Continuamos por cá... | Semana Santa
No âmbito das celebrações pascais, a Sociedade Martins Sarmento revisita o discurso narrativo da Semana Santa, período no qual assumem especial expressão os acontecimentos da Última Ceia e o lava-pés, julgamento e condenação de Jesus Cristo, assim como a sua morte na Cruz.
No acervo da Sociedade Martins Sarmento, existem diversos elementos visuais e textuais que nos remetem para a mística da Semana Santa, para a representação narrativa e iconográfica da Paixão de Cristo. Da Colecção de Etnografia, destaca-se o Crucifixo em cobre, de meados do século XIII, oferecido à Instituição em 1927, por Fernando da Costa Freitas. A figuração de Cristo crucificado, coroado e decorado com esmalte de Limoges, encontra-se adaptada a uma cruz estampada e decorada com punção formando padrão geométrico.
A representação da Cruz, elemento de grande valor simbólico, especialmente na tradição cristã, detém particular expressão no domínio das celebrações em memória da Paixão de Cristo, particularmente reactivada a partir das principais fontes documentais conhecidas (os Evangelhos).
Da Biblioteca pessoal de Francisco Martins Sarmento, apresentam-se algumas passagens, assinaladas à margem pelo próprio Martins Sarmento, que espelham os momentos finais da narrativa da Paixão de Jesus Cristo:
E levando a sua Cruz ás costas, sahio para aquelle lugar que se chama do Calvario, e em Hebreo Golgotha
(…)
E Pilatos escreveo tambem hum titulo: e o poz sobre a Cruz. E dizia a Inscrição: Jesus Nazareno, Rei dos Judeos.
(…)
Dizião pois a Pilatos os Pontifices dos Judeos: Não escrevas, Rei dos Judeos: mas que elle diz: Eu sou Rei dos Judeos.
Respondeo Pilatos: O que escrevi, escrevi.
Porém os soldados, depois de haverem crucificado a Jesus, tomárão as suas vestiduras (e fizerão dellas quatro partes, para cada soldado sua parte) e a tunica. Mas a tunica não tinha costura, porque era toda tecida d’alto abaixo.
(…)
Entretanto estavão em pé junto á Cruz de Jesus sua mãi, e a irmã de sua mãi, Maria, mulher de Cleofas, e Maria Magdalena.
(…)
Depois sabendo Jesus que tudo estava cumprido, para se cumprir huma palavra, que ainda restava da Escritura, disse: Tenho sede.
Tinha-se porém alli posto hum vaso cheio de vinagre. Então os soldados ensopada no vinagre huma esponja, e atando-a a hum hyssopo, lha chegárão á boca.
Jesus porém havendo tomado o vinagre, disse: Tudo está cumprido. E abaixando a cabeça, rendeo o espirito.
(Evangelho de São João, Capítulo XIX, v. 17, 19,21 a 23, 25 e 28 a 30. In “A Santa Biblia; contendo o Velho e o Novo Testamento. Traduzidos em portuguez segundo a vulgata”. Pelo Padre Antonio Pereira Figueiredo. Londres: Na Typographia de Bagster e Thoms, Bartholomew Close, 1828).
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