Efemérides vimaranenses: 23 de Novembro
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1527 — Foi sentenciada em Vila Viçosa, pelo D. Prior de Guimarães, Sebastião Lopes, a Bula Apostólica que tira o mosteiro da Costa aos cónegos regulares de Santo Agostinho e o passa à ordem de S. Jerónimo.
1654 — O Cabido obtém a seu favor sentença de apelação, dada na Relação eclesiástica de Braga, contra o vigário geral do D. Prior que por seu edital lhe proibira, com censuras e penas pecuniárias o uso de murças com forros, pospontos e botões de cor, por não lhe ter pedido licença; a relação julgou tal uso, não encontrou o direito de proibição, nem era desonestidade, antes era de mais autoridade e conforme o uso das catedrais.
1687 — Cartas do acto de formatura a 11 de Março do bacharel em direito canónico e civil Jerónimo da Silva Guimarães, natural desta vila.
1819 — Foram pronunciados Jerónimo, mesteiral desta vila, por furto a Jacinto Gomes de Oliveira, desta mesma vila, e este Jacinto por culpa de encobridor do furto a ele feito.
1831 — Caiu do zimbório, vindo por entre uma estada ter ao pavimento da igreja um entalhador que andava a trabalhar na desastrada obra Colegiada; ficou sem sentidos e muito mal tratado, e foi logo num enxergão para o hospital. Poucos dias depois já andava a trabalhar. P. L. - Do registo hospitalar consta entrar neste dia Simão de Azevedo, solteiro, enxambrador, da freguesia de S. Vítor, de Braga, vítima de uma queda, e sair em 10 de Dezembro seguinte. F.
1835 — "Tendo o juiz de sentenciar um preso por ladrão (cunhado do celebre ladrão Barroca) foi ameaçado por muitos indivíduos seus companheiros para não o sentenciar assim como as testemunhas contra o réu das quais se evadiram algumas para não serem reperguntadas, havendo durante o júri actos tumultuosos praticados principalmente por algumas testemunhas que o réu dava em sua defesa, e outros indivíduos suspeitos de ladrões; pelo que o juiz de Direito deu por interrompido este processo ficando adiado para outro dia. Uma das testemunhas a favor do réu era o presidente da câmara desta vila o tenente coronel Fontelos, seu filho, o Padre José Dionísio e outros. Foi sentenciado a 27 deste mês, tendo 10 anos de degredo para Cabo Verde". - P. L. - Sobre esta audiência, lê-se no "Artilheiro" a seguinte correspondência de Guimarães: - "Reunido o júri para sentenciar o réu José Ferreira de Castro o Barroca, cuja pronúncia, como salteador havia sido ratificada; era noite quando se sentiu, no corredor próximo à Sala das Sessões, bastante sussurro, que causou cuidado! O sussurro foi-se aumentando: alguém houve que abriu a porta às testemunhas da culpa: estas, tendo sido ameaçadas, assim como o haviam sido os jurados, antes da sessão, se evadiram e não compareceram! O oficial de diligências; que as chamava, foi escarnecido: o Comandante da Polícia, que era igualmente testemunha contra ele salteador foi à Sala, e disse em voz alta, que não saía fora, pois era ameaçado, e a sua vida estava em perigo! Os jurados vendo que o Povo honrado das Galerias com susto se tinha evadido, e que os corredores se achavam atoalhados de gente de péssima conduta, talvez sócios, e amigos do Réu, e não tendo força que fizesse respeitar a sua decisão, e os livrassem da coacção, em que estavam, requereram que se suspendesse a Sessão, e se desse a Audiência por acabada, no que foram apoiados pelo Delegado Interino do Procurador Régio, António Leite de Castro. O Juiz de Direito, Domingos Manuel Pereira de Carvalho, fez de tudo lavrar um Auto, que nos mesmos jurados assinaram, e a Audiência foi levantada. O Provedor do Concelho, José Joaquim Vieira, por denuncias que recebêra da tarde, tinha postado patrulhas fortes de Polícia nas avenidas do edifício, o que na sala se ignorava. Notaram-se nas Galerias várias pessoas, armadas de bacamartes!! Este desairoso negócio terminou do melhor modo possível, a favor do sossego público." No dia seguinte, 24, tomaram-se medidas, pois que o Réu, e os seus camaradas na prisão pertenciam à grande quadrilha dos Salteadores desta Vila, muitos dos quais ainda passeavam: notando-se que desde a sua prisão os roubos tinham cessado. "Id. Artilheiro" -
1855 — A Misericórdia pagou à Câmara 88$200 réis que lhe tocou na forma da promessa que tinha feito de 200$000 réis para o tratamento dos coléricos.
1895 — De manhã, faleceu Luís Martins da Costa (Minotes), comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição, presidente honorário da conferência de S. Vicente de Paulo, de que foi um dos instaladores. Era presidente da câmara quando foi aclamado rei D. Miguel I.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
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