UM MÊS, UMA PEÇA - Alabardas de Carrapatas - março 2025 - SMS
UM MÊS, UMA PEÇA - Alabardas de Carrapatas
Super Categoria Arqueologia
Categoria Armas
Nº de Inventário MSA-781 e MSA-782
Objeto Alabardas
Cronologia Bronze Antigo (2200-1750 a.C.)
Matéria Cobre arsenical
Proveniência Carrapatas, Macedo de Cavaleiros, Bragança
Largura 13,3 cm e 9,5 cm
Comprimento 34,5 cm e 29,5 cm
Espessura 0,8 cm
Peso 635 g e 540 g
Descrição
Estas duas alabardas em cobre arsenical foram encontradas num local não especificado algures no território de Freguesia de Carrapatas, Concelho de Macedo de Cavaleiros. Por esta razão estão na origem do nome da tipologia que as definiu no âmbito da investigação arqueológica: o subtipo Carrapatas, das chamadas "alabardas atlânticas", produzidas na primeira Idade do Bronze. A produção destes objetos, embora cronologicamente integrada no que chamamos Idade do Bronze, terá ocorrido num momento anterior à introdução da metalurgia deste metal no Ocidente da Península Ibérica.
Caracterizam-se pelo tipo de lâmina triangular larga, de extremidade arredondada. É provida de um espesso reforço ou veio longitudinal, o qual é seguido, de ambos os lados, por caneluras que acompanham o fio da folha metálica. A zona de encabamento, muito larga, tem contorno triangular de ângulos arredondados e possui três orifícios para rebites, que uniriam a lâmina à haste da alabarda.
As duas alabardas apresentam dimensões diferentes, mas são exatamente do mesmo modelo e de idêntica constituição metálica, o que leva a crer que tenham saído ambas da mesma oficina de fundidor. Sendo peças vistosas, com caráter excecional e aparentemente fabricadas em contexto doméstico, em pequena escala, crê-se que estas peças não teriam uma utilização prática, sendo antes consideradas objetos de prestígio. De facto, elas não evidenciam utilização. Embora se desconheça o contexto concreto em que estes dois exemplares foram recolhidos, nos casos em que o mesmo foi registado, é habitual surgirem em enterramentos ou em depósitos de materiais metálicos, cuja interpretação varia entre a ocultação de bens preciosos e a deposição ritual.
Algumas destas alabardas fazem parte da iconografia guerreira característica desta época, como é o caso de uma estela gravada encontrada em Longroiva, Mêda, em que uma figura humana ostenta uma alabarda deste tipo.
Oferta de José Henriques Pinheiro, professor do Liceu de Bragança e sócio correspondente da SMS, em novembro de 1891.
Composição Química
MSA-781 Arsénio (As): 4,0; Prata (Ag): 0,035; Níquel (Ni): 0,058; Cobre (Cu): 95,907; % total de impurezas: 4,093
MSA-782 Arsénio (As): 5,3; Prata (Ag): 0,013; Níquel (Ni): 0,025; Bismuto (Bi): 0,001; Cobre (Cu): 94,661; % total de impurezas: 5,339
Bibliografia
- Seán P. Ó Ríordáin, "The halbert in bronze age Europe", Oxford, 1937, Archaeologia, or Miscellaneous Tracts Relating to Antiquity, Vol. LXXXVI, p. 288, 291, 320.
- Mário Cardoso, "Breves observações a propósito das análises espectrográficas de alguns instrumentos metálicos da Idade do Bronze, pertencentes ao Museu de Martins Sarmento", Revista de Guimarães, vol. 70, 1960, p. 169-184.
- Obras de Mário Cardozo, vol. I, 1994, Porto, Fundação Eng. António de Almeida, p. 409-427.
- Revista de Guimarães, vol. IX, 1892, p. 68.
- Francisco Martins Sarmento, Manuscritos Inéditos, Cad. 44, p. 54.
- Francisco Martins Sarmento, Antiqva - Apontamentos de Arqueologia, 1998, p. 466.
- Gabriel e Adrien Mortillet, "Musée préhistorique", Paris, 1881, pl. LXVIII, fig. 694.
- Maria de Lurdes Bártholo, "Alabardas da época do bronze no Museu Regional de Bragança". In: Actas e Memórias do I Congresso Nacional de Arqueologia, Lisboa, Instituto de Alta Cultura, Vol. I, 1959, p. 435-436 e fig. 9.
- Armando Coelho Ferreira da Silva, Ordo zoelarum: arqueologia e identidade do nordeste de Portugal, Museu do Abade de Baçal, 2011.
- A idade do bronze em Portugal - discursos de poder, Instituto Português de Museus, 1995, p. 29-31.
- João Carlos de Senna-Martinez, Aspectos e Problemas das Origens e Desenvolvimento da Metalurgia do Bronze na Fachada Atlântica Peninsular, Estudos Arqueológicos de Oeiras, vol.15, 2007, p. 119-134
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