Tesouros sarmentinos: (57) Dinar do ano de 721
Moeda árabe (dinar) pertencente à colecção de numismática da Sociedade Martins Sarmento, datada de 721, século VIII segundo a era cristã, ou seja, 102 de Hégira. Esta moeda, seguindo a proibição do Alcorão de não representar figuras humanas nos seus numismas, apresenta-se preenchida, nas duas faces, com alusões religiosas. No anverso, no campo, aparece o seguinte: “Não há mais que um só Deus”. Na orla: “ Mohamede é o Enviado de deus. Enviou-o com a boa direcção e a religião da verdade.”
No reverso no campo está explícito: “Em nome de deus misericordioso e clemente”. Na orla: “Foi cunhado este dinar no Andaluz no ano de
Trata-se de uma moeda de grande valor histórico, pela sua remota datação, tendo sido cunhada dez anos após a invasão islâmica. Este numisma foi encontrado no concelho de Guimarães, num Forno de São João de Ponte, em 1928.
A invasão árabe em territórios peninsulares remonta a 711, permanecendo aqui durante cinco séculos, integrando o império omíada, como uma província: o Al-Andaluz.
A importância deste dinar reside no facto de constituir um elemento do início da dominação árabe na Península Ibérica, sendo Abderramão o governador destes territórios, dependente dos califas de Damasco.
A presença muçulmana na Península Ibérica ditou a importância da cunhagem de moeda em ouro que se continuou a verificar mesmo após a expulsão dos muçulmanos com a Reconquista Cristã, com a cunhagem dos morabitinos em ouro, que circulam desde o século VIII, em Portugal, Espanha e França. Tratavam-se de moedas em ouro ou prata fabricadas em África e no Andaluz, que circulavam em grande número durante este período. Os reis cristãos portugueses imbuídos de influência árabe, continuaram a cunhar a moeda de ouro, enquanto que na restante Europa, por influência dos carolíngios, se ia impondo um monometalismo de prata. Os reis medievais portugueses continuaram a cunhar a moeda de ouro, impondo um sistema bimetal, resquício da ocupação árabe, sendo mesmo um dos grandes objectivos dos descobrimentos portugueses encetados por D. João I em 1415, encontrar as minas do Sudão, principal ponto de abastecimento do ouro muçulmano, que os portugueses procuravam alcançar.
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