Francisco Martins Sarmento, sobre Jean Meslier
Depois de ler Meslier
Maldito sejas tu, padre descrido,
Que às portas do sepulcro ainda blasfemas.
E no Deus, que juraste amar com culto,
Cuspiste sem piedade.
Às bordas dum abismo tenebroso,
E, com frases de hipócritas remorsos,
Lá me arrojaste então.
As crenças cardeais de toda a vida;
Que, apontando o altar, disseste: "nada"
"Nada" apontando a campa.
O mocho nas ruínas pia, e eu tremo;
Maldito sejas tu, padre descrido,
Que me fazes tremer.
E horrorosas visões me dás à mente;
Maldito sejas tu, que escarneceste
O Deus que eu tanto amava.
Me dará outra igual? Sem esta crença,
Quem, se o egoísmo do homem me repele.
Me afagará na dor?
Em busca duma cova, onde me esconda,
E ainda ali, oh! maldito, eu, que fui homem.
Cinza só ficarei!!...
Que te abriu os arcanos tenebrosos
De verdades cruéis... cruéis. Se mentes,
Maldito sejas tu.
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