Efemérides: 27 de Junho

O edifício dos Paços do Concelho que começou a ser construído na actual Praça da Mumadona (projecto do Arquitecto José Marques da Silva).

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1554 — Pedro Gomes, foleiro, viúvo de Catarina Fernandes, morador no Casal de Chouselas, da freguesia de Polvoreira, por escritura na nota do tabelião Salvador de Faria, obriga diversas propriedades para perpetuamente, na capela de Nossa Senhora dos Remédios, da freguesia de Urgeses, que ele havia fundado, anualmente se celebrar, em cada sábado, em todas as festas de Nossa Senhora e na 1.ª oitava do Espírito Santo que é o orago da dita ermida, uma missa em cada um desses dias, que ao todo são sessenta, aplicadas por ele e por a dita sua mulher, e mais obrigação de lâmpada e azeite para ela e de retelhar a ermida quando disso carecer.

1640 — Em vereação foi mandado apregoar que quem quisesse cortar carne de vaca e miúda viesse falar aos vereadores para fazerem as obrigas.

1775 — Manuel de Sampaio, morador em Landim, e António da Cunha Correia Vale, morador na Rua dos Palheiros, desta vila, mestres entalhadores, obrigam-se por escrituras, aquele a fazer 336$000 réis os 4 altares laterais da igreja da Misericórdia, e este fazer por 400$000 as caixas dos órgãos. A escritura da feitura das caixas dos órgãos foi reformada por outra em 9 de Outubro deste mesmo ano.

1801 — Enterro em S. Sebastião de "uma mulher que morreu arrebentada da janela abaixo".

1825 — Nasce nesta cidade o padre José Leite de Faria Sampaio, vulgo o padre José Mico, maior brincalhão que durante muitos anos, até 1866, tiveram os folguedos dos estudantes ou festas do S. Nicolau. Era bom cantochonista, tinha para isso uma forte e doce voz, muito agradável.

1833 — Vem ordem do governador para se fazerem preces, pois só em Lisboa tinham morrido mais de 12 mil pessoas com a cólera.. PL

1840 — Houve uma tão grande trovoada nesta vila (já há tempos que tinham sido mui frequentes e medonhas) que muito assustou os habitantes desta vila, caindo no Convento das Capuchas algumas faíscas que causaram bastante estrago no material do convento, não tendo perigo nenhuma das religiosas.

1842 — Suicidou-se, pelas cinco horas e meia da tarde, um indivíduo (Fortunato, alfaiate), que tinha sido criado do Ferraz de Santa Luzia, no lugar de Roma (Paraíso), ao pé de Santa Cruz, com uma espingarda de caça, a qual fez disparar com um gancho de pau, tendo a boca da arma junto ao coração. Foi depositado (depois da justiça o ter ido levantar) no dia seguinte no Campo Santo, e sepultado fora do Campo Santo, junto ao caminho público, por assim o exigir o cónego cura da Colegiada José Joaquim de Abreu, por o morto se ter suicidado e não se ter desobrigado há uns poucos (14) de anos. Este homem tinha jurado contra seu amo (o Ferraz ) no tempo de D. Miguel e tinha feito algumas mortes. Assim acabou os seus dias este monstro!!! PL

1880 — Chegou a esta cidade vindo do Porto o carro funerário, oferecido à Ordem Terceira de S. Domingos, por Domingos do Espírito Santo Guimarães,"O Pesquício", natural de Trás-Gaia, desta cidade e negociante naquela cidade. Foi estreado no dia 5 de Julho conduzindo ao cemitério o cadáver de um cantoneiro da Câmara, chamado Albino.

1886 — Sai o 1.º número de "O Futuro", periódico democrático, literário e noticioso, às quintas-feiras e domingos. Director Benjamim de Mesquita.

1898 — Foi colocada uma nova cruz da frente da igreja de S. Francisco, em substituição da que caiu e quebrara em 31 de Dezembro de 1897 com o grande vendaval.

1911 — De madrugada apareceu completamente inutilizada a tabuleta de "O Comércio de Guimarães", na Rua de D. João I, e sujas com excremento as portas do estabelecimento de António Joaquim de Azevedo Machado, na Rua da República. Destes actos o administrador do concelho remeteu ao Delegado do Procurador da República, nesta comarca, e auto de investigação a que procedeu contra os díscolos (isto: fogo de vistas para inglês ver).

1938 — Segunda-feira.- Principiou a demolir-se o novo edifício, em construção, que era destinado para Paço do Concelho. Foi apenas duas paredes interiores.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.