Efemérides vimaranenses: 1 de Outubro

A estrada de Braga, à esquerda.

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1449 — Carta de El-rei D. Afonso V, em Santarém, pela que faz mercê ao Prior e Cabido da "nossa" igreja de Sta. Maria de Guimarães confirmar-lhes todas as graças, foros e privilégios. T. do T., Lº 4º Além Douro, fl. 193 vº.

1568 — Branca Gonçalves, solteira, filha de João Afonso, falecido, morador que foi na freguesia de Esporões, deu quitação na nota de Manuel Gonçalves ao cónego António Homem, da sua honra e virgindade, de que havia demanda perante o D. Prior, dando ela também perdão para não seguir tal demanda.

1633 — Na nota do tabelião José de Faria fez-se escritura da transacção e composição em que Francisca Brandão contrata com o Cabido, deste lhe dar 600$000 réis e ela desistir de se habilitar, como filha natural do presbítero Agostinho Brandão ex-subchantre da Colegiada, falecido há pouco no Brasil, à herança que ele deixou à Colegiada, e se a herança chegasse a 8 mil cruzados o Cabido lhe daria mais cem mil réis.

1841 — Neste dia e nos 2 seguintes houveram Preces na igreja da Colegiada e nas de todos os conventos de freiras, para Deus N. Senhor dar sol; tendo caído muito vinho por causa dos grandes ventos. P. L.

1865 — Seria neste dia a abertura da estrada de Braga a Guimarães.

1880 — São as ruínas da Citânia visitadas por alguns sábios estrangeiros, que tinham vindo celebrar o congresso antropológico em Lisboa inaugurado a 20 de Setembro, para examinar os tabalhos arqueológicos do dr. Sarmento. Foram 29 ficou em Braga acomodado. O dr. Pereira Caldas enganou-se, dizendo que esta visita foi a 30 Setembro.

1892 — Foram apeados os 3 sinos da torre de S. Sebastião que ia ser demolida, e no dia 3 foi principiado o levantamento das ossadas existentes no adro da mesma e conduzidas para o cemitério da Atouguia. Neste dia era sábado.

1905 — Portaria alterando os prazos para a conclusão dos estudos e da construção dos caminhos de ferro de Braga a Guimarães, Braga a Monção, e Viana à Ponte da Barca, ordenando que tais prazos sejam contados de 3 de Agosto deste ano.

1938 — Ao meio-dia foi conduzida para o Museu Municipal a tampa tumular de pedra tumular, com a efígie gravada nela duquesa de Bragança, cujo túmulo estava atrás do retábulo da igreja de S. Francisco.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (242) Ex-voto de Nossa Senhora da Glória

Ex-voto: quadro de milagre da Nossa Senhora da Glória, datado de 1844, da freguesia da Caniçada.

Efemérides vimaranenses: 30 de Setembro

A igreja do Campo da Feira na década de 1860

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1608 — Foi publicada na praça desta vila a Lei de 24 de Maio de 1608, respeitante a gados e bestas achados em lugares vedados.

1632 — A requerimento de Jorge Martins de S. Paio procurador do concelho e dos dois misteres da mesa, Bartolomeu da Costa e Pêro Francisco, a Câmara delibera que o seu síndico requeira vista das provisões régias que as freiras de Santa Clara haviam impetrado para meter dentro do seu convento um caminho público que detrás do mesmo ia para o Salvador (Cano) e outras partes, no qual estavam as caixas da água que vinha da serra para abastecimento da vila, a qual obra andavam fazendo, e corresse com a causa à custa dos bens do concelho.

1792 — Aviso do ministro do reino, José de Seabra da Silva, dado no palácio de Queluz, referente à representação que o D. Prior de Guimarães fez à Rainha, sobre ter-se procurado perturbar a eleição da mesa da real irmandade de Nossa Senhora da Oliveira que devia ser feita na tarde do dia 14 de Agosto ultimo, mandando em nome de S. Majestade ao mesmo D. Prior que ordenasse ao cónego Plácido António de Carvalho Correia, que, fazia suas vezes e presidia na dita eleição, fizesse convocar a mesa que actualmente servia e a dita irmandade, para que logo procedesse à eleição de eleitores que houvessem de eleger oficiais para servirem na mesa, não se admitindo nem aprovando, para o lugar dos dois primeiros mordomos seculares outras Pessoas que não fossem as havidas e reputadas na vila pelas da primeira nobreza e distinção como recomendava o seu compromisso. “E da parte de S. M. se estranharia ao secretário o meio prebendado cura António José de Abreu Rocha o repreensível esforço com que coligado com seu irmão e companheiro o outro meio prebendado cura José Joaquim de Abreu, tem procurado escandalosamente subornar e iludir os vogais da dita eleição”.

1798 — O D. Prior de Guimarães, D. Luiz de Saldanha e Oliveira, acedendo ao convite que lhe haviam feito os frades da Costa, foi celebrar-lhes a missa do seu Santo patriarca, oficiada pelos melhores mestres de música, e tomar parte no abundante jantar “pelas variedades de diferentes manjares.

1848 — “Foram os ladrões (de noite) à sacristia da igreja do Campo da Feira desta vila, e roubaram alguns objectos de prata como cálices e mais um baú que lá tinha a guardar um padre. Os ladrões entraram pelo telhado.” P.L.

1851 — Esteve em Guimarães o Governador Civil do distrito, acompanhado do seu secretario Jacome e do seu conselheiro predilecto Alves Vicente, e na noite deste dia “na Hospedaria de Amizade onde S. Exma. se hospedou: houve reunião dos democratas mais exaltados da vila e concelho”, onde trataram de eleições, decidindo empregarem todos os meios possíveis para vencerem neste círculo a eleição de deputados. O administrador do concelho também assistiu à reunião, e parece que declarou que, em vista de Sua Exa. se desviar do programa do Saldanha, não o coadjuvava e ao mesmo tempo pedira licença de 2 meses. Assistiram o Nicolau de Arrochela, Visconde de Azenha, Barão do Almargem, José Fortunato, José Joaquim do Reboto, José Inácio e o cirurgião Rabiços. O administrador António Alves Carneiro foi suprido pelo administrador substituto Manuel Bernardino de Araújo Abreu.

1863 — Ás 11 horas da manhã, a expensas da câmara e do cabido, celebrou-se na colegiada um solene Te-Deum a instrumental, pelo nascimento do príncipe real D. Carlos.

1864 — A Câmara representa a El-Rei para que a estrada desta cidade ao Porto por Santo Tirso seja entregue à direcção das Obras Publicas e a despesa a fazer com ela por conta do Estado.

1877 — Dá o seu 1º espectáculo no Teatro de D. Afonso Henriques uma companhia de zarzuela.

1932 — Na noite de hoje para amanhã foram atrasados os relógios.

1935 — Encerrou-se, para obras a igreja Colegiada; a imagem de Nossa Senhora da Oliveira colocaram-na no altar lateral da parte do evangelho da igreja do Carmo.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (241) Padre Manuel Bernardes

Padre Manuel Bernardes. Gravura de Hieronimus Ross, 1710.

Efemérides vimaranenses: 29 de Setembro

A viela da Arrochela, desenho de António-Lino

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1463? — Criação do titulo de Conde de Guimarães para os monarcas reinantes. Este título havia sido dado, por mercê de el-Rei D. Afonso V, no ano de 1461? ao filho do duque de Bragança D. Fernando, 1º do nome, por ter ido a Africa com 200 cavalos e 1000 infantes, à sua custa.

