Efemérides vimaranenses: 14 de Setembro

Gravura antiga representando o Toural. Ao fundo, a antiga igreja de S. Sebastião.

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1560 — Falece D. António Nogueira, natural de Guimarães e um dos mais nobres vimaranenses. Foi cónego regrante em Santa Cruz de Coimbra e dali passou para o mosteiro de Carquere, junto a Lamego, para proceder à reformação deste mosteiro. Foi nomeado pelo Bispo D. Ambrósio, Prior-mor; para o cargo de tesoureiro, que era a 2.ª dignidade deste mosteiro e tanto se contentou da virtude e bom proceder de D. António Nogueira, que renunciou nele o Priorado mor do mosteiro para que ele o unisse a Santa Cruz. Governou o novo Prior mor com grande satisfação dos cónegos até à data de sua morte, sendo depois o mosteiro unido não a Santa Cruz, mas ao colégio da Companhia de Jesus de Coimbra. – (vide 31-V-1567 neste).

1619 — Em vereação compareceu Mónica Rodrigues e disse que tinha em rua de Couros uma casa de lagar, de que pagava 150 réis à Câmara, que ardera e ficara o chão somente, e ora eles vereadores tomavam o dito chão para fazerem uma ponte e passagem por aí, a qual terra ela largava e pedia-lhes quitassem o dito foro: deliberaram reduzir-lhe o foro e fazer aí ponte, porque por ali concorriam muitos carros e pessoas, para dar passagem para além dos pelames; tinha sido resolvido já em 1618 construir-se.

1643 — El-rei D. João IV, por seu alvará, faz doação à rainha D. Luísa, do reguengo de Guimarães, para seu património, em quanto nos seus reais almoxarifados lhe não declarasse assentamento como haviam tido as rainhas suas antecessoras, o qual no domínio castelhano fora dado ao Marquês de Alenquer e ao duque de Bívar.

1717 — Chegou do Porto a imagem de Cristo crucificado que a madre Maria de Nazaré com licença do arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, aí mandara esculturar para o coro de baixo do seu convento de Santa Clara, e, para o azeite da sua lâmpada de prata, lhe pôs na comunidade 120$000 réis, e deu mais 80$000 réis para a cera, com 4 castiçais de prata, para em todo o tempo sr assistido com toda a veneração.

1798 — O Cabido soleniza o 50.º aniversário natalício do seu D. Prior, D. Luís de Saldanha e Oliveira, com missa cantada e Te-Deum e de tarde ladainha, tudo a música, e à noite grande fogo de vistas e do ar.

1811 — Provisão concedendo licença a D. Leonor de Faria Machado para fazer um coberto de pedra e telha em duas nascentes de água medicinal, um para cada uma, e aí fazer dois banhos, que havia em frente e junto à sua casa nobre de Azenha, em S. João das Caldas, para uso do público gratuitamente e ficando a ela a administração.

1829 — Logo depois de Trindades, foram espancadas no campo do Toural e em outras partes da vila, algumas pessoas de bem, constitucionais, entre as quais o bacharel José Ferreira Alves Costa e seu vizinho Henrique Navarro. De aí em diante ninguém saía de noite com medo de apanhar. P.L.

1833 — Decreto do Duque de Bragança, regente, nomeando Procurador-geral da Coroa ao doutor João Baptista Felgueiras.

1863 — O barão de Nova Sintra e o barão da Glória, seu irmão, mandam entregar cinquenta mil réis cada um para custear as despesas do novo Asilo de Santa Estefânia.

1885 — A repartição da Fazenda Nacional passou do palacete dos Laranjais para o das Lamelas.

1891 — É decretada a reorganização da Colegiada com obrigação de ensino, autorizando o Governo a fazer os regulamentos, prover os benefícios e fixar o quadro capitular conforme as resoluções das cortes em 11 de Agosto deste mesmo ano; ficando sem valor a lei de 1 de Dezembro de 1869 e todos os mais decretos em contrário com respeito à Colegiada; sendo isto devido ao deputado por este círculo e ministro da Fazenda João Franco Pinto Ferreira Castelo Branco, o qual instou com os seus colegas e amigos principalmente com o conselheiro Lopo Vaz, ministro da justiça e negócios que também era chefe do partido regenerador, para obter este memorável monumento de religião e instrução que tão desastradamente acabou devido à lei de 20 de Abril de 1911.

1892 — Em sessão de câmara é arrematada a torre da igreja de S. Sebastião, que ia ser demolida e a sede paroquial para a igreja das Dominicas, por Joaquim Mendes da Silva Cerqueira (o Racha de S. Lázaro) por cem mil e cem réis!!!, insignificantíssima quantia. É a actual de S. Miguel de Creixomil.

1933 — Grande incêndio numa mercearia em Campelos, às 4 da manhã: a pequena casa, que não estava no seguro, ardeu toda, e uns artistas que nela pernoitaram, Joaquim Martins e esposa, Margarida Gonçalves Martins, de Vila Verde, morreram asfixiados a apareceram: separados, o tronco dos braços e pernas, de um, a cabeça e pernas de outro. Versão popular fogo posto.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.