Efemérides vimaranenses: 4 de Janeiro
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1499 — 6ª feira - A Câmara faz sair da sua sala o alcaide-mor de Guimarães, Diogo Lopes de Lima, fidalgo da casa de El-rei, que queria assistir aos acórdãos ou sessões da Câmara. Ele questionou, mas a Câmara obteve sentença em Lisboa a 23-VII-1499.
1796 — O Cabido resolveu responder à carta do D. Prior, D. Luís de Saldanha e Oliveira, que não consentia na supressão do Mestre-Escolado para reforma da igreja, nem deitar abaixo a igreja sem que mostrasse o risco para nova obra compatível com os meios que o Cabido tinha para ela.
1809 — António José Pereira Campos Braga passa cautela, em Guimarães, de ter recebido de José Antunes Veloso e companhia, por ordem do Dr. Juiz de Fora, 270 alqueires de milho, pela medida da vila, oferecimento feito ao 2.º batalhão de infantaria n.º 21 que aqui se aquartelou. A cautela servia enquanto não chegasse o recibo assinado pelo administrador Francisco José Teixeira Neto Guimarães, ou quem suas vezes fizesse, segundo as reais ordens da Junta da direcção Geral.
1837 — "Às 7 horas da manhã foi cercada a casa do cidadão Francisco Jerónimo Requião, na freguesia de Sta. Marinha de Arosa, por um bando de gente armada; perguntando-lhe o Requião o que queriam? A resposta foi um tiro (dado por Manuel Gonçalves comissário de Agrela) que lhe passou perto de uma perna e lhe furou o capote. Aos gritos de abra-atira-mata puseram-no fora de casa, com as armas aperradas, e a mulher e os filhos, deram busca rigorosa à casa, cómodas, gavetas, mesas, armários, tudo com a exacção miguelista. Conduzem depois o pobre homem para uma casa na freguesia de Serafão: alguns amigos o vão visitar: eis chegam 20 facínoras armados, gritando os comandantes = morram esses ladrões = morra o preso = Saem, uns levam coronhada de arma, à cara doutros apontam as clavinas, o preso é conduzido de casa em casa, e na manhã seguinte para Guimarães, com ordem de o matarem, se encontrassem alguns homens na estrada!!! Chega o infeliz à cadeia, pede audiência ao administrador, nega-lha: daí a três dias o juiz de direito chama testemunhas por uma parte que a guerrilha do administrador formou, mas apesar dos esforços do miliciano administrador as testemunhas nada juraram e o infeliz foi posto em liberdade no dia 18 às 3 horas da tarde sofrendo uma prisão de 14 dias sem culpa formada !!! O motivo deste escândalo foi uma vingança, eis o caso: na eleição da Câmara de Guimarães, em 1835, houve, como sempre, grande suborno, principalmente no círculo de Serafão. O Governador Civil mandou tirar conhecimento disto por o Ilustríssimo António de Nápoles. O Requião foi chamado a depor o que sabia, por ser testemunha de vista: a rainha julgou nula a eleição e procedeu-se a outra. O presidente daquela assembleia tratou por isso de vingar do Requião pô-lo fora de comissário; não admitiu mais lista alguma com o nome dele, e de mãos dadas com o comissário de polícia de Serafão (António Manuel Alves) e Agrela e com o administrador do concelho, a título de procurar ladrões, praticaram o presente despotismo. É verdade que não acharam ladrões, mas sim carne de porco, salpicões e marmelada que roubaram." De "O Artilheiro" n.º 34, de 31 de Janeiro de 1837.
1837 — Continuação da folha antecedente: - Eis aqui os homens do dia 9. O Administrador do concelho, para se vingar de lhe terem anulado em 1835 a eleição de administrador, a que sempre aspirou para se indemnizar atropela a sua querida Constituição e calca aos pés o direito do Cidadão!!! O Presidente da Assembleia, homem sem crédito, o Presidente nato da Câmara de Guimarães para se indemnizar deu esta grande batalha e saiu Deputado substituto! Há-de defender bem os direitos do Cidadão! O Comissário de Serafão, António Manuel Alves, que merece confiança do Administrador, tem-se enchido de ladroeiras: foi perseguidor de malhados! E testemunha falsa nas devassas da chamada Rebelião! O Comissário Agrela, Manuel Gonçalves, que deu um tiro no Requião, é Caipira! Miliciano que esteve sempre nas linhas do Porto a favor do Miguel! Também merece a confiança do Sr. Administrador! Eis os Empregados da Polícia de Guimarães! Eis como o Cidadão está ao abrigo da Lei! Tudo isto, estas vinganças, esta prepotência chama-se-lhe = Movimento! Toca a encher! Quem pilhou, pilhou e quem não pilhou pilhasse! Idem ("O Artilheiro").
1864 — A fim de reformarem os estatutos do teatro de D. Afonso Henriques reúnem-se no mesmo os seus accionistas e nomeiam comissão para isso: Barão de Pombeiro, presidente, Cónego Manuel Luís Gouveia, secretário, cónego magistral Domingos de Sousa Guedes Aguiar, Dr. Manuel José do Souto Coelho e Oliveira, e Dr. Luís Cardoso de Macedo, relator.
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