1483 — O cabido de Guimarães fez transacção com os moradores de São João de Ponte de lhes dar 2 almudes de vinho para a fogueira do natal e eles de malharem, 1 dia, as messes e trigos dos dízimos da freguesia que eram do Cabido. (Arch. da Col., Lº dos Contr. fl. 139).

1559 — Com notável solenidade é lançada a 1ª pedra do convento de Santa Clara, assistindo o cabido e ordens religiosas.

1795 — A irmandade da Misericórdia reuniu em assembleia geral para deliberar sobre o que conviria fazer para impedir a construção das casas da rua de Arrochela, com frente para o Toural lado nascente, por subirem muito acima do muro da vila, o que não só tornava escuras as enfermarias do seu hospital, mas tirava-lhe o ar puro. Decidiu que por todos os meios judiciais e outros quaisquer, fossem impedidas tais construções, e nomeou para isso os irmãos Paulo Joaquim Branco de Carvalho e José António de Carvalhais Mascarenhas, dando-lhes procurações, dinheiro preciso e o servo da Casa às suas ordens, que nesse tempo servia de solicitador da mesma.

1839 — A mesa da Misericórdia delibera, que os clínicos façam duas visitas diárias aos doentes do hospital, de manhã e de tarde, porque assim se praticava nos hospitais das terras mais ilustradas.

1841 — À noite foi arrombada a Capela do Campo Santo desta vila, e os ladrões se contentavam a pouca cera que nela existia, que era a única causa que eles podiam roubar. PL.

1892 — A comissão municipal, delibera: que de ora em diante a rua de Santa Rosa de Lima, e antes rua Travessa das Oliveiras, passa a denominar-se de S. Sebastião; a de S. Sebastião, antes Trás-os-Oleiros, seja travessa de Camões, e o largo de S. Sebastião junto à praça de D. Afonso Henriques tenha também esta denominação; que por causa das obras a efectuar com a demolição da igreja de S. Sebastião, os actuais mercados de cereais que aos sábados se efectuavam no largo de S. Sebastião e no campo do Toural passassem interinamente para a praça de D. Afonso Henriques, estabelecendo-se um e outro mercado nas extremidades da dita praça; e que para a invasão do povo até próximo das grades que circuitam a estatua ali levantada, fossem nos dias de mercado colocados postes a 3 metros de distancia das referidas grades, passando-se por estes postos um arame. – Foram arrematados, em carta fechada, por Manuel Pinheiro Caldas Guimarães, os seguintes objectos de madeira da igreja de S. Sebastião: altar de S. José, por 70$200 réis; púlpito, por 4$050 réis; grade do coro, por 5$050 réis; e grade da capela mor, por 6$100 réis.

1901 — Vieram em excursão a esta cidade operários do Porto e Braga. Os operários socialistas de Guimarães tem uma folha aos operários Bracarenses publicaram, número único “Fraternidade Operaria” dedicado aos excursionistas portuenses; todo em papel vermelho.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (240) Cabra de Angola

Cabeça de cabra esculpida em madeira, por um Indígena Angolano da Vila de Serpa Pinto (Alto Cubango).

Efemérides vimaranenses: 28 de Setembro

Visita à Citânia de Briteiros na década de 1930

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1747 — Bento Lopes, homem pobre, armador, morador na rua de Santa Luzia, freguesia de São Paio, requereu ao Arcebispo D. José, que residia em Guimarães, e expôs-lhe: que lhe morreu a mulher de parto e juntamente o menino recém-nascido lá baptizado a qual estava na tumba com o filho nos braços e, estando reunidas as comunidades e a Misericórdia para lhes fazerem o enterro, a Coraria, que também ai estava, requisitava ou lhe desse esmola dobrada, ou lhe tirassem o menino e fizessem novo enterro, isto por ódio e vingança a ele requerente por demandas que há tido com ela Coraria. O Arcebispo despachou: “Sejam conduzidos os cadáveres na mesma tumba e pague-se só um acompanhamento que o mais é espécie de ambição e impróprio dos eclesiásticos”.

1828 — A festa do Santíssimo Sacramento em Creixomil que neste dia se celebrou foi pomposa, saindo de tarde a procissão, que já há anos que a não tinha havido. PL.

1833 — O corregedor interino ordena que as corporações da vila e comarca, e pessoas particulares dêem roupa; capotes, calças, mantas, etc., para o exercito realista, indicando a cada um o que devia dar. Com o mesmo fim também escreve aos mesmos o governador militar Gaspar Leite de Azevedo, da casa do Cano. – PL. – O Cabido fez o donativo de 50$000 réis para capotes e calças.

1844 — Teve lugar a primeira arrematação para a iluminação da vila a azeite, sendo arrematante João Luís Pipa, negociante em Braga, que se comprometeu a acender cada lampião por 74 reis e 3 oitavos, durante 3 meses; ou 63 reis por cada lampião em cada noite, se a iluminação for todo o ano. – Vid. 15-XII-1844 -

1845 — Saiu o Senhor dos Passos, do Campo da Feira em procissão, para Deus Nosso Senhor dar bom tempo, já há 3 dias havia sol, para se poder apurar e fazer as colheitas. Acompanhava bastante povo. PL.

1863 — - 2.ª feira – Às 9 e meia horas da noite, foi anunciado por 3 girândolas de foguetes lançadas no Toural o nascimento do príncipe real, D. Carlos, tocando ao mesmo tempo repiques de sinos em todas as torres e percorrendo as ruas da cidade uma banda de música. Nos 3 dias seguintes houve as demonstrações do costume, repiques, foguetes, iluminação, produzindo belo efeito a dos paços municipais.

1884 — Às 7 horas da manhã, sai do largo de São Francisco, acompanhada de uma banda de música e ao estrondar de foguetes, uma carga de pedra aparelhada para o pedestal da estátua de Pio IX, conduzida em 60 carros adornados de bandeiras e puxados por 150 juntas de bois, chegando às 11 horas à Penha, queimando-se ai nessa ocasião bastante fogo do ar e morteiros. Foi aparelhada no terreiro interior do convento de São Francisco.

1890 — A classe dos fabricantes de calçado, obra de feira, vai a sua rusga à romaria de São Mateus, a Gonça, (como iam lá há muitos anos), sendo esperados à entrada da romaria por numerosos caceteiros que os puseram em debandada, ferindo-os e rasgando-lhes os factos exóticos que levavam. Não voltaram mais em ano algum à romaria.

1930 — -Domingo- Visitaram Guimarães e a Citânia de Briteiros os membros do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia; foram muito bem recebidos pela cidade e obsequiados pela Sociedade Martins Sarmento.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (239) Trísceles de Briteiros

Elemento pertencente a uma série, muito importante, de exemplares provenientes das escavações realizadas por Martins Sarmento na Citânia de Briteiros, constituída por 10 suásticas insculpidas em granito e um signo cruciforme inscrito numa circunferência.

Efemérides vimaranenses: 27 de Setembro

Elementos arquitectónicos recolhidos por Martins Sarmento no Castro de Sabroso (fotografia de F. M. Sarmento).

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1597 — Na Inquisição de Lisboa apresentou-se Nuno Alvares, Cristão velho, de Guimarães, tratante de pano de linho, que pousava na rua da Rosa, defronte de D. Francisco de Almeida para confessar, tendo encontrado um papel com heresias o não foi logo entregar aí.

