Efemérides vimaranenses: 27 de Agosto
Pormenor da torre da Oliveira, a partir dos arcos da antiga Casa da Câmara
Algumas das efemérides vimaranenses deste dia, coligidas por João Lopes de Faria:
1516 — Alvará régio, dado em Lisboa, deferindo a petição dos juízes, homens bons e oficiais desta vila na qual fizeram ver a el-rei tinham necessidade de "um relógio, com todos os seus aparelhos, feito de novo por se desfazer a torre em que estava e se fazer outra de novo; um chafariz que estava na praça ao pé da dita torre e pelo mesmo motivo se derrubara e era preciso fazê-lo de novo, melhor do que estava; uma casa do concelho como cumpria à vila, porque a que tinha era a pior do reino e muito desbaratada, e para alguns enjeitados que se davam a criar, porque a vila estava endividada em quarenta e tantos mil reis, e para as ditas obras e despesas careciam de mais duzentos mil réis, lhes concedesse (e concede pelo alvará) porem imposição de 1 real em cada arrátel de carne e pescado e em cada quartilho de azeite, dando licença, que para tal, fizessem pesos novos, para os géneros ficarem com o mesmo peso. E isto por um ano."
1619 — Diogo Lopes, mercador de Sevilha, foi intimado pela Câmara para em 6 dias sair da vila, onde estava desde 19 de Abril. Em 13 de Julho de 1619 disse em Câmara ter muito dinheiro para empregar. Tendo já outros vindo depois e feito suas compras e retirado, não lhe foi permitido a ele por ser de prejuízo para o povo e se retirasse em 6 dias sob pena de 50 cruzados. Ele agravou. Já aqui vinha há muitos anos comprar linho e pano de linho e empregar muitos mil cruzados. Vinham outros mercadores estrangeiros e os da terra tinham inveja por não comprarem barato. A Câmara diz ele fazia monopólio e se combinava com os outros mercadores para ser ele quem pusesse o preço. Sentença de 27 de Agosto de 1619, da Relação do Porto, negou-lhe provimento.
1750 — Neste dia e nos 2 seguintes celebraram-se exéquias na igreja de S. Francisco por El-rei D. João V. Estava na capela-mor um mausoléu com a maior grandeza e curiosidade que ser podia, muito cheio de cera e tendo as figuras seguintes: Guimarães, Religião Seráfica, Ordem 3ª e a Igreja, todas com seus estandartes e insígnias, no fim da pira um túmulo com uma coroa imperial por cima sustentada por 2 anjos, tudo debaixo de um rico pavilhão de seda roxa e ouro com belos franjões e gatões de ouro e anjos nele enlaçados, que certamente foi das melhores que se fizeram. No 1º dia foi com toda a grandeza o ofício dos frades de S. Francisco, a 4 coros de música e pregou o seu guardião frei Francisco Xavier Gramacho; no 2º dia foi o ofício da irmandade de S. Pedro e pregou o padre frei Luís de Jesus Maria Vinhais, visitador que tinha ido às ilhas; no 3º dia fez o ofício a venerável Ordem 3ª de S. Francisco, disse a missa o ministro da ordem, cónego Manuel dos Reis da Costa Pego e pregou o comissário da mesma.
1834 — Na portaria das freiras Capuchas apareceu morto um voluntário do batalhão móvel desta vila, com os testículos negros e esmagados, pelo que se presumiu que lhos esmagaram.
1846 — Principiaram a haver 3 correios semanais.
1847 — Foram presos nesta vila 2 trolhas que andavam a trabalhar em casa do Tojeira, por estarem a cantar "O Rei chegou" e foram conduzidos por soldados do destacamento de infantaria nº 3 para os quartéis e aí foram chibatados por ordem do capitão do destacamento, sem que os remetesse à autoridade competente!!!. PL.
1872 — Saiu o 1º e último número da "Justiça de Guimarães".
1884 — Às 2 horas da tarde desabou parte da cornija do palecete (dos Golias) das Lamelas, em obras, destelhado, pertencente a Manuel Ribeiro de Faria. Não houve vítimas.
1896 — Da cadeia desta cidade, onde dera entrada na tarde de 14 deste mês, foi removido para a comarca de Cabeceiras de Basto, acompanhado até Fafe por um oficial do juízo, onde ia responder, o falso padre Francisco António Vieira, que havia sido preso em Garfe quando almoçava, por ordem da autoridade administrativa, por ter dito missas e confessado algumas pessoas em diferentes localidades daquela comarca; tinha 19 anos, estatura média, trigueiro e muito falador, era natural de Arosa e baptizado
1908 — Decreto, porque, tendo sido satisfeitas as disposições do artigo 2º e seu § 1º das bases para classificação dos imóveis que devem ser considerados monumentos nacionais aprovados por decreto de 30 de Dezembro de 1901, há por bem determinar que o castelo de Guimarães seja considerado monumento nacional, ficando, porém o terrapleno, paiol e mais dependências pertencendo ao ministério da guerra.
1915 — Deram-se acontecimentos de carácter revolucionário monárquico. Um grupo de civis tentou assaltar, de madrugada, o quartel de infantaria nº 20 (escolas industriais, no campo do Proposto). Prenderam muita gente e foi em leva para a Relação do Porto, no dia 31 deste mês.
Fonte: Efemérides Vimaranenses, de João Lopes de Faria, manuscrito da Biblioteca da Sociedade Martins Sarmento.
1 Comments:
A Torre da Colegiada da Oliveira que se pode ver na fotografia não alberga a capela de S. Nicolau, a qual se situa no exterior da igreja, do lado Norte, em plano recuado em relação à sua fachada principal. No interior da torre podem ver-se os belíssimos túmulos dos Pinheiros (muito afectados pelas condições de humidade, em grande parte potenciadas por durante vários séculos a antiga vila de Guimarães se ter abastecido de água num tanque-chafariz que se encostava à torre).
Tem razão quanto à traça manuelina. A torre hoje existente é, de facto, posterior ao resto do edifício, já que foi construída por volta de 1516 (a primitiva estava em ruínas).
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