24 de Junho de 1128
D. AFONSO HENRIQUES. Madeira. Séc. XX.
Da Colecção de Etnografia da Sociedade Martins Sarmento.
A Sociedade Martins Sarmento, na Comemoração da Batalha de S. Mamede, historicamente datada a 24 de Junho de 1128, lembra a acção bélica e evoca a figura do primeiro Rei de Portugal, D. Afonso Henriques.
O confronto militar de 24 de Junho, "in campo Sancti Mametis, quod est prope castellum de Vimaranes", opondo de um lado o Conde galego Fernão Peres de Trava e do outro o Infante D. Afonso e os barões portucalenses, assumiu um importante papel, como alicerce, na construção do que mais tarde viria a materializar-se com a Fundação e a Independência de Portugal.
A designada Batalha de S. Mamede, segundo alguns historiadores, resultou de um conjunto de circunstâncias particulares, nas quais as forças dos Travas de Leão, nomeadamente Fernão Peres de Trava, e as coligações castelhanas com D. Teresa (quem detinha desde a morte do Conde Henrique o governo do Condado Portucalense) foram fragilizando a posição política e social do Condado e diminuindo o poder e a representatividade dos barões portucalenses.
A pretensão castelhana de assumir o governo de Portucale, o progressivo descontentamento dos nobres de Entre Douro e Minho e a adesão do Infante D. Afonso à sua revolta, evidencia-se no confronto de 24 de Junho de 1128 em Guimarães, do qual saiu vencedor Afonso Henriques e seus partidários.
A Batalha de S. Mamede, no canto III, estrofe 31 do texto épico d’ Os Lusíadas, de Luís de Camões:
De Guimarães o campo se tingia,
Co sangue proprio da intestina guerra,
Onde a mãy que tam pouco o parecia,
A seu filho negava o amor, e a terra,
Co elle posta em campo ja se via,
E não ve a soberba, o muito que erra.
Contra Deos, contra o maternal amor:
Mas nella o sensual era maior.
OS LUSÍADAS, de Luís Vaz de Camões. 1572. Da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
Co sangue proprio da intestina guerra,
Onde a mãy que tam pouco o parecia,
A seu filho negava o amor, e a terra,
Co elle posta em campo ja se via,
E não ve a soberba, o muito que erra.
Contra Deos, contra o maternal amor:
Mas nella o sensual era maior.
OS LUSÍADAS, de Luís Vaz de Camões. 1572. Da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
A Batalha de S. Mamede, mais do que a importância da vitória, assinalou a aurora de uma nova era para o território condal, especialmente porque congregou, em torno de Afonso Henriques, a vontade de diversas classes sociais, no sentido da recusa perante as intenções do poder de Leão, da defesa política da unidade do Condado Portucalense e da conquista da independência.
Desde o feito de S. Mamede, ressalta a figura do Infante D. Afonso Henriques, O Conquistador (que o próprio Afonso VII de Leão veio a reconhecer como Rei, o primeiro de Portugal, a partir de 1143), a sua política de conquista da independência e da respectiva consolidação diplomática, nomeadamente junto da Santa Sé e, no “país”, favorecendo as ordens militares e contribuindo para o progresso cultural do país, intervindo na fundação do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e na entrada dos Cistercienses em Portugal, entre outros feitos e iniciativas.
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