Coleção de Etnografia da SMS | Maqueta do Castelo de Guimarães
O Castelo de Guimarães, executado em fio de linha do linho, por uma freira, D. Joana Carolina, do Antigo Convento de Santa Rosa de Lima, em Guimarães, é a representação, em miniatura, do monumento mais simbólico de Guimarães e um dos mais importantes ícones da História de Portugal.
A estrutura da miniatura, em cartão, é revestida a fios de linha “encrespada” e as “juntouras” definidas por fio de ouro, como nas folhas das trepadeiras.
Graças à minúcia técnica da executante, na representação do Castelo de Guimarães, pode-se observar a torre de menagem, onde aparece hasteada a bandeira de Portugal, a muralha que a circunda, com as respetivas torres, e tanto no interior como no exterior, usando a mesma técnica, heras trepadeiras.
O trabalho artístico exprime a arte de criação de objetos decorativos em fio de linha do linho, tendo integrado a primeira exposição concelhia realizada em Portugal, a Exposição Industrial de Guimarães de 1884, promovida pela Sociedade Martins Sarmento.
O icónico objeto, por altura da exposição, é apresentado na imprensa periódica da época, por Avelino da Silva Guimarães, da seguinte forma:
"No centro da sala, sobre uma mesa, está colocado o castelo de Guimarães, feito de linha encrespada, e oferecido pela auctora, a religiosa professa das Dominicas, D. Joaquina Carolina de Santa Rosa, à Sociedade Martins Sarmento. É uma oferta valiosa. A direcção da Sociedade, correspondendo dignamente à fineza das ofertas que diversos expositores têm feito, já resolveu formar com os objectos oferecidos o primeiro pecúlio de um futuro museu industrial. É mais uma tentativa das muitas em que a passada e presente direcção se tem empenhado.
O castelo reproduzido em linha é um trabalho primorosíssimo. Não falta um torreão, não falta o terraço interno, vêem-se as escadas que levam do terraço aos torreões, a ponte levadiça que comunica o adarve com a alta torre de menagem, a parte que foi paço de D. Afonso Henriques, e onde se passaram as cenas que Herculano descreveu no Bobo, com os desmoronamentos que o tempo tem causado.
As juntouras são formadas por fio de ouro puro. Trepam interna e externamente algumas cordas d´hera.
(…) A digníssima expositora do castelo de linha é a mais distincta e talvez a última cultora d’esta antiga industria vimaranense."
Relatório da Exposição Industrial de Guimarães em 1884.
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