1824 — Portaria regia, expedida pelo desembargo do paço, mandando a José Teles da Silva, D. Prior de Guimarães e aos mais censores régios, que revejam os folhetos que contiverem menos de 3 folhas de impressão, os anúncios e as peças de teatro que se houverem de imprimir, a fim de que, ocupados especialmente neste serviço, expressam os ditos papéis com a maior brevidade possível.

1846 — “Pelas 3 horas da manhã foi uma grande escolta de caçadores 7 à freguesia de Santa Eulália de Fermentões, subúrbios desta vila, para prender o Padre José da Lage, (o comandante da gente armada naqueles sítios, na revolta do Minho) e tendo dado uma busca exacta não o encontraram; pois já na véspera de tarde lhe tinham dado parte. A ordem veio do governador civil de Braga ao administrador do concelho desta vila, o qual mandou a escolta e mais um empregado fazer esta diligencia. Os realistas davam um cabação por este procedimento; pois este e outros tinham feito com que os setembristas subissem ao poleiro. Este estratagema foi para ver se ele trabalhava nas eleições.” PL. O Padre José da Lage era Padre José Soares Leite.

1877 — Edital porque “A Câmara Municipal d’ste concelho de Guimarães: Faz saber que o Ex.mo Senhor Francisco Martins Sarmento desta cidade lhe representou que tendo feito na Citânia algumas explorações arqueológicas, que esta Câmara louvou considerando-as, com os entendidos, como bons materiais para o conhecimento da nossa história antiga e havendo no monte de Sabroso, parte do qual pertence à freguesia de S. Lourenço de Sande e parte à de S. Cláudio do Barco, outras ruínas talvez contemporâneas das da Citânia e que podem fornecer novos subsídios para o estudo das nossas antiguidades, pede a permissão de fazer naquele local algumas escavações, ficando as construções que se descobrirem propriedade do município e do suplicante somente os objectos que precisem de ser guardados, tais como pedras ornamentadas, fragmentos de cerâmica, de cobre, etc.,: que, como tendo um não pequeno valor arqueológico, podem considerar-se também alguns penedos, onde estão gravados desenhos arcaicos, pede também que esta Câmara proíba que tais penedos sejam quebrados, consentindo que o Suplicante os marque com uma cruz para que todos os possam distinguir: que no caso de serem favoravelmente atendidos estes pedidos, o Suplicante lembra a necessidade de fazer constar nas freguesias já nomeadas a permissão das escavações e a proibição da quebra dos penedos que se marcarem, bem como a pena respectiva ao dano que qualquer possa causar às construções que forem descobertas. E considerando a Câmara que a pretensão do Suplicante é muito justa e louvável, deliberou em sessão de 26 do corrente mês deferir o pedido. E para todos os efeitos legais se passa o presente. Guimarães e secretaria da Câmara 27 de Setembro de 1877. E eu António José da Silva Basto, escrivão da Câmara, o escrevi. O Presidente da Câmara José Leite Pereira da Costa Bernardes.”

1882 — Em sessão de câmara estando presentes, por terem sido convidados a comparecer Manuel Ribeiro de Faria, João Dias de Castro e João Pereira Guimarães (tinham estado no Brasil) para uma conferência sobre os preliminares para se levar a efeito o levantamento de um monumento a D. Afonso Henriques, foi resolvido que para tal fim no dia 31 de Outubro houvesse uma reunião convidando-se para ela varias pessoas cujos nomes oportunamente seriam indicados.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (238) Cabra-cega

Gravura a água-forte, do séc. XVIII. Inscrição: Alegres como estes são / contigo jogar quizera / E a tocar-te o coração, / Cabra cega me fizera.

Efemérides vimaranenses: 26 de Setembro

D. José, Príncipe do Brasil

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1541 — O cónego e (D.) Prior, Gomes Afonso, disse ao Cabido que el-rei o ocupava na Inquisição, e por isso pedia o contassem na prebenda em que não podia estar presente: deferiram-lhe, enquanto tivesse a dita ocupação.

1771 — Tendo a abadessa Paula Maria do Nascimento e as mais freiras de Santa Clara requerido ao Arcebispo, expondo-lhe que se viam oprimidas com escrúpulos por conta do decreto dele Arcebispo, de 24 de Setembro de 1768, por lhe ser dificultoso observar à risca o deixarem de fazer doces de forno com os aparelhos que de fora lhe mandavam os seus parentes e pessoas a que licitamente deviam obrigações, como também por causa das frutas serôdias, dispensar-lhe até aos Santos o preceito que lhes tinha posto desde o dia de Santa Teresa até aos Reis, pelos incómodos que nisto tinham: é lhes concedida a licença pedida até ao dia de Todos os Santos exclusive.

1788 — Neste dia e no seguinte celebram-se na Colegiada, a expensas do D. Prior e Cabido, solenes exéquias sufragando o Príncipe do Brasil D. José. Foi orador frei José de Santa Doroteia, monge da Costa sendo mais tarde ai D. Abade e despendeu-se com as exéquias 325$320 reis, quantia esta que foi paga por ambas as mesas prioral e capitular.

1840 — Na freguesia de Santa Cristina de Longos, do concelho de Guimarães, nasceu Manuel Joaquim Gomes, a quem Braga é devedora de grande parte dos seus melhoramentos, tais como: o elevador e hotéis do Bom Jesus, etc. Morreu tuberculoso em Davos-Platz, na Suiça, onde estava em tratamento nos últimos dias de Setembro de 1894.

1875 — Saiu da igreja de São Francisco, onde estava desde 10 deste mês, em procissão solene pelas ruas da cidade e recolheu à sua igreja da Costa o Bom Jesus e aí teve Te-Deum Laudamus em acção de oração porque há dias tinha chovido abundantemente; quando principiou a chuva tocaram repiques na Costa. Ontem à noite iluminaram a frente da Costa e houve ali fogo e música.

1908 — Por escritura, lavrada pelo notário Dr. António José da Silva Basto Júnior, a Companhia da Luz Eléctrica de Guimarães, representada por Albert Cambers Hendall, cônsul do Chile, no Porto, trespassou a Bernardino Jordão a concessão do fornecimento exclusiva para a iluminação pública e particular desta cidade por meio de luz eléctrica, compreendendo-se na venda o edifício da Fábrica da Luz Eléctrica, a sede de distribuição, as instalações feitas na via pública, os maquinismos e todos os acessórios de que a mesma Fábrica se compunha.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (237) Ex-voto dedicado a Santa Ana

Ex-voto: pintura datada de 1798, dedicada a Santa Ana.

Efemérides vimaranenses: 25 de Setembro

O Convento da Costa, no início do séc. XX

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1643 — Sendo chamado à Câmara o sargento-mor e vindo “foi mandado assentar em um banco de espaldar em que se assentava a nobreza e em que ele se tinha assentado por muitas vezes; não quis, exigindo cadeira de espaldar dizendo que se lhe devia como sargento-mor. Não lhe foi dada e ficou de pé. Perguntando-se-lhe por que ordem mandava ir a gente da governança para Salvaterra, respondeu que nada tinha a dizer porque a Câmara não era seu superior e retirou-se.” Foi mandado notificar o sargento-mor para não cumprir ordem alguma sem se apresentar em Câmara.

1720 — Carta do Provedor-mor da saúde participando à Câmara haver peste em Marselha para se tomarem as providências para examinar bem os papéis de quem vier de Castela, etc.

1747 — Falece no convento das Capuchas a Soror Apolónia Maria do Santíssimo Sacramento, natural das freguesia dos Gémeos, exemplar modelo de paciência.

