29 outubro, 2008
25 outubro, 2008
Congresso "Alberto Sampaio, Ontem e Hoje"
Alberto Sampaio foi, essencialmente, um historiador. Porém, o seu trabalho científico nunca se confinou aos limites da História, trabalhando sempre numa perspectiva multidisciplinar, que abrange áreas do saber que vão da Arqueologia à Geografia, da Economia à a Política, da Etnografia à Sociologia ou à Linguística.
O Congresso Alberto Sampaio, Ontem e Hoje propõe-se revisitar a obra do historiador, destacando a sua influência na produção científica dos tempos que correm, proporcionando um momento de convergência de olhares de especialistas que se posicionam em diferentes áreas das ciências humanas e sociais e que se repartirão por sete secções:
- Arqueologia, coordenada por Francisco Sande Lemos, da Universidade do Minho
- Arquitectura, coordenada por Paulo Providência, da Universidade de Coimbra
- Demografia e População, coordenada por Norberta Amorim, da Universidade do Minho
- História das Ideias, coordenada por Norberto Cunha, da Universidade do Minho
- História Económica, coordenada por J. M. Amado Mendes, da Universidade de Coimbra
- Ordenamento do Território, coordenada por Álvaro Domingues, da Universidade do Porto
- Sociologia, coordenada por Albertino Gonçalves, da Universidade do Minho.
As inscrições para participar no Congresso Alberto Sampaio, Ontem e Hoje, são gratuitas e estão abertas até ao próximo dia 20 de Novembro.
Mais informações em http://www.albertosampaio.blogspot.com/. Os pedidos de informações deverão ser encaminhados através do seguinte endereço de correio electrónico: mailto:albertosampaio2008@gmail.com
O Congresso Alberto Sampaio, Ontem e Hoje é uma iniciativa da Comissão Organizadora do Centenário de Alberto Sampaio, que reúne a Câmara Municipal de Guimarães, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, o Museu de Alberto Sampaio e a Sociedade Martins Sarmento.
A Comissão Organizadora.
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14 outubro, 2008
SMS recebe Projecto InFormal
O Projecto Informal espalha a linguagem contemporânea de dezassete artistas por seis espaços da cidade caracterizados por terem uma "forte relação Homem / Passado / Arquivo / Justiça" interagem com "diferentes tipos de expressões artísticas", numa "relação de proximidade com o espaço, projectando uma obra específica para o local".
O Projecto Informal decorre igualmente no Antigo Hospital, Arquivo Municipal, Museu Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança e Palácio da Justiça.
09 outubro, 2008
Professores da Escola Secundária Francisco de Holanda expõem na SMS
A exposição reúne trabalhos de cinco professores, que, para além da actividade docente, se dedicam às artes plásticas. São eles M. Castro Mendes, Carlos Guerra, Carlos Martins, Viana Paredes (Professores de Artes) e Agostinho Ferreira (professor de Português e Latim). O facto de serem cinco personalidades com gostos e vivências distintas faz com que os estilos sejam também marcadamente distintos. Daí a diversidade da exposição. Ao todo são apresentados 28 trabalhos (23 pinturas e 5 esculturas). A exposição estará patente ao público até 31 de Outubro de 2008. A entrada é livre.
05 outubro, 2008
A Sociedade Martins Sarmento e o IX Centenário do Nascimento de D. Afonso Henriques
Algumas notícias e opiniões que têm circulado, em especial na comunicação social nacional, parecem-nos susceptíveis de afectarem as comemorações do centenário de Afonso Henriques, transformando-as numa disputa entre cidades, cada qual reivindicando para si a condição de berço do filho de D. Henrique e de D. Teresa.
É inegável, à luz da História, que são mais as dúvidas do que as certezas que sobressaem do que conhecemos da Idade Média portuguesa. Assim acontece com boa parte da biografia de D. Afonso Henriques, particularmente durante o período em que ainda não tinha assumido protagonismo nos acontecimentos históricos que conduziram à afirmação e à consolidação da nacionalidade. Quanto ao seu nascimento, pouco se conhece. Não se sabe, com certeza e rigor, por falta de evidências documentais, quando nasceu, nem onde nasceu.
Ao longo do tempo, foram avançadas diversas datas para o seu nascimento, num intervalo que vai de 1094 a 1111. Hoje tem-se como a mais plausível, mas sem a segurança da certeza, a hipótese de Afonso Henriques ter nascido no ano de 1109. Esta conjectura tem por base a Chronica Gothorum, escrita em finais do século XII, onde se afirma que, à morte de seu pai, o Conde D. Henrique (Abril de 1112), o infante teria de dois para três anos.
Quanto ao lugar onde nasceu D. Afonso Henriques, as dúvidas dos historiadores afiguram-se inultrapassáveis, à luz dos documentos que se conhecem. Ao longo do tempo, têm sido colocadas diversas possibilidades: Guimarães, Coimbra (a partir de Torcato de Sousa Soares, professor da Universidade de Coimbra), Viseu (por A. de Almeida Fernandes, de Tarouca, concelho do distrito de Viseu). Em nenhum caso existem documentos que sustentem cabalmente tais conjecturas.
