Nos 200 anos do nascimento de Bento Cardoso
No dia 25 de Janeiro de 2006 completam-se 200 anos sobre o nascimento de Bento António de Oliveira Cardoso. Filho de Francisco José Gonçalves de Oliveira e de Maria Teresa da Encarnação, foi um advogado de grande fama, a quem Camilo Castelo Branco se referiu no capítulo IV de A Brasileira de Prazins (“O Dr. Adolfo absteve-se de entusiasmos, e pôs-se a estudar a questão, em conferências com o Bento Cardoso, de Guimarães, e o Torres e Almeida, o Rasqueja de Braga, dois chavões”). Escreveu sobre assuntos de jurisprudência.
Cidadão activo e participante, esteve envolvido, na década de em 1830, na Sociedade Patriótica Vimaranense. Fez parte da comissão da subscrição para socorro dos pobres de Lisboa vítimas da epidemia da cólera morbus, que recebeu, em Fevereiro de 1858, um agradecimento publicado em Portaria do Ministério do Reino. Em 1869, integrou, com, entre outros, Martins Sarmento, José Sampaio e Alberto Sampaio, a comissão da filial em Guimarães da Associação Arqueológica de Lisboa, de que acabaria por pedir escusa, alegando achaques e a sua vida laboriosa.
Uma das suas facetas mais destacadas foi a de bibliófilo. A sua biblioteca era famosa pelas preciosidades que guardava, despertando grande interesse entre os coleccionadores. Numa das primeiras reuniões após a criação da Sociedade Martins Sarmento, em Janeiro de 1882, o Dr. Avelino da Silva Guimarães propôs a compra da livraria de Bento Cardoso, para com ela dar início à instalação de uma biblioteca da Sociedade, sugerindo que se mostrasse à Câmara de Guimarães a necessidade e a conveniência da sua criação. Apesar de ter sido aprovada, a compra dos livros não se concretizaria então. Apenas teria lugar após a morte de Bento Cardoso, em 12 de Abril de 1886. Nessa altura, a direcção da SMS fez um esforço financeiro considerável para se antecipar à hasta pública que já estava anunciada. Em boa hora o fez.
Em grande parte composta por obras de Legislação e Direito, a biblioteca de Bento Cardoso guardava diversas preciosidades, entre as quais se destacam umas Ordenações de 1565, os Estatutos da Universidade de Coimbra, de 1591, e um exemplar da edição princeps de Os Lusíadas, de 1572, cujo fac-símile foi recentemente editado pela Universidade do Minho.
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