Efemérides vimaranenses: 2 de Fevereiro

Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:

1148 — El-rei D. Afonso Henriques lança por sua mão a 1ª pedra na capela-mor da igreja do sumptuoso mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.

1387 — O D. Prior D. João Afonso das Regras, por seu procurador, com o Cabido, provê uma conesia em Estêvão Esteves, abade de Baião Escolar (?), e na colação lhe puseram um capeirote na cabeça e lhe deram posse por livros, candeias, pão e vinho, cadeira no coro, e por beijo, beijando-o na boca, a que foi presente João de Braga, tabelião de Guimarães. - Catálogo dos D. Priores, por Crasbeeck.

1593 — Professa no mosteiro da Costa o vimaranense frei Cipriano, que, pela sua singular erudição foi nomeado pregador apostólico, em cuja missão prestou à sua ordem importantes serviços. Inimigo da ociosidade e conhecedor dos seus perigos, gastava em trabalhos manuais todo o tempo que lhe restava, depois de ter cumprido as suas obrigações monásticas.

1718 — Gonçalo Francisco da Silva, ourives, João Francisco Portela e Manuel Fernandes da Cruz, mercadores, respectivamente juiz, secretário e tesoureiro da Irmandade das Almas, de S. Paio, fizeram obrigação ao Cabido, padroeiro da igreja, pelo prejuízo que pudesse haver no perfuramento da parede da dita igreja, para o retábulo que iam mandar fazer, porque o velho era mais pequeno.

1835 — Na igreja da Misericórdia há missa cantada, sermão e Te Deum pela chegada do marido de D. Maria II. Esteve patente o seu hospital que estava muito asseada. As autoridades deram jantar aos presos. À tarde grande função de cavalinhos no Toural, por uma companhia que há tempos aqui se achava, a qual foi de graça e juntou muito povo. À noite houve uma brincadeira no Toural, fingindo a esquadra de D. Pedro contra a de D. Miguel ("isto era artificial"), uma máquina, andando uma música a tocar o hino constitucional. Em todo o dia se lançou muito fogo do ar. P. L.

1902 — Domingo. - De manhã houve grande nevada que caindo em pequenos flocos e com a atmosfera seca, deu causa a um fenómeno deslumbrante. Às 11 horas da manhã o regimento nº 20 de infantaria, com mais de 200 homens, saía da missa na igreja de S. Francisco e seguia para o quartel pelo Toural, produziu-se um destes quadros que poucas e raras vezes se presenciam, marchando o regimento sobre uma chuva de flores brancas que em grande quantidade atapetava o chão e se penduravam dos bonés, ombros e fardas dos militares produzindo um efeito fantástico. Na segunda-feira de manhã e durante a noite novas quedas de neve se produziram em tamanha abundância que os telhados pareciam todos enormes, cobrindo por completo as casas; a Penha esteve encantadora. Alguns carros das carreiras de Braga e Basto não saíram e os que de lá vieram chegaram muito mais tarde e os cavalos cansadíssimos. Tiraram-se algumas vistas fotográficas da cidade. Dizia-se que desde 1854 não houvera igual. Em algumas ruas atingiu 5 centímetros.

1908 — Às 9 horas da manhã, os jornais trouxeram a triste notícia do duplo assassinato de El-rei D. Carlos e do príncipe real, notícia que em todos, com pequeníssimas excepções, causou tristeza, consternação, saudade e indignação.

1910 — Vieram a esta cidade alguns académicos de Coimbra, em comissão para angariarem donativos para um estabelecimento de caridade; foram recebidos na estação de Vila-Flor por 4 associações; os académicos de Guimarães, com a sua bandeira, acompanharam-nos ao quartel de infantaria 20 e a outros estabelecimentos; à noite houve teatro; acompanhou as bandeiras a música dos Guizes.

Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.

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