As Colecções Arqueológicas
As colecções dos Museus, nomeadamente as que integram o seu valiosíssimo espólio de materiais arqueológicos, constituem um vasto fundo de bens patrimoniais relevantes, alguns dos quais susceptíveis de classificação como “tesouro nacional”.
O Museu Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento é o mais antigo e um dos mais representativos museus arqueológicos portugueses actualmente existentes. Instalado no convento de S. Domingos em Guimarães, foi inaugurado no dia 9 de Março de 1885. Uma dos aspectos mais singulares deste museu resulta do facto manter, de nos dias de hoje, o essencial da estrutura expositiva original, constituindo-se como uma memória viva das concepções museológicas da transição do século XIX para o século XX.
A Secção das Indústrias Pré e Proto-Históricas do Museu ocupa a galeria sobreposta ao claustro de S. Domingos, levantada em finais do século XIX. Os materiais aí expostos caracterizam-se pela diversidade, pela quantidade e pela qualidade, assumindo particular relevância as extensas séries de artefactos produzidos pela cultura castreja. Esta secção está organizada segundo os critérios da divisão do tempo histórico vigente em finais de oitocentos, que irá ser preservada na futura renovação do Museu, conciliando-se com a necessidade de modernização e de criação de novos espaços mais conformes a uma gramática expositiva contemporânea.
Da colecção fazem parte:
• inúmeros artefactos de pedra lascada e de pedra polida do período paleolítico (pontas de seta, buris, percutores, raspadores, facas, trituradores, machados, martelos, polidores, enxós, pesos de rede e de tear, etc) de múltiplas proveniências.
• Um significativo acervo de bronze (diversos machados lisos, de talão, de uma e de duas aletas, alabardas, pontas de lança, moedas, fíbulas, fivelas, placas de cinto, agulhas, anéis, pinças, peças votivas, alfinetes de toucado, campainhas, para além de múltiplos fragmentos de difícil identificação). Os objectos de bronze mais notáveis são um enigmático carro votivo e um espeto provenientes de Vilela, no concelho de Paredes
• instrumentos de ferro (sachos, um alvião, machados, pontas de lança, chaves, pregos, das mais diversas proveniências).
• uma imensa colecção de cerâmica, particularmente rica em exemplares castrejos e luso-romanos, com destaque para os vasos e fragmentos encontrados na Citânia de Briteiros e na Penha.
• excelentes espécimes de cerâmica de pasta fina, pintada e de terra sigillata.
• exemplares de telhas, de tijolos e de canalizações romanas.
• um interessante conjunto peças de vidro (fragmentos e objectos intactos).
A colecção exposta na Secção de Epigrafia e Escultura Antiga do Museu distribui-se pela escadaria do antigo convento de S. Domingos, pelo belo claustro medieval e pelo jardim. Os materiais expostos, que começaram a ser reunidos no último quartel do século XIX, como resultado das prospecções arqueológicas de Francisco Martins Sarmento, incluem mais de centena e meia de peças em pedra, com predominância do granito, integrando exemplares de estatuária, inscrições honoríficas, monumentais e sepulcrais, aras votivas, aras anepígrafas, marcos miliários, pedras de armas, elementos de estruturas arquitectónicas, peças de arte ornamental, objectos de uso doméstico.
Nesta secção destacam-se as duas estátuas de guerreiros lusitanos, os marcos miliários e uma notável série de aras votivas.
Para além dos materiais expostos, a colecção do Museu integra uma valiosa colecção de jóias arqueológicas que, por motivos de segurança, não estão disponíveis aos visitantes, encontrando-se guardadas em cofre bancário. Essa colecção é composta por um par de arrecadas encontradas em 1937 na Citânia de Briteiros, pelo Tesouro de Gondeiro (dois braceletes, um aro e uma espiral comprados em 1929), pelo Tesouro de Lebução (um bracelete, dois torques e duas extremidades de torques doados em 1957 pela família de Ricardo Severo) e por uma pulseira, pertencente ao Tesouro de Monte da Saia, comprada em 1957.
Em finais de 2003, a Sociedade Martins Sarmento abriu em Briteiros, no Solar da Ponte (a casa de campo de Francisco Martins Sarmento) o Museu da Cultura Castreja, uma extensão monográfica do seu Museu Arqueológico onde estão expostos, essencialmente, materiais recolhidos na Citânia de Briteiros e no Castro de Sabroso. Trata-se de um museu onde foi aplicada um modelo expositivo moderno e funcional, com um investimento acrescido nos recursos para a interpretação dos materiais expostos. É aí que hoje pode ser visitado um significativo acervo de materiais castrejos, convenientemente tratados e restaurados, entre os quais se destaca um dos maiores tesouros da arqueologia portuguesa: a Pedra Formosa.
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