Efemérides vimaranenses: 3 de Dezembro
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1635 — Falece em Lisboa Fr. André de Guimarães, filho de Gomes Esteves e de uma irmã de D. Gomes Afonso, D. Prior de Guimarães, o qual professara em Alenquer e em 22-2-1614, no Capítulo celebrado em Lisboa, fora nomeado provincial. Era muito erudito e tido como principal dos Capelos e insigne varão da Ordem Franciscana. Foi mestre de Frei Bernardino de Sena, bispo de Viseu. Tornou-se conhecido na república das letras pelo seu "Sermão que a Cidade fez na Casa de Santo António à Rainha Católica D. Margarida de Áustria". Teve grandes desgostos no seu governo pela sua inteireza, o que o obrigou a retirar-se para Castela, donde voltou passados 2 anos. Foi sepultado no convento de Lisboa, junto à capela de Santo António, gravando-se o seguinte epitáfio: = Aqui jaz o M. R. P. Fr. André de Guimarães, Leitor jubilado, Guardião que foi deste convento, Ministro Provincial e Comissário Geral dos Reformados de Portugal em todas as províncias do N. P. S. Francisco. Célebre nas letras, púlpito, prudência e governo, que com grande aceitação e crédito, assim dos religiosos, como dos seculares, exerceu todos os ofícios. Faleceu a 3 de Dezembro de 1635. - Vide Hist. Seraph. 5º, 321 et seg. - (fl. 28v analectos) NB. O dicionário "Portugal" diz falecer a 3 de Dezembro de 1632.
1718 — Falece na freguesia de S. Caetano de Alvarelhos, de onde era natural, o lente jubilado e ex-guardião dos conventos de S. Francisco da Ponte de Coimbra e de Lisboa, o virtuoso frei João da Graça, que tomara o hábito no convento de S. Francisco de Guimarães.
1724 — Fundação da Academia Problemática de Guimarães. - Vide "Guimarães Apontamentos para a sua história", vol. 1. pág. 312.
1733 — Provisão, a requerimento dos almotacés, sargento-mor José Álvares de Castro e doutor António Peixoto da Silva, alegando que era costume antiquíssimo levarem almoçaria de cada carga de pescado fresco, 1 arrátel; de cada carga de sardinha, meia dúzia; de pipa de vinho, uma canada para ambos; de cada carro peixe; 3 arráteis cada um, de carga de mel, 1 quartilho cada um; cada cabaz de mel, meio quartilho a cada, carga de cerejas, um arrátel a cada; cada postura de manteiga do mar, um arrátel a cada; da postura da carne de porco no seu tempo, uma pequena porção; das mais coisas comestíveis que se vendiam a olho, uma peça de cada um; e o corregedor o proibira em audiência geral, e visto apresentarem alvará de autorização em relação ao peixe fresco, sardinhas e vinho, e das outras ser costume: mandando que continuassem a levar a dita taxa, menos do queijo, manteiga do mar, carneiro, carne de porco, lampreias, lagostas, queijos, untos, melões ou outra qualquer fruta.
1753 — No Real Mosteiro da Costa publicou-se a graça Pontifícia de celebrar Pontifical o Prelado dele, e mudar o apelido de Prior em Alvalade. Este convento foi multado em 2 mil cruzados para pagamento da Bula, que veio para todas as mais casas da mesma Ordem.
1835 — - 7ª Sessão extraordinária da Sociedade Patriótica Vimaranense. - Foi aberta às 7 e meia horas da noite pelo presidente Gião. Lida a acta da última sessão foi aprovada. Barroso pediu se discutisse o seu aditamento: o Ferreira de Castro, como relator da comissão, falou sobre a ordem, e que se discutisse o aditamento depois da assinatura dos estatutos, e como artigos adicionais. Consultada a assembleia assim se decidiu. O secretário Bandeira fez a leitura dos Estatutos, que foram conferidos pelo Ferreira de Castro, e achando-se exactos, se assinaram por 63 sócios que eram os que estavam presentes. Foi resolvido que os estatutos ficassem patentes para serem assinados pelos sócios que não puderam comparecer. Procedeu-se à eleição da mesa e saiu: presidente, o barão de Vila Pouca, com 30 votos; vice-presidente, João Barroso Pereira, com 15; secretários, José de Sousa Bandeira com 27 e José Joaquim Moreira de Sá com 25; vice-secretários, António Leite de Castro com 18 e Joaquim Cardoso de Freitas com 12. Comissão administrativa: presidente, Rodrigo de Meneses de Sousa Lobo, com 20; secretário, José Joaquim Fernandes, negociante, com 8; tesoureiro, José Martins da Costa, negociante, com 18; vogais, o vigário geral José Joaquim de Abreu e o negociante Domingos José Soares, cada um com 11. Os eleitos acima foram proclamados para os 2 meses seguintes. - O Moreira de Sá pediu se votassem agradecimentos ao presidente e secretários interinos pelos esforços a favor da Sociedade: apoiado por unanimidade, decidiu-se se exarasse na acta esta resolução e igualmente à comissão de redacção: o presidente pela mesa e o Ferreira de Castro pela comissão agradeceram. - O presidente, em um longo discurso, falou sobre o prazer e honra que tinha de ter sido presidente, e ser sócio da Sociedade Vimaranense: desenvolveu as vantagens dela, a liberdade de seus estatudos, e a inocência de seus fins. Combateu as ideias retrógradas do Miguelismo; o prejuízo que resultava do indiferentismo político; e terminou prometendo à Sociedade que depois do Diploma de Deputado da Nação, o que mais prezava seria o Diploma de Sócio da Sociedade Patriótica Vimaranense, (repetido e geral aplauso). - O Ferreira de Castro falou largamente sobre o mesmo objecto: mostrar que os fins da Sociedade eram puros, que não haviam sessões secretas, que tudo na Sociedade era público e tudo dirigido ao bem da pátria; que a Sociedade se compunha de todas as opiniões pacíficas dos seus sócios e nada tinha de Política. Foi aplaudido. - O presidente Girão declarou instaurada definitivamente a Sociedade e assinados os seus estatutos. "Vamos congratular-nos na presença do Sagrado Objecto da Nossa Idolatria Nacional". Então todos os sócios e os numerosos espectadores que enchiam as galerias, se levantaram, os dois presidentes Gião e barão de Vila Pouca descobriram a efígie da Soberana, e o presidente Gião bradou - Viva a Carta Constitucional - Viva a Rainha a Senhora D. Maria II! - Vivas que por três vezes foram abafados pelo entusiasmo dos sócios e espectadores que nesta noite representaram uma só família. - Eram 11 horas o presidente fechou a sessão. - NB. O nosso cronista P.L. menciona que foram assinados os estatutos, eleita a mesa, presente o retrato da Rainha, e que esta sessão teve lugar na casa do júri no convento de S. Francisco.
1885 — Festa todo o dia a S. Francisco Xavier, na igreja da Misericórdia; quebrou o sino grande.
1889 — Chegaram de Paris, da casa Raffl, sucessor de Verrebout, duas imagens da Virgem de Lourdes e de La Sallete, (e apenso àquela uma pequenina imagem da Bernardete) em tamanho quase natural, para serem veneradas na igreja da Misericórdia, onde com solenidade foram inauguradas no dia 8 deste mês. São de cartão ou massa e custaram com os direitos da alfândega e carreto 167$740 réis.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
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