Efemérides vimaranenses: 12 de Agosto
Teatro D. Afonso Henriques
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1622 — Provisão régia, em virtude dos juízes, vereadores e procurador da cidade de Braga se queixarem a El-rei em 18 de Fevereiro do dito ano de que na dita cidade e seu termo havia muitos ladrões formigueiros e daninhos que faziam notáveis danos e furtos nos quintais, pomares, vinhas, prados, nabais, hortas e devezas, e por os donos das novidades não poderem defender-se deles, se verem obrigados a colherem as novidades antes de amadurecidas, como acontecia aos frades de S. Francisco, quinta dos padres da companhia de Jesus, beneditinos, etc., roubados ultimamente, na qual manda ao provedor da vila de Guimarães que, por esta vez somente, tire inquirição e devassa etc.
1735 — Provisão régia concedendo a esmola de 30$000 réis anuais por 6 anos às freiras de Santa Clara para obras do convento, os quais se continuassem a dar pela imposição dos vinhos da vila, como antes recebiam por concessão dos reis anteriores.
1750 — De manhã os conventos do Carmo e Santa Rosa fizeram seus funerais por El-rei D. João V, de tarde a Câmara mandou lançar pregão pelas ruas, indo o pregoeiro todo vestido de luto, de capa e volta, 3 caixas de guerra cobertas de luto e destemperadas, indo os tocadores das mesmas também vestidos de luto, os chapéus derrubados "que metiam pavor", mandando que todas as pessoas, dentro no prazo que ainda havia de ser deliberado, se vestissem de luto pela morte do marca, conforme a ordem que para isso houvera. Também neste dia, e por tal motivo, houve outro pregão em que o vereador mais velho, juiz pela ordenação, manda que nos 3 seguintes dias, os oficiais de justiça, e menos os escrivães, não façam diligência alguma, sob pena de suspensão à mercê d'el-Rei.
1794 — Provisão declarando que não eram obrigados a tirar carta de exames tecelões que trabalhavam em suas casas por conta do fabricante Teresa Maria da Silva e filho Manuel José Teixeira desta vila, fábrica que já tivera o falecido marido e pai Domingos Teixeira. Eles haviam representado "que sendo um ramo de comércio mais avantajado na dita vila o de fabricar todo o género de toalhas e guardanapos de fiado e linha, e que tendo o marido e pai dos suplicantes muitos teares assim em sua casa como fora dela em que trabalhavam vários oficiais de diferentes freguesias que chegavam ao número de 20, e que sucedendo falecer o marido e pai, tinham ficado mantendo os mesmos e outros oficiais que todos trabalhavam por conta e jornal dos suplicantes, os quais os tinham dispersos em diferentes freguesias; na suposição que cada um dos ditos oficiais eram mestres os constrangiam os oficiais da Câmara e o corregedor da comarca a que tirassem cartas de exame, condenando-os na audiência da chancelaria sem as mostrarem com o maior que era inerente aos mestres dos ofícios que trabalhavam para si e por sua conta".
1855 — Domingo.- Abertura do novo teatro D. Afonso Henriques. Subiu à cena "Os Dois Renegados". O nosso exímio violinista Francisco de Sá Noronha tocou algumas composições suas nos intervalos, sendo aplaudido com indizível entusiasmo. Foram dignos de grandes elogios, pelo zelo e actividade que tinham desenvolvido nos preparativos deste teatro, o Visconde de Pindela e José Maria Dias Guimarães(?).Ontem, véspera, vieram do Porto bastantes pessoas para assistirem a esta abertura do teatro.
1895 — Segunda-feira. - De madrugada ardeu todo um barracão, na Penha, que servia de restaurante e nele estava residindo um pedreiro. Visto o incêndio, da cidade, era um espectáculo lindo. Ignorou-se a causa do sinistro, que a companhia de seguros "Fidelidade" pagou com 200$000 réis em que o barracão estava seguro, deduzindo 30$000 réis de salvados, restou líquido 170$000 réis.
1906 — Visitam esta cidade, em excursão, os marceneiros do Porto, quer dizer: um bando de borrachões, desta arte, malcriados acompanhados de rameiras, tudo gente reles, que na Sociedade Martins Sarmento sujaram com obscenidades, tolices, porcarias, etc., duas folhas do livro dos visitantes.- Vide o "Independente2 nº 246. - No museu de Nossa Senhora da Oliveira, disse-me meu pai, que era quem o abria, (que na febre das excursões que ora estavam na moda fazer-se), foram estes marceneiros a gente mais malcriada que lá tinha entrado.
1921 — Sexta-feira. - Às 5 horas da tarde principiou a mudar-se o arquivo da Colegiada para a Sociedade Martins Sarmento num carro de bois que até às 7 e meia horas fez 4 carretos; continuou-se este serviço às mesmas horas de 5ª feira, 18 deste mês, por carros de 1 só boi que fez 3 carretos. Foi concluso.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
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