Efemérides vimaranenses: 9 de Setembro
A rua da Rainha D. Maria II, numa fotografia do início do séc. XX. Em primeiro plano, a Igreja da Misericórdia.
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1591 — Gonçalo Lopes obriga-se ao guardião do convento de S. Francisco, frei Isidoro, ao síndico do mesmo, Frutuoso Gomes, da rua Nova das Oliveiras, e a Gonçalo Dias de Carvalho, do conselho de S. Majestade, a construir a grande parte do principal claustro que o dito Gonçalo Dias de Carvalho mandava edificar. O contrato foi feito na nota de António Fragoso, e é difícil de ler por causa da má caligrafia e má tinta.
1746 — O cónego tesoureiro-mor António Pinto Barbosa faz testamento em que deixa herdeira Nossa Senhora da Oliveira para a Fábrica debaixo da inspecção do Cabido; ao Cabido para repartir entre si 300$000 réis, a cada capinha capelão do coro 3$200, ao subchantre e ao sacristão 4$800 a cada, 1$200 a cada coreiro, e aos da cruz e turibulo 1$600 a cada.
1822 — Na rua Nova do Muro, em casa da morada de Custodio Domingues Torres, surrador, casado com Antónia Bernardina, fez-se sequestro nos bens do mesmo, que eram apenas roupas e poucos e fracos móveis, pelo escrivão e pelo meirinho, o qual estava preso na cadeia da correição pelo crime de morte. Foi conduzido pelo alcaide António José Rodrigues e por 1 escrivão e 2 oficiais, para a cadeia da Relação do Porto, onde entrou por portaria do Governador das Justiças a 5 de Novembro de 1822, remetido pelo juiz substituto de Guimarães. O preso, por andar trôpego das pernas, foi a cavalo e sua mulher acompanhou-o também a cavalo, no que gastaram 3 dias. Os 2 oficiais foram a pé; os outros a cavalo. Houve 2º sequestro em 9 de Dezembro de 1822. Tudo foi arrematado por 44$075 reis para pagar as despesas judiciais de 43$817; sobraram 258 reis. O Custódio era criminoso pela morte, por envenenamento, de sua sogra Custodia Maria Leite, mulher de Manuel António Teixeira, da dita rua, em 28 de Julho de 1822 (vide esta data). O envenenamento foi no caldo ao jantar, a sogra comeu-o todo, o sogro comeu pouco e deixou-o por estar quente; a mulher entrou em aflições e ansias, fugiu pela casa fora, em que tinha reserva e estavam todos, para uma fronteira em que dormia e o marido, já quase sem sentidos e moribunda, e faleceu às horas da tarde; o marido teve menos aflições e vómitos por ter comido pouco caldo e em antes laranja com pão. A sogra e sogro cozinhavam na casa da filha e genro, em que tinham reserva, como acima fica dito, mas em separado, e dormiam num quarto alugado fora em casa fronteira, por causa das continuas questões de há 5 meses e dizer o genro publicamente e muitas vezes que os havia de matar, com uma faca ou com veneno, que 5 reis ou 10 reis faziam a festa.
1829 — A mesa da Misericórdia delibera por unanimidade construir na sua igreja, no sítio da porta fingida, abaixo do altar de S. Bento, um altar para nele colocar a imagem do Senhor da Cana verde, vulgo Senhor da Pedra Fria, que estava oculta, excepto em quinta feira de Endoenças, em que a referida imagem ia na procissão (em quanto não arranjaram outra maior, mas de fraca escultura); porém com as condições de que todas as esmolas que os fiéis lhe ofertassem, fossem aplicadas ao culto da mesma imagem, excepto as da semana santa, que continuariam a ser para o padre sacristão, como era costume. Foi encarregado da obra o Dr. António José de Sousa Basto. – Nota: Em 1926 foi retirada deste altar a imagem do senhor, levando-o (por ser velho) para o asilo dos Inválidos, e colocado nele altar a nova imagem de Santa Teresa do Menino Jesus.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
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