1748 — É eleito prior do real Mosteiro da Costa o Padre Frei José de Castro, natural de Lisboa e professo de Belém. Foi este prior quem deu princípio à obra da actual igreja da Costa e dos pátios fronteiros ajustando-a por 15.500 cruzados.

1813 — A Câmara deliberou se consertassem e reparassem as calçadas da vila que estavam inteiramente arruinadas, pondo-se a lanços os mesmos reparos, e, como para isto não havia dinheiros, se vendessem 50 carros de pedra da Torre da Alfândega, que se andava demolindo, e, sendo logo postos em praça, os comprou por 400 réis metal, cada carro de alvenaria da dita torre, ou todos por 20$000 réis, Bernardo Francisco, da rua do Postigo.

1828 — Nasce o vimaranense José Arnaldo Nogueira Molarinho, que foi escultor primoroso em marfim sem nunca ter frequentado estudos, e insigne gravador, que teve a honra de abrir as medalhas comemorativas de quase todas as exposições e centenários.

1867 — A Câmara representa a el-rei, não atenda a consulta da Junta Geral do distrito do Porto, que em virtude da lei de administração civil de 22 de Julho deste ano propôs a anexação da freguesia de Serzedo a Felgueiras e a de Lordelo a Santo Tirso.

1878 — A Câmara confecciona e assina o regulamento para o cemitério municipal, que foi aprovado pela Junta Geral deste distrito em sessão de 11 de Novembro de 1878.

1892 — Ás 5 horas da tarde efectuou-se com solenidade a transferência da sede da paróquia de São Sebastião para a igreja de Santa Rosa, das Dominicas. Iam na procissão as irmandades de Nossa Senhora do Socorro, Senhor Jesus e Amor Divino, a confraria do SS. que levava em andor o Patrono da freguesia e atrás do palio ia a comissão municipal e a junta de paroquia. Na igreja das Dominicas era o préstito esperado pela irmandade de Santo António ali erecta, em grande número de irmãos; colocado o Santíssimo no altar houve Te Deum a orquestra. As restantes irmandades da velha igreja de São Sebastião não acompanharam a procissão, porque já tinham mudado para outras igrejas.

1892 — Aditamento à notícia que está no rosto desta: À saída da procissão estiveram presentes um amanuense e 3 oficiais de diligências da administração do concelho e 5 zeladores (olheiros) municipais, e no quartel militar estavam 390 praças de infantaria 20, de prevenção; tudo isto por receio de que houvesse [tumulto], visto a transferência da paróquia não ser do agrado de todos. À noite os moradores da rua Travessa iluminaram as janelas, ao todo 36 luzes – No dia 26 de manhã 4 pedreiros removeram da igreja de S. Sebastião para a das Dominicas a pia baptismal. No dia 27 às 7 horas saíram daquela igreja para a de S. Dâmaso as imagens de S. José e. Sebastião com as suas alfaias, e no dia 28 celebrou em S. Sebastião a missa última o Padre Jerónimo Almeida “bafarada”.

1902 — A Câmara Municipal aprova por unanimidade a proposta do vereador António da Silva Carvalho Salgado, nomeando uma comissão para a estudar, referente aos melhoramentos de que precisavam as termas das Taipas.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (236) Cabeça de Santa Iria

Cabeça humana esculpida em granito, proveniente do castro de Santa Iria, fronteiro ao vale do rio Ave e a pequena distância a NE da Citânia de Briteiros. Foi encontrada em 1876, e oferecida a M. Sarmento, que projectara, mais tarde, iniciar a exploração daquele castro. Esta escultura tem o mesmo carácter rude e primitivo, das esculturas citanienses. Mede 26 cm. de altura, desde a base do pescoço.

Efemérides vimaranenses: 24 de Setembro

O Convento de Santa Clara, numa fotografia antiga

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1568 — O ex-alcaide desta vila, João Mendes, fez procuração para a demanda de divórcio que trazia com Isabel Gonçalves sua mulher, perante os desembargadores e vigários de Braga, sobre o dito divórcio, alimentos e outras coisas. – Nota de Manuel Gonçalves -

1628 — A mesa da Misericórdia risca de irmãos os vereadores Pedro Machado de Miranda, licenciado Miguel de Morgade, Sebastião Afonso de Carvalho e o mister Francisco Simões, por impetrarem provisão régia que não concedia a terça das imposições para as obras da casa, como há muitos anos lhe era concedida.

1678 — Às 3 horas da manhã falece o cónego tesoureiro-mor Baltasar Dias de Fonseca, natural da vila de Tomar, onde residira algum tempo estando censurado. O Cabido, em 6 de Setembro de 1632 privou-o de voz activa e passiva por ser indigno, em razão de diversos maus procedimentos; levantou-lhe esta pena a 4 de Março de 1633. Sucedeu-lhe o seu coadjutor Nicolau Dias de Matos, cuja posse tomou a 11 de Outubro de 1670

1710 — Nasceu Luís António da Costa Pego de Barbosa. Foi insigne protector da basílica de São Pedro, para cuja igreja conseguiu tal título, e benfeitor do convento das Capuchas e de outras corporações religiosas. Era filho de Francisco da Rosa Veloso e de D. Isabel da Trindade; escreveu diversas místicas obras.

1723 — Carta régia noticiando à Câmara o nascimento dum infante, para que faça os costumados festejos.

1768 — O arcebispo D. Gaspar manda às freiras de Santa Clara que, sob pena de excomunhão, não façam doces de forno para pessoa alguma eclesiástica ou secular, ainda que lhes mandem o necessário para eles, excepto para os pais delas freiras, por motivo de moléstia, uma ou outra vez no ano, em quantidade que se reconheça ser por necessidade para moléstia; e recomenda à abadessa que faça por extinguir, por ser abuso inteiramente ao espírito da vida e observância religiosa, o costume das freiras fazerem doces para vender. Também, sob a dita pena e privação de voz activa e passiva, lhes ordena não seja emprestado para fora objecto algum da igreja ou convento dedicado ao culto divino.

1784 — O arcebispo D. Gaspar faz visitação à paróquia de S. Sebastião na igreja de S. Dâmaso por estar em obras a de São Sebastião. Na carta da visitação, lê-se: - Também chegou à nossa notícia por meio da devassa e por informações particulares, que alguns eclesiásticos davam grande escândalo na vila com o uso de vestidos alheios do seu estado; e assim passeavam nela e iam a várias funções e romarias; porquanto éramos ditos vestidos de cores alegres palhetadas de ouro e prata, e com guarnições indecentes e abotoa dures; de tambaque; e até usavam de gravatas e de golas de renda, e folhos à imitação dos seculares, de sorte que, a não serem conhecidas as suas pessoas, se não distinguiriam no hábito dos ditos seculares: e reconhecendo os mesmos eclesiásticos esta muito repreensível corrupção, nenhum, enquanto estivemos na dita vila, se atreveu a usar de semelhantes vestidos; porém sendo muito para temer que na nossa ausência se renove a dita corrupção e mau exemplo, que tem dado, tão indecoroso ao estado, é necessário aplicar algum remédio.

1814 — Morre em Madrid, onde tinha ido em nome dos Reis de Portugal para felicitar D. Fernando 7.º pela sua restituição ao trono de Espanha, o D. Prior de Guimarães, D. Luís Maria de Saldanha Oliveira e Sousa, filho do morgado de Oliveira, António de Saldanha Oliveira, e de sua mulher D. Constança de Portugal, não chegando a cumprir a missão de que fora encarregado. Foi sepultado no Campo Santo daquela cidade, na paróquia de S. Luís, e às suas exéquias concorreu a maior parte da grandeza daquela corte, concorrendo com o seu funeral o ministro de Portugal, que então era o Morgado de Mateus, D. José Maria de Sousa Botelho.

