A Justiça de Guimarães

Justiça de Guimarães, n.º 1, de 12 de fevereiro de 1872

No início do ano de 1872, Guimarães foi agitada por um enfrentamento entre o Juiz de Direito da Comarca, Francisco Henriques de Sousa Seco, que carregava nos emolumentos que cobrava e assumia atitudes prepotentes, e o advogado José da Cunha Sampaio, que saiu a terreiro a defender os direitos dos seus constituintes e a honra do respeitado causídico Bento Cardoso, que, de saúde debilitada, se afastara do tribunal por causa daquele juiz.

A refrega assumiria grandes proporções, levando à intervenção do Presidente da Câmara, Avelino da Silva Guimarães, que pediu ao governo que assumisse uma posição contra a cruel obstinação do magistrado. O juiz Seco retaliou suspendendo de funções o Presidente da Câmara, alegando que este o ofendera. Cinco advogados da praça de Guimarães (Rodrigo Teixeira de Menezes, José da Cunha Sampaio, Jerónimo e João Pereira Leite de Magalhães e Couto e Avelino da Silva Guimarães) fundaram então um jornal, Justiça de Guimarães, que serviu para esgrimir argumentos contra o juiz Seco. Começou a publicar-se no dia 12 de Fevereiro de 1872 e nele colaboraram, entre outros, Francisco Martins Sarmento e Rodrigo Salazar.

No dia 13 de Fevereiro, a relação do Porto mandou levantar a suspensão ao Presidente da Câmara. À noite, houve foguetes de regozijo e a banda Boa União percorreu todas as ruas da cidade, menos aquela onde residia o famigerado juiz. Pelas 21 horas, estouraram bombas junto à Casa dos Laranjais (onde o Seco vivia).

O conflito só terminaria em finais de Agosto daquele ano. Depois de diversos episódios e incidentes, em 27 de Agosto o Justiça de Guimarães trazia um suplemento em que anunciava que o juiz Francisco Henriques de Sousa Seco partira de Guimarães. Com este desenlace, o periódico terminou a sua curta existência.