Bienal de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha (1993).

A "green house" encenada no espaço da galeria é uma estrutura que permite repensar a protecção de seres vivos como sementes e plantas. Interessante é lembrar, por isso mesmo, a história do seu uso na Europa desde o século XVII e da sua evolução. Elas deram origem à arte e à ciência da jardinagem a qual, enquanto prática, aponta para uma adaptação às condições locais de modo a ajudar, entre outras coisas, à multiplicação de sementes e de plantas.

É com base nestas ideias que me parece que Isabel Garcia privilegia um tempo por vir ou a ideia de invenção de uma outra realidade, talvez utópica, mas indicando o futuro no contemporâneo. Isto é, ao evocar o caos primordial - o dos desastres naturais que hoje nos assolam-, a artista parece dizer-nos que eles só podem ser vencidos se criarmos arquivos de sementes, a salvo de violências e destruições. São essas "green houses" que urge potenciar. Em suma, locais onde poderemos guardar patrimónios vivos criadores de vida.

 

FILOMENA SERRA, 29 DE MARÇO DE 2022

ISABEL GARCIA

Isabel Garcia nasceu na Figueira da Foz, licenciou-se em Pintura na ESBAL, vive e trabalha em Lisboa e Alcobaça.

Em 1985 foi subsidiada pela F. C. Gulbenkian para investigar a interligação de diversos materiais como o ferro, vidro e aço polido.

Começou por se dedicar à interpretação dos fenómenos atmosféricos e telúricos de um ponto de vista poético-mitológico, recorrendo a duas linguagens de expressão.

Por um lado, através da escultura, onde explora o reflexo e multiplicação de imagens através da utilização do aço polido em chapa ou em tubo, em associação com o espelho. Esta tem sido uma das vertentes do seu trabalho desde os finais dos anos 80, na recriação de um universo onde o macrocosmo e o microcosmo se interpenetram.

Por outro lado, através do desenho sobre superfícies translúcidas a que chamou skins, e que surgem em 2004, associadas a frottage sobre papel de arroz, que decalca repetidamente de uma matriz. A matriz resultante do corte feito sobre esculturas em bronze, tem sido um dos instrumentos de registo sobre papel, resultando numa série de exposições de que fazem parte "Matriz", "Seedland" e "Greenhouse/Semear".

A instalação e o vídeo, têm feito parte das suas intervenções em espaços institucionais, como "Mesas Postas" na cozinha do Mosteiro de Alcobaça, "Rosa Rosae" no Claustro do Museu Alberto Sampaio em Guimarães, "Love Affair" no Convento dos Capuchos, promovida pela Casa da Cerca de Almada, "Tormenta" na Ala Sul do Mosteiro de Alcobaça e "Seedland" no Museu Nacional de História Natural e da Ciência.

Expõe regularmente desde 1981 em Galerias de Arte e Espaços Institucionais.

Participou e inúmeras exposições colectivas em Portugal e no estrangeiro.