Efemérides vimaranenses: 3 de Março
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por
668 — Faleceu no antigo mosteiro beneditino de S. Martinho de Sande o abade do mesmo mosteiro, o famoso Recesvinto, de quem Pinho Leal diz o seguinte, no seu Portugal antigo e moderno: “Foi insigne poeta e orador como testemunham as cartas que escreveu a Santo Ildefonso cheias de piedade e erudição, e o elegante poema que compôs em louvor de Santa Engrácia e seus 18 companheiros no martírio. Assistiu ao 10º concílio de Toledo, convocado pelo Recesvinto pelos anos 660, tendo por companheiro o abade Wamba, também beneditino do mosteiro de Santa Leocádia de Briteiros. Ambos estes abades morreram com fama de santos”. João Baptista de Castro e outros escritores dizem que foi ao 14º concílio tolentino, e não ao 10º que o abade Recesvinto assistiu.
1598 — Francisco Luís e Pedro Álvares da Silva, em seus nomes e dos mais rendeiros dos reguengos desta vila e seu termo, apresentam em vereações um requerimento de intimação de agravo, sobre o juiz e vereadores terem ido às suas casas, tulhas e celeiros, tomar-lhes o pão, de que resultava não poderem vendê-lo para pagarem a renda a Sua Majestade.
1630 — O provedor da Misericórdia propôs à mesa: se era conveniente que fosse irmão da Irmandade Domingos Luís, barbeiro, morador na praça desta vila, declarando-lhe as razões que havia para ser riscado de irmão, - “Porquanto sendo requerido a ele provedor e irmãos e sendo-lhes feita petição da parte de Gonçalo Mendes, carpinteiro, desta vila, que quisesse o dito Domingos Luís perdoae-lhe a culpa que tivera no ferimento que lhe fez, para alcançar a Sua Majestade perdão do degredo em que estava condenado e que lhe pagaria todas as custas e dinheiro em que estava condenado, ele provedor e irmãos, na forma do compromisso capítulo 26, depois de se ter dito missa e pregação quinta-feira de Endoenças, estando o Senhor desencerrado e haverem comungado os irmãos e entre eles o dito Domingos Luís, ele provedor e irmãos com o reverendo frei Francisco de Sousa, pregador que então fez o sermão, foram todos juntos falar ao dito Domingos Luís que na Igreja desta casa estava, e se puseram todos de joelhos diante dele, tendo o reverendo padre um Cristo Crucificado nas mãos, e posto também de joelhos, lhe pediram com muitas lágrimas, quisesse dar o dito perdão, pois somente era para se alcançar perdão de Sua Majestade do degredo, pagando-se-lhe a condenação de dinheiro e custas, ao que o dito Domingos Luís respondeu que não era chegada a hora de dar o tal perdão, e de tal modo se houve na resposta que deu à vista do Santíssimo Sacramento e com o Cristo nas mãos que causou notável escândalo a ele provedor e irmãos e à mais gente que na igreja estava, que era muita. E depois disto sendo chamado a esta mesa por ele provedor e irmãos e persuadindo ele provedor e pedindo-lhe quisesse dar o dito perdão e que já devia ser chegada a hora de o dar, representando-lhe que os irmãos da Misericórdia, como ele era, deviam ser compassivos e fáceis em conceder semelhantes perdões, porque quando os irmãos o não foram, estes se trataria em mesa se convinham ser irmãos desta Irmandade, ao que o dito Domingos Luís respondeu descompostamente e com arrogância que era livre e que o riscassem muito embora de irmão que não havia de dar o perdão ao dito Gonçalo Mendes “no que deu notável escândalo à mesa”. E porque o dito Domingos Luís além do sobredito é um homem de forte e rija condição e muito teimoso e escandaloso, como é público em todo este povo tido e havido por isso, e sendo chamado por alguns irmãos que quisesse ir sangrar alguns pobres do rol, por serviço de Nosso Senhor, o não quis fazer, no que mostra pouca caridade e ser pouco obediente à ordenança desta Irmandade, e na forma do compromisso dela não convinha ser irmão, se assentou que se votasse se havia de ser riscado de irmão, e sendo votado por favas brancas e pretas, saiu por maior número delas que fosse riscado e fosse notificado mais não acompanhasse a Irmandade.”
1689 — O D. Prior D. Pedro de Sousa visita no temporal a igreja de S. Miguel do Castelo, e deixou capitulado. “Achamos nesta igreja em o altar maior dela a cabeça de um santo, que além da incerteza do nome de que nem ainda por tradição consta, mostra longa antiguidade e alguma indecência, a qual deve como em matéria de religião evitar-se: portanto mandamos que o reverendo abade logo que esta nossa carta de visita for publicada, tire a dita imagem do lugar de onde está, para outro em que não seja pública conformando-se com a disposição dos sagrados cânones e concílio tridentino.” NB: em 1872 quando a abadia foi anexa à Colegiada, veio para esta uma caveira muito branca que existia na sacristia daquela, e foi lançada no cemitério do claustro que vai da sacristia para a capela do capítulo velho.
1863 — Chega a esta cidade a "companhia nacional" trazendo actores de nomeada, tais como: Gertrudes, Carlota Veloso e o Pereira. Anunciou o 1.º espectáculo para o dia 5 deste mês, com o drama "A Cruz do Matrimónio" e a comédia "Quero e Não Quero"; foi com outras peças, por causa de doença do actor Amaral, notando-se em alguns actores pouco esmero na decoração dos papéis; em 7 foram representados o drama e a comédia anunciados para o dia 5, o drama além de composição de mediano mérito, não agradou pela má distribuição dos papéis, a comédia foi bem desempenhada. A companhia deu mais 11 espectáculos, sendo o último em 24 de Abril.
1866 — A Associação Comercial delibera representar ao Governo pedindo um corpo militar para Guimarães.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de
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