Efemérides vimaranenses: 18 de Março

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1546 — Provisão, dada em Almeirim, caçando as provisões particulares que tinham sido concedidas para tirar pão para fora da vila, salvo o Dr. Gaspar de Carvalho, do conselho de desembargo do Paço, que era mantida e que lhe permitiam levar para Lisboa 12 moios de pão. Foi por causa da necessidade que na vila havia.

1644 — Faleceu em Évora o vimaranense D. Gabriel da Anunciação, cónego secular de S. João Evangelista, cuja Murça recebera em 1600, era filho de Francisco Tareja e de D. Ana Mendes, oriundos de famílias distintas. Foi conventual em Vilar de Frades e reitor do convento lóio em Lamego edificado em 1596. Escolhido pelo arcebispo de Évora, D. João Coutinho, para seu coadjutor, foi sagrado em 1638, no convento de Santo Eloy, em Lisboa com o título de bispo de Fez, em África. Como o arcebispo D. João partisse logo para Madrid, ficou governando a arquidiocese, regendo-a como suma vigilância e prudência até à morte do mesmo arcebispo a 12 de Setembro de 1643. Em “sede vacante” foi nomeado visitador do arcebispado, mas, achando-se gravemente enfermo, tece de recolher-se a Évora onde faleceu a 18 de Março de 1644. Foi literato e pregador de renome, deixando impresso um “Sermão Pregado na Nova igreja de Enxabregas. No Dia Da Degolação Do Baptista Que Foi O Último Dos Três Na Solenidade Do Santíssimo Sacramento Da Igreja Velha Para A Nova Capela, Lisboa, 1625”. É raro e muito estimado.

1752 — Em sessão da mesa da real irmandade de Nossa Senhora da Oliveira, sendo proposto a que para honra e louvor da mesma Senhora e das esmolas que Sua Majestade costuma dar para o festejo da dita Senhora, se fizesse duas óperas com um baile, e por terem notícia que António Dias, desta vila, tinha cópia da 2.ª e 3.ª parte dos Encantos de Medeia, mandaram se lhe desse parte para vir a esta mesma parte e o padre Jerónimo Caetano por ser os dois mais beneméritos que há nesta vila para as fazerem, e sendo a isto satisfeito apareceu neste mesa o dito António Dias e sendo-lhe proposto o referido disse se obrigava a fazer as ditas duas óperas e um baile para a procissão de Fiutoniza e a por todo tablado corrente na forma do risco que apresentou, tudo em preço de oitenta moedas de ouro, e assim uniformemente se assentou se lhe dessem, porém que havia de por no tablado 6 rabecas e 2 rabecões e que se lhe dariam 12 tochas para iluminarem o tablado e que do referido fazia escritura e obrigação”.

1831 — A mesa da Misericórdia, por gratidão e reconhecimento ao seu falecido irmão Luís Martins da Costa, que tinha deixado à Santa Casa e seus estabelecimentos não menos de 9.600$000 réis, com pequenos encargos à proporção, delibera que com brevidade seja feito na sua igreja, com o maior asseio e decência um ofício de honras por alma do mesmo, e que, pelo benfeitor Manuel José de Covelo, que neste ano havia deixado à mesma Santa Casa 8.000$000 réis, sem encargo algum, se fizesse idêntico acto logo que se recebesse esta quantia.

1839 — É declarada sem efeito a portaria de 12 de Novembro de 1838 que concedeu o sino maior do convento dos Capuchos à Junta de Paróquia de São Cristóvão de Selho, e ora é concedido à mesma um dos sinos menores da Costa

1870 — Francisco José da Costa Guimarães entregou 100$000 réis ao asilo de Santa Estefânia, da subscrição que, para o mesmo, fez promover no Rio de Janeiro, e o Visconde de Santa Luzia também lhe entregou 130$000 réis, resto da subscrição que, a favor dos feridos no incêndio do Toural, fez promover naquela cidade.

1882 — Prestou juramento e tomou posse na Câmara dos Pares o Conde de Margaride, sendo introduzido na sala pelos conde de Além e de Cabral.

1888 — A procissão de Passos, quando ia pela rua de Santa Maria, deu-lhe uma bátega de chuva que, teve de recolher na igreja do Carmo, onde se conservou a imagem até à noite, sendo depois conduzida para a sua igreja. Os gerentes da irmandade ficaram tão desnorteados com a chuva, que foi demorada algumas horas, não se lembraram de mandar buscar chapéus, calçado, etc., ao Campo da Feira para do Carmo recolherem a suas casas os que faziam parte do préstito, do que resultou haver grande expansão de riso e troça, porque do Carmo ao Campo da Feira durante bastante tempo, ora vinham irmãos com o balandrau pelas costas ou pela cabeça, (e descalços os do andor em grande correria para não arrefecerem), anjinhos, padres com capas de asperges ou só de sobrepelizes, etc., mas todos muitos ligeiros e isolados, não em conjunto.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

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