1845 — Saiu em procissão a Senhora das Dores dos terceiros. Domínicos, para Deus Nosso Senhor dar bom tempo, para se poderem fazer as colheitas, pois já há muito tempo que chovia, estando os renovos muito atrasados. Pelo mesmo tempo se fizeram Preces em quase todas as igrejas da vila pelo mesmo motivo. P.L.

1877 — 2ª feira – Às 7 e meia horas da manhã, no largo de Nossa Senhora da Guia, um criado do estalajadeiro José Miguel, de nome Roque José da Silva, foi rudemente mordido num braço por um gato atacado de hidrofobia. Aos gritos de socorro dados por o ferido, acudiu a gente da casa e os vizinhos, que a custo puderam livrar a vítima do animal. O gato fugiu, e, sendo perseguido de perto, foi morto a tiro pelo merceeiro fronteiro, António Serafim Afonso Barbosa e o ferido foi imediatamente curar-se à botica Martins, nos Trigais, sendo-lhe cauterizadas as feridas. – De manhã no “Hotel de Guimarães”, largo de Nossa Senhora da Oliveira, o hóspede Henrique José da Costa, de 44 anos, casado, mestre-escola, natural de São Pedro de Cerva, de Ribeira de Pena, despenhou-se do 2.º andar do mesmo hotel para a rua, onde ficou em mísero estado. Ungido imediatamente, foi levado em maca para o hospital da Misericórdia, onde morreu à uma e meia hora da tarde deste mesmo dia 24, de contusões fortes e fractura do crânio. Estava alucinado mentalmente, porque na Póvoa de Varzim, donde vinha, quisera por mais de uma vez atirar-se de cima do paredão ao mar, e pelo caminho da Póvoa até aqui muitas vezes dera que fazer aos que o acompanhavam para o segurarem, por querer por força sair do carro e atirar-se entre os cavalos. Aqui, quando foi chamado para almoçar, deixou ir adiante os seus companheiros, e atirou-se da janela abaixo.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (235) Belas-Artes

Alegoria às Belas Artes. Gravura a buril, de autor desconhecido, de finais do séc. XVIII.

Efemérides vimaranenses: 23 de Setembro

S. Domingos de Guimarães

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1531 — A Câmara nomeou escrivão interino o tabelião André Carneiro, enquanto não vinha Manuel da Silva que era esperado; e acordou de ir segunda-feira, ver a Ponte de S. João para se mandar fazer o corta-mar da ponte e darem aos oficiais.

1650 — Foi notificado, por ordem da Câmara, Domingos da Costa, vendeiro da Madroa para não dar jogo em sua casa “por ser prejudicial aos ofícios que iam aí perder suas prendas”.

1812 — Sendo posta a lanços a pedra de perpianho tirada da torre denominada da alfândega, que se andava demolindo, que era incapaz para calçadas por ser muito mole, foi entregue pelo lanço de 775 réis cada carro de 14 palmos a José Antunes Veloso Guimarães, desta vila.

1823 — Ordem régia mandando reintegrar o Doutor Joaquim Navarro de Andrade no ordenado que lhe fora estabelecido na criação do lugar que ocupava de Director Literário da Academia R eal da Marinha e Comércio da Cidade do Porto.

1829 — Foi promovido a capitão da 8ª companhia do distrito de Guimarães, João Baptista de Andrade, alferes da mesma companhia.

1843 — É mudada do convento de S. Francisco para o de S. Domingos, por este pertencer à Câmara, a secretaria da administração do concelho de Guimarães. P.L.

1853 — Lança-se a 1ª para a fundação do novo hospital (2º) para os Terceiros pobres de S. Francisco.

1859 — Na igreja de S. Domingos, a expensas da Câmara, realizaram-se solenes exéquias pela alma da rainha D. Estefânia. Foi orador o vimaranense padre José (Mico) Leite de Faria Sampaio e a música foi da capela de Domingos José de Paiva, de Braga.

1873 — António Faria, filho de Bento de Faria da rua de Couros, foi assassinado em S. Torcato com uma facada que lhe deu o “Chasco” barbeiro.

1876 — A Câmara deliberou criar os precisos bombeiros, com a denominação ou classificação de – auxiliares – e tendo vencimento igual aos outros bombeiros. Mais deliberou que, em virtude do decreto de 22 de Agosto de 1876 que autoriza a Câmara a levantar um empréstimo de 48 contos de réis para os fins nele designados o referido empréstimo se contrate por subscrição pública por meio de acções de 100$000 réis, pedindo-se autorização para levantar a 1ª série de 38:500$000 réis, sendo 28:500$000 réis para pagamento dos saldos dos antecedentes empréstimos; 8:000$000 para as obras do cemitério e 2:000$000 e alguns reditos daqueles 28 para as obras da praça do mercado.

1881 — Ao escurecer apareceu no nosso horizonte um formoso cometa de grande cauda.

1885 — Chegam 6 sinos afinados, para a torre de S. Domingos, fundidos em Braga na fábrica do comendador António Rebelo da Silva, à rua da Ponte. O 1.º tem gravada a imagem de S. Domingos e pesa 970 quilos; o 2.º a de Nossa Senhora do Rosário, 698 quilos; o 3.º a de Nossa Senhora do Terço, 489; o 4.º a de S. Gonçalo, 391; o 5.º a de S. Vicente Ferrer, 274; e o 6.º a de S. Pedro Mártir. Haviam sido examinados por 3 comissionados: o facultativo Joaquim José Gonçalves de Queirós e o Jornalista João Pinto de Queirós, vimaranenses pela Ordem 3.ª e Luís Baptista da Silva, de Braga, pelo proprietário da fábrica, declararam ser preciso limar o 1º até chagar à afinação; não constando que isso fosse executado. O 1º e 6º estão desafinados, mas principalmente o 6º — F.

1892 — Na Câmara foram postos em praça alguns materiais da igreja de S. Sebastião, que foram arrematados por António Ferreira Ramos, a saber: o travejamento do tecto, por 33$000 réis; o soalho do corpo da igreja, por 5$000 réis; o soalho e travejamento do coro, por 13$600 réis. Era bem melhor, por tão pouco, dar-lho.

1900 — Na Penha, em casa do vendeiro Casimiro Urbano, estando a família a rezar por causa da trovoada, entrou uma faísca pelo tecto, partiu uma vidraça abriu dois furos na parede, e foi mergulhar-se numa poça de água, sem mais.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (234) Andilha

Andilha ou «cadeirinha», em madeira decorada com motivo floral, tecido a forrar o assento e quatro tiras de couro, utilizada para transporte de pessoas sentadas no dorso de montadas.

Efemérides vimaranenses: 22 de Setembro

Igreja de S. Miguel do Castelo

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1666 — Ordem do mestre de campo general do exercito, D. Francisco de Azevedo, Viana, ao sargento mor de Guimarães, proibindo que sejam presas irmãs ou parentas dos soldados fugidos que não apareciam, pois as prendiam os oficiais e as conduziam ao exército, o que era escândalo e desserviço de Deus e do Rei.

