Efemérides vimaranenses: 8 de Setembro
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1442 — Alvará do infante D. Pedro, mandando que os coudéis não constrangessem os caseiros e privilegiados de Nossa Senhora da Oliveira a terem cavalos e armas e a irem aos alardos.
1589 — O licenciado Manuel Barbosa, por instrumento público na nota de Rui de Barros tabelião na cidade do Porto, renuncia o seu ofício de procurador da coroa e fazenda real nesta vila e comarca de Guimarães.
1678 — O Dr. corregedor, Jacome de Vilas-Boas casado, servindo de provedor e contador da fazenda real, manda notificar a viúva e filhos do mestre pedreiro António Crasto, da freguesia de S. Clemente de Sande, para virem assistir à medição da construção da actual capela-mor da Colegiada, que se fazia por ordem regia, a fim de poder contratar com outro mestre a continuação da mesma obra.
1828 — Festejou-se na forma do antigo costume a imagem de Nossa Senhora da Guia, só com a diferença que este ano saiu em procissão por toda a vila. PL.
1833 — Morreu o tenente-coronel graduado em coronel do regimento de infantaria n.º 5, chamado Sardinha. À noite saiu da casa do Leiva, de S. Domingos, onde estava aquartelado, com um acompanhamento dos maiores que se tinham visto em Guimarães, não só pela imensidade de oficiais de todas as armas e de todas as graduações de que se compunha, porque eram todos os da divisão que aqui se achava (excepto alguns que estavam nos piquetes), mas também pela boa ordem com que tudo ia disposto, da forma seguinte: Mais de 200 sargentos e oficiais de todas as graduações, com tochas acesas formavam duas grandes alas no meio das quais ia a comunidade de São Domingos; atrás destas duas alas ia o cadáver em um caixão ao qual pegavam 5 coronéis e 1 brigadeiro; atrás do defunto ia o General conde de Almer com todo o seu estado maior; atrás seguia-se “o cavalo do defunto oficial”, coberto com uma baeta preta e desferrado; rematando todo este préstito o regimento de infantaria n.º 12 (não foi o 5 por estar parte dele destacado em Barrosas) com as bandeiras enlutadas e a musica tocando marchas fúnebres. Este préstito veio pelo Toural, Misericórdia e Oliveira para os Capuchos onde estavam todas as comunidades desta vila para lhe cantarem os responsos; e dai foi enterrar ao Campo Santo. O principio do préstito já ia a Santa Clara e o regimento n.º 12 ainda a passar ao Toural, concorrendo muito povo da vila para o ver. – PL.
1858 — Os devotos de Nossa Senhora da Guia, além da festa solene da capela a cargo da irmandade, ornaram o cruzeiro com grande pompa e colocaram em frente dele um Passo mui dilatado e ricamente enfeitado, que representava o Descendimento da Cruz, com todas as figuras que neste acto indica a Sagrada Escritura. O local estava toldado para defender dos raios ardentes do sol e as janelas endamascadas. Uma música tocou desde as 5 horas da tarde até altas horas da noite; iluminação a lampiões de cores, que principiava nos 2 lados da entrada por arcos, em que por entre as luzes se divisava a murta misturada com as flores da estação
1861 — Faleceu em Lisboa o 1.º visconde de Santa Luzia, José Duarte Machado Ferraz, nascido em Guimarães em 1774; era bacharel formado em leis, conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, etc.
1887 — Os artistas de curtumes vão em romagem à Penha, instituíram esta romaria anual (que em 1893 passou a ser peregrinação) e continuam a fazê-la nos anos seguintes, deixando de ir como costumavam à de Nossa Senhora do Porto de Ave. Saíram às 10 horas, levando o seu rico estandarte, com danças e caprichos costumes, Às 3 da tarde chegaram lá o “Capitão Machado”, o conselheiro Madeira Pinto e os 2 viscondes do Paço de Nespereira e pouco depois o Conde de Margaride.
1888 — Os artistas de curtumes continuam a ir em romagem a Nossa Senhora da Penha e ofereceram-lhe 4 sinos afinados, para o culto religioso, sendo o seu peso: o Dó, 200 - Ré, 15,500- Mi, 104,800- Fá, 84,700; os sinos com as porcas, custaram 422$000 réis e foram feitos na oficina de Alexandre António Leão, do Porto; foram no cortejo em carros de juntas de bois, embandeirado, para a Penha.
1894 — Realizou-se a majestosa peregrinação à Penha, atingindo perto de 130$000 as esmolas deixadas neste dia a Nossa Senhora de Lurdes, além das ofertas seguintes, que foram conduzidas no préstito da peregrinação, a saber: Uma bandeira e uma banqueta, dos empregados do comércio; um missal e seus acessórios, da classe dos alfaiates; um diadema de prata, das modistas; quatro peanhas douradas, da classe dos ferreiros; dois bouquets de flores artificiais, de D. Emília de Jesus Santos e D. Amélia de Oliveira Lima Santos; ramos de flores naturais, das operarias da fabrica de Bento dos Santos Costa; dois vasos de barro, dos industriais oleiros; uma grinalda de flores, de zinco e um diadema de metal, de D. Josefa de matos Chaves; quatro ramos para banqueta, do Padre Abílio Augusto de Passos; uma toalha para o altar, da doceira Maria Lucas Guimarães, e um par de jarras e um bouquet de flores artificiais, das alunas da escola particular Nossa Senhora da Oliveira. Pela 1ª vez foi tocado o hino da peregrinação, composto pelo maestro Gessi, que se encontrava à tempos nesta cidade, e letra do nosso ilustre conterrâneo Padre jesuíta Joaquim Campo Santo. Este formoso hino foi encomendado e pago pela associação do Sagrado Coração de Jesus Agonizante, da igreja de São Domingos.
1897 — Os artistas vimaranenses, residentes no Porto, trouxeram e colocaram na gruta de Nossa Senhora de Lourdes, na Penha, uma lâmina de ferro, com os dizeres: “Auxilie-nos o Comércio nas obras da encantadora Penha, cotizai-vos camponeses que a Virgem vos ajudará” – “O brasão do artista é a ferramenta do seu trabalho – 8 de Setembro de 1897” – “A colónia Vimaranense residente no Porto oferece 200$000 réis para as obras deste Santuário. Esta placa dedicada aos artistas vimaranenses ofereceram-na J. M. Vilarinho e José B. Teles Guimarães”.
1911 — A corporação dos Curtidores e Surradores tendo convidado diversas classes operarias, foram com seus estandartes e bandeiras em passeio à Penha; saíram da rua de Couros, percorreram algumas ruas da cidade e seguindo pelo caminho das Capuchas em direcção à Penha Logo que lá chegaram houve missa rezada na gruta de Nossa Senhora do Carmo, À noite, de regresso a esta cidade, organizaram uma marcha aux-flambeaux. Ontem foi iluminado o monte, tocou no jardim uma banda de música e queimou-se muito fogo.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
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