Penha: Memória e História (exposição na SMS)
Quando se celebram os 140 anos sobre a primeira reunião para a instituição da Irmandade de Nossa Senhora da Penha e os 60 anos da inauguração do Santuário da Penha, obra do Arquitecto José Marques da Silva, está patente, na Galeria da SMS, a exposição retrospectiva Penha: Memória e História.
A exposição foi inaugurada no dia 7 de Setembro, em cerimónia muito concorrida que contou com a presença do Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ortiga e do Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Dr. António Magalhães. Na altura, o Dr. Armindo Cachada, um dos responsáveis por esta mostra, proferiu uma conferência sobre o tema Penha Revisitada, da pré-história aos nossos dias.
Na abertura da exposição foi também apresentado o respectivo catálogo, de onde se retirou o texto que a seguir se transcreve:
A montanha da Penha ou Serra de Santa Catarina, desde há séculos que exerce um estranho fascínio sobre as gentes da cidade de Guimarães e de toda a região envolvente, que vêem no grande e caótico aglomerado de penedos, dispersos pela montanha aos milhares, o refúgio misterioso de primitivos povos e a sobrevivência de antigas tradições que o povo transformou em lendas de mouras encantadas, ciosamente guardadas em grutas e desfiladeiros ou no interior de rochedos, a que a imaginação popular associou a existência de riquezas e de tesouros, mas também de pestes e de catástrofes, ou de grandes veios de água que poderiam inundar o vale a qualquer momento.
Foi nesta imensa paisagem de enormes monólitos de granito boleados pela acção do tempo, despida de vegetação, que o homem do Paleolítico se refugiou e as gerações que se lhe seguiram encontraram as condições favoráveis para ensaiarem novas condições de sobrevivência, na agricultura.
Foi esta mesma paisagem que fascinou, nos últimos três séculos, o homem contemporâneo e o levou a fazer da Penha um local de repouso, de contemplação e de ascese, criando as condições indispensáveis à vida na montanha nas suas diferentes vertentes: expressão de religiosidade, movimentação turística, actividade desportiva, e usufruto das suas belezas naturais.
Trezentos anos depois da chegada do Ermitão Guilherme Marino e do estabelecimento da devoção a Nossa Senhora da Penha, a montanha continua a ser um local privilegiado de atracção de visitantes, que ali acorrem aos milhares, principalmente nos fins-de-semana de Verão. A Penha é um local de memória e de história que a presente exposição procura revelar nos seus diferentes aspectos: arqueológico, documental, fotográfico, museológico e bibliográfico.
A mostra arqueológica desvenda-nos a ocupação da montanha nos tempos pré-históricos e as primitivas formas de vida dos mais antigos habitantes da nossa região. A documentação histórica mais recente, guardada no Arquivo Municipal, revela-nos os passos dados pelo Ermitão Guilherme Marino, junto das instituições locais e régias, na ocupação da montanha da Penha e a instituição, aí, da devoção a Nossa Senhora da Penha, bem como a constituição da Irmandade de Nossa Senhora do Carmo e da Comissão de Melhoramentos da Penha, entidades que, ao longo de mais de cem anos, promoveram a devoção religiosa e o desenvolvimento urbanístico da montanha. A mostra fotográfica regista, em imagem, a evolução urbanística da montanha e a intensa movimentação religiosa que aí se verificou a partir do último quartel do século XIX.
A exposição apresenta, ainda, algumas peças emblemáticas que pertencem à Irmandade da Penha e foram utilizadas no culto religioso na montanha. Fazem hoje parte do espólio museológico da instituição. Finalmente, uma mostra bibliográfica oferece-nos o que, ao longo de mais de cem anos, foi sendo investigado, escrito e divulgado sobre a montanha da Penha.
ARMINDO CACHADA
A exposição Penha: Memória e História é uma iniciativa conjunta da Irmandade de Nossa Senhora da Penha e a Sociedade Martins Sarmento, podendo ser visitada até ao dia 7 do mês de Outubro. A entrada é livre.
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