Efemérides vimaranenses: 9 de Janeiro

O foral manuelino de Guimarães.

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1608 — Em vereação foi resolvido que não querendo os soldados voluntariamente ir na armada da Índia fossem forçados, sendo presos, e até mesmo os pais até apresentarem os filhos indicados, um por freguesia. Foi assim ordenado aos capitães das companhias pelo corregedor, juiz de fora, câmara e capitão-mor.

1641 — A câmara organiza 24 capítulos para serem apresentados por Fernão Rebelo de Almeida e Gregório do Amaral Castelo Branco, procurador de Guimarães às cortes de 20 de Janeiro de 1641.

1662 — O Cabido conclui e assina os seus Estatutos, dos quais uma grande parte ainda ficou a vigorar depois da sua reorganização 1891 até à sua supressão.

1672 — Pela vereação foi proibido vender vinho maduro às cargas a não ser aos nobres, de almotacés para cima, para seu gasto, que o não poderão repartir com gente de menor condição; e se os almotacés contrariarem, pagarão a sisa e mais direitos como se fosse vendido pelos mesteirais.

1806 — Em correição desta data foi mandado passar a letra mais inteligível, dentro do prazo de 6 meses, o foral que El-rei D. Manuel dera à vila de Guimarães. Este foral está escrito em vinte folhas de pergaminho, incluindo a tabuada ou índice. Tem no frontispício, iluminadas a cores e a ouro, as armas portuguesas, entre duas esferas, e em cujas faixas se lê - 1508. Está encerrado em capa de madeira, coberta de couro, tendo no centro, em chapas de metal amarelo as mesmas armas. O provimento de 9 de Janeiro de 1806 só se cumpriu depois da última correição em que foi visto em 1830 e 1831.

1843 — Chegaram a Guimarães os Meninos Gordos, dois irmãos piemonteses, de uma extraordinária gordura, principalmente o menino, que tendo apenas dez anos, tinha. A menina de peso 17 arrobas. A menina não era para admirar muito, pesava 14 tendo oito anos de idade, porém o menino era duma extraordinária gordura, que deixava grande admiração a quem o via. Tinham chegado de Braga, num carro de bois cada um, com uma cobertura própria para não serem vistos pelo caminho, vindo acompanhados por uma escolta do 8 de infantaria. A casa em que se exibiam, pelo preço de 60 réis, era junto à de António Manuel Martins, pasteleiro, homem da Joaninha, na praça de Nossa Senhora da Oliveira. Vinham de se mostrar em diferentes vilas e cidades da França, Espanha e Portugal. Acompanhava-os sua mãe, uma senhora de estatura e gordura muito regulares. P. L.

1862 — Decreto criando nesta cidade uma cadeira de matemática, geometria e língua francesa em curso bienal. Foi aberto concurso por 60 dias perante os reitores dos liceus nacionais de Coimbra, Lisboa e Porto para provimento da cadeira e principiou a contar-se em 1864.

1866 — A Associação Comercial, em virtude da Câmara de Braga ter em 29 de Dezembro de 1865 representado contra a pretensão desta associação pedida em 26 de Março de 1865 sobre a mais conveniente directriz da via-férrea do Minho passar por esta cidade, delibera tornar a representar aos poderes públicos o mesmo assunto. A representação foi datada de 12 mas a assembleia-geral e deliberação foi de 9-I-1866.

1871 — Em Vargas, adiante da ponte de Santa Luzia, uma mulher casada, estava recolhida de parto, e há tempos desconfiava de tratos ilícitos entre sua criada e o marido; na noite deste dia 9, aproveitou a ausência do marido, levanta-se assim doente, vai ao leito da suposta rival, de tal modo a espancou, que esta conduzida para o hospital faleceu na madrugada seguinte do dia 10.

1883 — A Sociedade Martins Sarmento abriu um curso nocturno de desenho, regido pelo professor António Augusto da Silva Cardoso.

1891 — Às 8 horas da noite toca o sino do relógio a repique na torre da Colegiada (o que fez grande alvoroço na cidade, indo muito à Oliveira para saber o motivo do toque) dando notícia de ter chegado um telegrama do nosso deputado Franco Castelo Branco em que participava que no dia seguinte (10) era publicado no "Diário do Governo" o regulamento da reorganização da Colegiada. A Câmara e a Sociedade Vimaranense iluminaram as suas fachadas.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.