1676 — O abade de São Miguel do Castelo (Santa Margarida), Francisco de Sousa, dá licença, por escritura feita em casa do abade Jorge de Sampaio Coelho, morador no Arco de São Francisco, exarada na nota do tabelião Nicolau de Abreu, ao dito abade Jorge de Sampaio Coelho, juiz da irmandade de São Pedro e aos mesários dela, a fim de mudar a sede da dita irmandade para a sua igreja, por não poder continuar no claustro da Colegiada.

1773 — Falece em Évora, para onde fora mandado tomar ares, o D. Prior (57º) de Guimarães, D. Domingos de Portugal e Gama; e jaz sepultado na igreja de São Domingos da mesma cidade. Era filho de D. Luís de Portugal e Gama Vasconcelos e Sousa e de sua mulher D. Inácia de Rohan; residiu em Guimarães alguns meses e foi ele quem comprou e morou o campo do Farrapo, que até 10 de Maio de 1879 serviu de cemitério público. Foi monsenhor da patriarcal e conselheiro de sua Majestade.

1800 — Provisão permitindo à extinção de um atravessadouro que devassava a casa das Lameiras, que estava de facto extinto desde 1794, que passava junto à capela.

1865 — Toma posse do cargo de Governo Civil deste distrito o vimaranense Visconde de Pindela.

1884 — A convite da mesa da irmandade do Cordão e Chagas, reúnem-se na sala do despacho da Ordem 3ª de São Francisco alguns indivíduos para tratarem da celebração do 15º centenário de São Dâmaso. O juiz da irmandade depois de expor o motivo da reunião, convida o Visconde de Santa Luzia a tomar a presidência da reunião, o qual de agradecer e formar a mesa, propôs, em vista do pequeno número de indivíduos, que a reunião fosse transferida, o que foi plenamente aprovado, ficando para o dia 1 de Outubro a nova reunião.

1905 — Alvará, publicado no Diário do Governo de 27 deste mês, desanexado administrativamente a freguesia de Calvos da de Gémeos.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (233) Pedra sepulcral

Pedra tumular (medieval?), contendo um baixo-relevo figurando um cavaleiro, armado de lança e um escudo da forma dos escudos normandos.

Efemérides vimaranenses: 21 de Setembro

D. Maria II

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1666 — O notário apostólico, Paulo Gomes, vai por ordem do Cabido sede vacante a casa do doutor Sebastião de Almeida Sequeira, vigário-geral do D. Prior que havia falecido em 7 deste mês, o qual estava doente, notificá-lo, o que fez das escadas, não continuasse a exercer o dito cargo; e, quando se retirava, veio um familiar do dito doutor, chamado Frutuoso, dizer-lhe: “o senhor doutor não se lhe dá de ser vigário geral nem tem dever com o Cabido que todos são uns cães e uns judeus”, a que o notário respondeu, não havia tal e que isso era muita paixão e grande sentimento.

1739 — Carta régia noticiando à Câmara o nascimento duma neta, filha do Príncipe, para mandar fazer os festejos costumados.

1835 — Decreto mandando construir os cemitérios e legislando sobre o uso deles.

1837 — Saiu um luzido Bando da Câmara anunciando o ter dado à luz em 16 deste mês um príncipe (D. Pedro V) a rainha D. Maria II. O Bando era da maneira seguinte: “Adiante de tudo um de azémola com foguetes cobertos com um cobertor de damasco. Logo atrás iam 4 empregados da Câmara a cavalo, de capa e volta, vestidos de grande gala, 2 dos quais levam duas bandeiras. As bandeiras e ornatos dos chapéus eram de cores azul e branco. Seguia-se depois um empregado a cavalo e vestido da mesma maneira, o qual recitava o Bando. Atrás de tudo ia uma banda de música e uma guarda de voluntários comandada pelo tenente Saldanha. Depois de lido o Pregão, dava o Pregoeiro os vivas seguintes: à Santa Religião, à Senhora D. Maria II ao Sr. D. Fernando II, ao Príncipe recém-nascido, e à Constituição da Monarquia. Os vivas eram pouco correspondidos. À noite houve iluminação geral e andou uma banda de música a tocar pelas praças e ruas, acompanhada por meia dúzia de rotos. Este foi o primeiro parto da rainha.” PL.

1865 — Abertura da nova estrada de Braga a Guimarães.

1881 — O Dr. Emílio Hübner, professor distinto da universidade de Berlim, na Alemanha visitou as ruínas arqueológicas da Citânia de Briteiros e da próxima de Sabroso. O monte da Citânia tem de altura métrica 336,57; sendo de 278,36 a do monte Sabroso, que mais baixo embora 58, 21 m – é no entanto mais íngreme que o primeiro em geral. – vide o mais no n.º 31, 30 série, da “Religião e Pátria”.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (232) Fuga para o Egipto

Fuga para o Egipto, em barro policromado e envernizado, pela Olaria Alfacinha (Estremoz).

Efemérides vimaranenses: 20 de Setembro

Pormenor do Museu da Sociedade Martins Sarmento, na década de 1930

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1276 — Reunidos em conclave os cardeais na cidade de Viterbo em 13 deste mês, elegeram e elevaram ao sumo pontificado o bispo de Frascati, D. Pedro Julião, natural de Lisboa e ex-D. Prior de Guimarães, e neste dia o coroaram com o nome de João XXI. Ele morreu a 16 de Maio de 1277, em Viterbo, de desastre; andando a ver o palácio pontifício, que mandara construir, desabou um madeiramento e João XXI, ferido gravemente, morreu seis dias depois.

1540 — Faleceu o duque de Guimarães, D. Duarte, infante, filho e el-rei D. Manuel I e de sua 2.ª mulher, a rainha D. Maria, casado com D. Isabel, filha do duque de Bragança, D. Jaime, e de sua mulher, D. Leonor de Mendonça, filha dos duques de Medina Sidónia.

1590 — As freiras de Santa Clara fazem termo de aceitação da água que a câmara, por acórdão de 15 deste mês e ano, lhe concedeu para uso do convento, e obrigam-se a não se oporem que a câmara lha retire quando queira.

1647 — O convento de Santa Clara recebeu 25$000 réis e obrigou-se a repartir uma broa de pão, semanalmente, aos pobres na portaria do convento, conforme a instituição do padre Jacinto Mendes Furtado.

1768 — Alvará de lei, pelo qual el-rei D. José manda ampliar a lei de 29 de Janeiro de 1739, para que ao cabido de Guimarães se dê o tratamento de senhoria.

1781 — Provisão concedendo privilégio para ampliar com mais 10 teares a fábrica de 5 teares de toalhas adamascadas e festões de algodões e outros que Francisco de Oliveira Ribeiro tinha no Porto. Em 6 de Dezembro de 1785 tinha este uma fábrica da mesma indústria na rua de Santa Luzia em Guimarães.

1836 — Decreto exonerando, a seu pedido, de Procurador-geral da Coroa o conselheiro João Baptista Felgueiras, vimaranense.

