Efemérides vimaranenses: 18 de Novembro
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1630 — O vigário geral de Braga, dr. Gonçalo de Abreu Bacelar, manda passar carta de éditos citando o D. Prior D. Bernardo de Ataíde, para que no prazo de 9 dias úteis se apresentasse a residir na sua colectada, a fim de se defender da acusação do promotor, em com ele tomou posse esteve nela apenas 3 dias para receber o depósito do mesmo, retirando-se logo e não voltando, e estar a comer os frutos sem fazer residência nele, o que praticaram seus antecessores (nem todos).
1645 — À Câmara dá procuração nomeando procuradores às Cortes de Lisboa Fernão Rebelo de Almeida e Paulo de Sá Peixoto.
1791 — Provisão concedendo a Francisco de Oliveira Ribeiro, director da fábrica de tecidos no Miradouro, isenção de direitos para as manufacturas dela, pelo tempo que falta para completar os 20 anos concedidos pela resolução régia de 1 de Maio de 1784.
1833 — Apareceu morto na cama (tinha sido atacada de uma grande maligna) o sobrinho do José de São Boaventura Soares escrivão da correição, chamado João Soares. Foi depositado e sepultado no mesmo dia à noite na igreja de S. Domingos, saindo de casa em um sege e o pároco em outra, acompanhado por muitos lacaios com archotes. P. L.
1835 — O Cabido é citado nas pessoas do arcipreste Pedro Machado de Melo Araújo e dos cónegos Manuel de Barros Pereira da Silva, António de Freitas Costa e Joaquim Vaz Vieira de Melo Alvim, por um oficial de diligências, o qual declarou que os mais cónegos não quiseram assinar dizendo não ser com eles mas sim com o seu rendeiro de Santo Estêvão de Urgeses, para um libelo de força nova espoliativa e turbativa que lhe moviam os coreiros e os estudantes por não terem recebido em dia de S. Nicolau do ano anterior a costumeira ou renda das maçãs, etc.
1841 — Toma posse da regência da cadeira de latim, desta cidade, em que fora nomeado por provisão do conselho geral director, de 15 de Outubro deste ano, Francisco Pedro da Costa Rocha Viana "o Venâncio" (nome de seu avô), natural de Viana.
1874 — Fez-se escritura de contrato provisório entre a Câmara e a Companhia de Banhos de Vizela, representada pelos directores da mesma, dr. Alberto Sampaio, desta cidade e Joaquim Ribeiro da Costa, da rua do Prado, da freguesia de S. João de Vizela, para aproveitamento das nascentes das águas medicinais de Vizela e construção de estabelecimento de banhos.
1889 — Com esta data, o "Jornal de Notícias" do Porto, dá a correspondência de Guimarães seguinte: Ontem a largas linhas tocamos nos factos salientíssimos que se deram no seio desta cidade, hoje porém, vamos incidir mais fundamente sobre os acontecimentos apontando os traços característicos que os definem bem, e serve para dar a ideia precisa dos sentimentos que animam o snr. Casimiro Neves, que, levado pelo seu facciosismo não trepidou em enxovalhar uma cidade inteira com o seu desmando. Ainda Franco talvez estivesse em casa do snr. Conde de Margaride, e já o povo se oprimia e acotovelava, no largo fronteiro á Sociedade Martins Sarmento. Os vivas eram contínuos e atroadores e nessa grande massa do povo havia o anseio de ver o ilustre deputado. Foi quando apareceu o tal grupo de patriotas, que veio propositadamente com o fim de levantar tumultos. Nessa ocasião, o snr. Casimiro Mendes administrador deste concelho, dirigiu-se a alguns indivíduos que por ali estacionavam a vitoriar a Franco Castelo Branco, e disse-lhes: Dispersem. Já basta de brincadeira há oito dias. Eis as palavras de verdadeira provocação a um povo pacato, a não dar curso a uma outra versão, que diz s. exa. empregar o termo arruaça em vez de brincadeira. Esses indivíduos que se atreveram, talvez com as costas quentes pela autoridade, a irem ao meio de cidadãos, sérios, que aguardavam a chegada de Franco Castelo Branco, provocar desordens, tinham alguns paus escondidos, perto do muro do snr. Gaspar Lobo, com o fim, previsto, claro, de atraírem até esse sítio os cidadãos inofensivos, e espancá-los. Corre que a autoridade sabia disto tudo, mas soubesse ou não, a intervenção da força não teve por fim dispersar esses alteradores da ordem pública mas sim coadjuvá-los nos seus intentos. E tanto isto tem visos de verdade; que, depois de Franco Castelo Branco se dirigir ao comandante da força nos termos que ontem dissemos, o snr. Casimiro Mendes, virou-se para os tais caceteiros, onde se achavam dois regedores, e disse-lhes: - Basta. Vão agora para casa. Há ainda outras notas ou provas que podem servir para engrandecer esse processo que a opinião pública está elaborando. Quando Franco Castelo Branco vinha das Caldas das Taipas já corria que uma súcia de caceteiros, açoitados ali ara os lados do Proposto, faria tumultos arremessando pedras a todos aqueles que acompanhavam o snr. Franco. Não o fizeram, porém, mas a ideia concretizou-se mais tarde num facto. Eis o que nos cumpre dizer sobre este facto que revoltou ma cidade inteira, e que talvez não tenha essa pequena importância que se lhe pretendem dar. A Câmara contra a intervenção violenta da força que deu seguidamente dois toques de atenção, quando o povo só dizia viva a liberdade, e Franco Castelo Branco, e a Associação Comercial, Club Comercial, Sociedade Martins Sarmento, etc., seguiram-lhes o exemplo, enviando a Sua Majestade um telegrama pedindo a demissão do administrador, pois que exorbitou das suas funções. O procedimento do administrador e o facto de Sua Majestade, até á hora em que escrevemos, não ter respondido, é comentado fervorosamente, Cumpre-me, porém, aguardar os acontecimentos, mas cremos que a cidade de Guimarães não descansará enquanto o actual administrador estiver á frente deste concelho, que supôs ser um burgo podre, que tolera os caprichos facciosos daqueles que impotentes para a luta eleitoral, lançam mão de meios extremos. Já se vai falando em que as diversas corporações que protestaram contra o procedimento incorrecto do snr. Casimiro Esteves, de em continuar, a esforçarem-se por desagravar a honra de uma cidade ofendida, e crê-se que efectivamente essas corporações não hesitarão em levar por diante essa honesta linha de porte que serve de dívida a todos aqueles que não estão para se deixarem calcar e enlamear, por um administrador qualquer. Fala-se em comícios e os ânimos não estão lá muito sossegados. Aguaramos porém os acontecimentos.
1915 — Os amigos do ex-abade de Vila Nova de Sande, João Cândido Silva oferecendo-lhe no Grande Hotel do Toural um jantar de despedida presidido pelo bispo de Bragança.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
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