A hipótese de Guimarães é a mais antiga e a única enraizada numa tradição secular. Baseia-se na Crónica do Conde D. Henrique, do século XV, segundo a qual D. Teresa estaria em Guimarães aquando do parto. Em finais do século XVII, o padre Torcato Peixoto de Azevedo dava como certo que “nasceu el-rei D. Afonso Henriques na vila velha de Araduca [Guimarães] em 1094”. Em 1735, António Caetano de Sousa, na História Genealógica da Casa Real Portuguesa, sustentava que Afonso Henriques “nasceu em Guimarães a 25 de Julho de 1109” (note-se que a data indicada é perfeitamente consistente com a referência da Chronica Gothorum). Em documentos que se guardam nos nossos arquivos, não faltam, ao longo dos séculos, referências a Guimarães como a “pátria de D. Afonso Henriques”. Esta tradição está presente no imaginário local, em que a ideia de “berço da Nação”, que remete para a Batalha de S. Mamede, em 1128, parece transferir-se para o local de nascimento do primeiro rei português. A população de Guimarães sempre se identificou com a figura de D. Afonso Henriques, que celebra desde tempos remotos, com manifestações que se guardam nos anais da cidade, como sucedeu com o grande movimento cívico que erigiu o monumento a D. Afonso Henriques, em 1887, ou com as comemorações dos oitocentos anos do seu nascimento, em 1911.
A tradição, que situa em Guimarães o local de nascimento de D. Afonso Henriques, nunca foi desmentida, nem demonstrada pela investigação histórica. Esta é uma tradição antiga e arreigada, a que alguns historiadores têm contraposto, em tempos recentes, argumentos frágeis, igualmente não demonstrados por provas documentais.
As conjecturas de Coimbra, avançada por Torcato de Sousa Soares na década de 1970, e de Viseu, aventada por A. de Almeida Fernandes em 1991, partindo ambas de deduções suportadas por documentos segundo os quais, no ano de 1109, D. Teresa andaria por Coimbra ou por Viseu, são meramente hipotéticas. São convicções dos seus autores, não são demonstrações irrefutáveis da ciência histórica. À luz da História, o que se pode afirmar com absoluta certeza, é que não existe, em qualquer documento coevo conhecido, uma única referência à data, ao local ou às circunstâncias do nascimento de D. Afonso Henriques.
O historiador José Mattoso, que tem sido citado para atestar a validade das certezas de Almeida Fernandes, escreveu recentemente, na sua biografia de D. Afonso Henriques: “para um problema como o do nascimento de D. Afonso Henriques, não há certeza alguma, apesar de toda a confiança que Almeida Fernandes pôs nas suas próprias afirmações. Aquilo que é possível, admissível, hipotético ou provável não se pode transformar em certezas”. E se José Mattoso afirma que “a demonstração feita por Almeida Fernandes alcança verosimilhança para se admitir como possível”, também admite que “a “tradição” vimaranense era lógica e verosímil”.
Assim sendo, nada de novo se acrescentou ao que já se sabia em Guimarães há mais de um século, quando João de Meira escreveu que “nenhum documento ou monumento digno de crédito, digo eu, nos autoriza a afirmar que Afonso Henriques nasceu em Guimarães. É um facto possível mas não provado”. Tal desconhecimento nada altera em relação à identificação de Guimarães com a figura de D. Afonso Henriques. A sua importância não resulta do simples facto de ter nascido, mas sim da sua obra de afirmação e consolidação da independência de Portugal, iniciada em Guimarães, a 24 de Junho de 1128.
A grandeza da figura e da obra de D. Afonso Henriques não pode ser reduzida a uma dimensão local. Por tal razão, há três meses, a Direcção da Sociedade Martins Sarmento dirigiu-se a diversas entidades, entre as quais se contavam o Presidente da República, o Ministério da Cultura e a Câmara Municipal de Guimarães, a propósito do centenário que se aproximava, notando que “o peso incontornável do vencedor de S. Mamede na nossa história e a relevância do seu contributo para a formação deste país e para a sedimentação da nossa identidade colectiva impõem que o centenário seja assinalado com um programa de dimensão nacional, à altura da importância da efeméride”.
A Sociedade Martins Sarmento manifestou, então, “a sua disponibilidade e a sua vontade para contribuir para que, durante o ano de 2009, o IX Centenário de D. Afonso Henriques seja comemorado com a dimensão e a dignidade devidas ao primeiro Chefe de Estado Português”.
A Direcção da Sociedade Martins Sarmento continua a defender que é necessário e urgente que, para além das iniciativas locais com que Guimarães saberá honrar os seus pergaminhos, se avance com um programa de comemorações nacionais do IX Centenário de D. Afonso Henriques.
Guimarães, 5 de Outubro de 2008
A Direcção da Sociedade Martins Sarmento