1896 — Realizou-se a grande peregrinação à Penha (uma das maiores e melhores), o que não pôde efectuar-se nos dias 8 nem no dia 13 por causa do mau tempo, na qual se incorporou a Câmara Municipal, diversas congregações religiosas (de leigos, sem estatutos aprovados pela autoridade civil) as classes artísticas com as suas bandeiras, e alguns membros da colónia vimaranense residente no Porto, que haviam chegado ontem à noite, esperados na estação do caminho-de-ferro por uma banda de música, muito povo e artistas de costumes, que em marcha aux flambeaux os acompanharam até à cidade levantando entusiásticos vivas. Foram conduzidas as ofertas seguintes: dos artistas de curtumes, um pálio; dos empregados dos cartórios judiciais, uma custódia de prata dourada; dos criados e criadas de servir, uma cruz processional de parta; de Domingos José Leite Mendes =o Rato=, sacristão de São Francisco uma manga para a cruz processional; dos artistas industriais de calçado de feira, 6 lanternas de folha; dos cortadores de carnes verdes, turíbulo e naveta de prata; de Álvaro da Cunha Berrance, um crucifixo com cruz de pau preto e remates de prata lavrada; dos artistas vimaranenses residentes no Porto, um cálice de prata dourada; de António Ribeiro Varandas, uma estola; dos cutileiros da cidade, 30$000 réis; dos cutileiros de Creixomil, 26$290 réis; das doceiras, dois ciriais de pau dourados; dos barbeiros e cortadores de cabelo, 3 alvas de linho; dos alfaiates, uma casula de tela vermelha; das costureiras de D. Ana Lucas, duas opas de seda; de uma anónima, uma toalha para o altar; José Joaquim de Almeida “o Lâmpada”, industrial de Curtumes, dias antes mandou soalhar a gruta-ermida.

1911 — A Direcção Geral dos Negócios Eclesiásticos concede autorização à Sociedade Martins Sarmento para receber, por inventário e a título precário, a fim de expor no seu Museu, todas as alfaias e outros objectos de valor histórico e artístico arrolados e que o Estado confiscara às Congregações religiosas e Igrejas do Concelho de Guimarães.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (231) Alabardas de bronze

Alabardas de Bronze, de Carrapatas, Macedo de Cavaleiros.

Efemérides vimaranenses: 19 de Setembro

Igreja da Oliveira e Padrão (com grades)

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1315 — Por el-rei D. Dinis, foi apresentado no priorado de Santa Maria de Guimarães o Mestre Pedro, clérigo de el-rei.

1731 — Provisão, a requerimento da Câmara expondo ser costume antiquíssimo fazer-se as procissões da Visitação de Santa Isabel, Anjo, Corpo de Deus, São Sebastião, Espírito Santo por voto antigo fazendo um andor de cera que chamam a Candeia que se oferece a Nossa Senhora da Oliveira, aclamação de Dom João IV, memória das vitórias de D. João I, nas quais se gastava 100$000 réis nos anos precedentes, e havendo provisão para gastar 70$000 réis; autoriza a despender nelas 85$000 réis anualmente.

1836 — Saiu por ordem da Câmara um Bando a convidar os habitantes da vila a pôr luminárias na noite deste dia e nas duas seguintes, por haver a Rainha dado a Constituição de 1822. O Bando era composto da maneira seguinte: adiante de tudo ia uma azémola carregada de foguetes cobertos com um cobertor de damasco, logo atrás iam alguns tambores a tocar o toque que se costuma tocar nos bandos, depois seguiam-se dois escreventes da Câmara de capa e volta com chapéus emplumados com plumas azuis e brancas e com laços azuis e brancos, levando cada um deles uma bandeira azul e branca. No meio ia outro escrevente vestido da mesma maneira, o qual recitava pregão. No fim de tudo ia uma banda música a tocar o Hino da Constituição de 1820, e uma escolta de polícia. Os vivas que se deram à Constituição de 20 e à Rainha, não eram correspondidos senão por alguns rotos que acompanhavam o Bando, e nas janelas não se via senão uma ou outra pessoa a dar vivas. À noite, além das luminárias (por pouco tempo) houve repiques de sino e alguns foguetes do ar, mas não se viu outro sinal de regozijo público. P.L.

1861 — Principiou a construir-se o lanço de Paçô a Fafe, da estrada real nº 27.

1863 — Na cidade do Porto realiza-se uma reunião de 50 capitalistas, aproximadamente, para formarem uma companhia que tome o encargo da construção do caminho de ferro do Minho, o qual, segundo o projecto, seguiria do Porto pela Foz, Matosinhos, Leça, Vila do Conde, Póvoa, Famalicão, Braga até Guimarães. O fundo da companhia seria de 2 mil e trezentos contos de réis, quantia esta em que era calculada tal obra, sendo as acções de 50 mil réis.

1887 — Pelas duas horas da manhã chegou a esta cidade, num carro puxado a duas juntas de bois, a estátua de bronze, de el-rei D. Afonso Henriques, ficando de tarde, quase às Ave Marias (Trindades), colocada no pedestal, sem pompa tocando nesta ocasião uma banda de música o hino nacional e subindo ao ar uma girândola de foguetes. Tem de peso 1400 Kg.

1903 —Às 8 horas da manhã faleceu em Braga o científico matemático Dr. José Joaquim da Silva Pereira Caldas, natural de S. Miguel das Caldas de Vizela. Este sábio vimaranense era formado em matemática, filosofia e medicina. Vide a sua biografia e bibliografia no dicionário “Portugal”, vol. 2, pág. 608.

1911 — 3.ª feira – Principiou a demolir-se, por ordem da câmara, o antigo albergue de Nossa Senhora do Serviço, que era administrado pela comunidade da Curaria, tendo já à tempos mudado as albergadas, mulheres pobres e velhas, para o extinto convento de Santa Rosa de Lima, dominicas”.

1913 — Foram retiradas as grades de ferro que circundavam o adro principal e o padrão da igreja Colegiada.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (230) Estela sepulcral dedicada aos deuses Manes

Estela funerária antropomorfa encontrada, em 1885, junto à Igreja do Mosteiro de Cárquere (Resende). Leitura: [D (iis) M(anibus) S(acrum) / F. Ame / na [a(nnorum)] LXI (Consagrada aos deuses Manes. À memória de F. Amena, (falecida) aos 61 anos).

Olhando o Céu sobre a Citânia

Citânia de Briteiros, noite de 16 de Setembro de 2006. Imagens da iniciativa "Estrelas Celtas", promovida pelo Clube de Astronomia da Escola Secundária de Caldas das Taipas, integrada no programa "Ciência Viva - Astronomia no Verão", da Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, com o apoio da Sciedade Martins Sarmento.

Efemérides vimaranenses: 18 de Setembro

O Pontilhão de Caldelas, numa fotografia da década de 1930

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1571 — Tendo a Câmara feito acordo, proibindo que os que vendessem vinho também vendessem azeite juntamente numa casa: Salvador Lopes agravou perante a Alçada enviada às terras desde o Tejo a raia da Galiza. A Câmara diz fazer isto pelo perigo de sujidade que havia e por o povo se queixar e haver idêntica postura nas outras vilas e cidades. Foi dada no Porto, pela Alçada e neste dia 18 de Setembro de 1571 sentença mandando observar a postura em relação ao agravante só findo o ano em que tem a obriga já passada pela Câmara.

1619 — A Câmara atendendo a queixa dos moradores das ruas Sapateira e Nova do Muro, de que tinham dois poços entupidos e muitas pedras das bordas quebradas, ameaçando perigo para as crianças, delibera que sejam tapados de todo.

1658 — Carta do Conde de Castelo Melhor, do Castelo de S. Jorge, solicitando remessa de toda a gente desta vila, assim auxiliares como da ordenança e ainda os clérigos à praça de Vila Nova (?), para resistir ao inimigo que venceu as nossas tropas perto da torre de Nogueira que está no caminho de Vila Nova para o quartel de S. Jorge.

