Efemérides vimaranenses: 2 de Janeiro

A Rua de Gil Vicente

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1319 — A Colegiada de Guimarães e o convento de Santa Clara de Vila do Conde fizeram permuta de padroado de igrejas, ficando aquela com a de Murça e este com a de vila do Conde, precedendo autorização do arcebispo D. João de Soalhães.

1657 — Em vereação foi mandado que semeassem nas hortas da vila metade de cebolinho e metade de couves.

1805 — O escrivão da Câmara, por comissão do juiz de fora, dada na petição que apresentaram e tornaram a guardar Francisco Xavier da Silva e José António Carneiro, ourives de ouro, toma-lhes o juramento para que bem sirvam neste ano os cargos respectivamente de juiz e escrivão do dito ofício; este acto foi celebrado no escritório do dito escrivão.

1833 — Chega ao convento do Carmo uma freira dos Remédios, em Braga, removida para aqui por causa das suas opiniões liberais. Outras mais do mesmo convento e pelo mesmo motivo, foram nesta ocasião removidas para outros conventos. P. L.

1835 — Morre um tal Pinheiro sapateiro, morador em rua de Gatos, “um dos célebres bêbados que houve em Guimarães" sendo nesta classe um dos mais graciosos. Foi sepultado no dia seguinte na capela dos Terceiros Dominicos. P. L.

1842 — Saiu da igreja de S. Dâmaso desta vila a imagem do Senhor das Pedras, de S. Roque, a qual tinha vindo em procissão no dia 6 de Outubro do ano passado para a mesma igreja, para Deus Nosso Senhor. dar sol, par se poderem fazer as colheitas. O Senhor ia acompanhado por muitas irmandades da vila e levava atrás uma força de infantaria n.º 14 e a música e imenso povo. P. L.

1878 — Organiza-se um centro progressista, tendo por chefe o Conde de Vila Pouca.

1881 — Inaugura-se na Rua de Gil Vicente pelas 4 horas e meia da tarde o denominado Teatro de Variedades num barracão de madeira levantado nos terrenos da casa em construção da Associação Artística. Representou-se por uma Companhia sob a direcção de Eduardo Poço, a ópera cómica em 2 actos "Mateus, braço de ferro", com duas comédias. "Amor e toleima" em 1 acto e "Esqueleto fingido" cómica em 1 acto e a cena cómica "O amador de S. Gonçalo". Foi grande a concorrência e a troça correspondente. A companhia composta de actores propunha-se trabalhar ali meses. Pouco tempo depois improvisou-se ainda outro teatro no largo do Retiro, intitulado "Salão de Recreios Dramáticos", onde houve bailes de máscaras e representações dramáticas.

1888 — A Câmara, na sua 1.ª sessão plenária deste ano, consigna na acta um voto de louvor ao nosso conterrâneo João Ferreira de Abreu, pelo modo altamente patriótico com que, nas afastadas regiões da África, soube honrar as gloriosas tradições de Portugal, repelindo com nobre altivez a concessão em que o Governador do Estado Livre do Congo permitia às casas estrangeiras ali estabelecidas arvorar a bandeira da sua respectiva nação, mas só por baixo da bandeira do mesmo estado.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.