Reconstituição de Ritual Fúnebre na Citânia
No âmbito da reconstituição histórica levada a efeito na Citânia de Briteiros, no passado dia 23, encenou-se a realização de um ritual fúnebre pelos figurantes.
Os ritos de encomendação da alma são uma componente cultural fundamental em qualquer período histórico. Surgem no registo arqueológico diferentes formas de sepultamento. Na Idade do Ferro, a incineração era prática corrente, e tudo indica que cada família conservava as cinzas dos seus antepassados, dentro do espaço doméstico, guardadas em urnas cinerárias colocadas sob os pavimentos. Quanto aos rituais, dispomos de algumas descrições de autores latinos relativas às exéquias de Viriato, caudilho dos Lusitani, cuja relação cultural com os Callaeci (povos a Norte do Douro) está ainda em parte por estabelecer, mas que aparenta diversas semelhanças.
Citando as fontes clássicas, no funeral do guerreiro “O cadáver (…), magnificamente vestido, foi queimado numa pira altíssima, enquanto os soldados, tanto os de infantaria como os de cavalaria, corriam em formação em torno da pira, com as suas armas e entoando as suas glórias ao modo bárbaro. Não se retiraram dali até que o fogo da fogueira se extinguiu completamente. Terminado o funeral, celebraram combates singulares sobre o seu túmulo” (Apiano, Bellum Ibericum). Noutro texto fala-se que “O cadáver (…) foi magnificamente honrado e teve maravilhosos funerais. Fizeram duzentos pares de gladiadores combaterem perante o seu túmulo, honrando assim a sua extraordinária coragem” (Diodoro Sículo, Bibliotheca).
O que não se identificou ainda foi um local específico para a realização destes rituais: em espaço público ou privado? Dentro ou fora dos povoados? Na Citânia Viva, o local foi escolhido aleatoriamente.
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