1811 — Em sessão de Câmara, sendo posto a lanços o conserto do pontilhão de Cadelas, conforme os apontamentos dados, foi o menor lanço 6$000 réis oferecido por Baltazar Fontão, mestre pedreiro, de S. Tomé de Caldelas, que se obrigou dá-lo pronto de pedraria e aprontar as cavilhas de ferro precisas para a devida segurança.

1823 — Na idade de 99 anos faleceu um serviçal, preto, de Gaspar Leite, do Cano, chamado Joaquim António. Foi sepultado na igreja dos Capuchos.

1842 — “De madrugada choveu bastante, o que não tinha acontecido já à bastante tempo, sendo este verão muito seco. Os rios levavam tão pouca água que até no rio Ave pouco pão de podia moer, sendo preciso andar atrás dos moleiros muito tempo para aprontar as fornadas. A seca foi tão grande que fez secar muitas árvores”. P.L.

1845 — Neste dia e dois seguintes houveram Preces na Colegiada para Deus Nosso Senhor dar sol; pois já à bastante tempo que haviam continuadas chuvas, estando as colheitas muito atrasadas. P.L.

1846 — “Morreu nesta vila e nas casas das Lamelas, Jerónimo Pacheco, comendador da Ordem de Cristo, natural do Porto, e sobrinho da defunta D. Maria Leonor, que morou no Terreiro de Santa Clara. Poucas horas antes do seu falecimento recebeu uma mulher chamada Teresa, que tinha há anos na sua companhia e com quem tinha tido tratos ilícitos: Foi depositado no dia seguinte, sem pompa alguma, na igreja de S. Francisco e sepultado em um carneiro de uma capela colocada no claustro da mesma igreja, pertencente à família de sua defunta mãe e sua defunta tia D. Maria Leonor, senhora da casa em que morou no Terreiro de Santa Clara, que hoje possui o filho mais velho do João Pacheco já defunto e de D. Margarida Teles. Morreu de 40 e tantos anos de idade”. P.L.

1895 — O escrivão de fazenda da Póvoa de Lanhoso veio fazer entrega dos documentos relativos à freguesia de Garfe, que passara para o concelho de Guimarães.

1898 — A igreja de S. Francisco, onde desde o dia 10 esteve à veneração, foi conduzida processionalmente para a paroquial igreja de S. Torcato, a imagem do Senhor dos Passos, pertencente à confraria do Santíssimo da mesma freguesia.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

Tesouros sarmentinos: (229) Arte rupestre da Citânia

Inscrições da Citânia de Briteiros, recolhidas por Francisco Martins Sarmento. Técnica: desenho sobre cliché fotográfico em vidro.

Efemérides vimaranenses: 17 de Setembro

Pormenor de bica da Fonte Santa ou de S. Gualter (Urgezes, Guimarães).

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1538 — O Arcebispo de Braga, D. Henrique, infante (e depois Rei) de Portugal, faz visitação, a 2ª vez, à Colegiada de Guimarães, e nos capítulos da mesma, que assinou em Braga a 14 de Outubro, dispõe entre outras coisas o seguinte: da muita prata velha que havia, escolheu a que já não podia usar-se no serviço da igreja e que pesava 3 marcos e meio que mandou fundir e aplicar em diversos objectos novos, dos quais um é “uma cruz de folha posta em pau de flor-de-lis com suas rosas e quadrados e Cristo todo de prata e seu pé de castelos de uma lanterna com seu fuste e capitel bem feita que pese a prata até doze marcos para contínuo serviço” e um turíbulo, galhetas e dois castiçais, tudo feito por um oficial que para isso escolhesse o visitador dele arcebispo, e outras peças novas e conserto em algumas existentes seria pelo ourives João Rodrigues.

1570 — Miguel de Sousa, preso em sua casa sobre menagem, passou procuração na nota de Manuel Gonçalves, ao Dr. Pedro de Barros procurador na alçada de El-Rei, de rio Tejo até à raia de Castela e a Galiza, e a seu sobrinho dele constituinte Francisco Barros, para o defenderem nas suas causas.

1590 — Nasce em Aldão o célebre Agostinho Barbosa, que veio a ser Bispo de Ungento em Nápoles.

1729 — Carte régia nomeando monteiro-mor da comarca de Guimarães, vago por desistência de Francisco Machado de Macedo, a Constantino Machado de Macedo, morador na sua quinta da Casa Grande, freguesia de Ribas, termo de Basto; cujo ofício era monteiro-mor de lobos e mais bichos da vila e comarca de Guimarães e mais terras da provedoria de Guimarães.

1799 — Provisão do conselho de guerra autorizando a Câmara de Guimarães, a formar uma companhia de 60 homens com os competentes oficiais, que não estejam obrigados a regimentos de linha e de milícias, para bombeiros de acudir a incêndios, com os respectivos privilégios como tinham as 3 companhias já existentes em Porto, Lamego e Braga, para o que havia duas bombas, mandadas vir de Inglaterra pelo juiz de fora Manuel Marinho Falcão agenciando donativos pelas pessoas desta vila.

1829 — El-Rei D Miguel concede ao Pe. Bento José Rodrigues vigário encomendado em S. Clemente de Sande e a João de Cerqueira Gomes, residentes nesta vila, a graça de poderem trazer a medalha de ouro com a Sua Real Efígie.

1837 — Houve uma festa na fonte Santa a S. Gualter, constando de passos, sermão, etc. Esta festa foi em virtude de se reedificar o lugar aonde estava o S. Gualter, assim como o ser retocado o mesmo Santo que estava em um nicho junto a uma fonte, chamada a Fonte Santa. P.L.

1850 — Apareceram no largo do Eirado do Forno 4 caixas de tabaco e cigarros abandonadas! a fazenda estava podre e pesava 20 arrobas; julgou-se ser contrabando do tempo da Maria da Fonte.

1867 — Abre-se ao trânsito público a ponte de Caldelas, sobre o Ave, ficando concluídas em toda a extensão a nova estrada de Braga a Guimarães

1880 — A cidade fica alvoraçada pela notícia, que de manhã corre, de haverem aparecido numa mata de Campos, freguesia da Costa, 2 anjos do céu. O povo corre ao sítio em cordões intermináveis e a peregrinação dura até à noite. Uns viram os anjos a fugir, outros chegaram a falar com eles, outros ouviram-nos apenas… O que todos viram e presenciaram, foi no sítio aludido uma espécie de capelinha armada de farrapos de damasco, rendas e galões velhos, com que 2 rapazes (filhos do negociante de tecidos de linho, José da Costa Nogueira e Sousa Júnior, que compraram aqueles farrapos e galões a 1 criado dos Passos armadores) costumavam entreter-se, como é e foi sempre entre eles muito usado. Talvez alguém os visse entretidos nas suas cerimónias e solenidades pueris, e fugindo ao serem surpreendidos, dessem causa à gaga piedosa, que correu na cidade com velocidade eléctrica! – O nosso povo tendo muita sede de maravilhas…

1888 — A comissão de melhoramento na Penha, nomeia uma grande comissão de 40 membros para promover a realização duma estrada desta cidade pela Costa à Penha.

1888 — Efectuou-se o 1.º leilão do espólio do Convento de Santa Rosa de Lima.

1890 — É arrematada por 530$000 réis a obra de colocação do chafariz do Toural no Largo do Carmo.

1912 — A Câmara delibera que a feira do pão (milho, centeio, etc.) que se realiza no Largo das Carvalhas de S. Francisco, passe a ser no Largo da Misericórdia desde o dia 28 do corrente em diante.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.