UM MÊS, UMA PEÇA - Placas de xisto gravadas de Portalegre - junho 2025 - SMS
Placas de xisto gravadas de Portalegre
Super Categoria Arqueologia
Categoria Artefactos ideotécnicos
Subcategoria Mágico/Religiosa
Nº de Inventário MSA-552 e MSA-717
Objeto Placa gravada [placa inteira e fragmento de outra]
Proveniência Portalegre
Cronologia Neolítico/Calcolítico
Matéria Xisto ardosiano
Técnica Talhe e gravação por incisão
Descrição
Placa de xisto gravada, de formato trapezoidal, com uma abertura de suspensão. Apresenta duas áreas decorativas distintas, a superior ou cabeça e a inferior ou corpo, separadas por uma linha simples, incisa. No campo superior a decoração é com motivo em "Orelhas de Coelho" preenchidas por reticulado, separados por triângulos lisos. A inferior é composta por quatro bandas horizontais de triângulos com o vértice para cima, preenchidos a reticulado, que alternam com outros tanto lisos com o vértice para baixo.
Existem semelhanças com outras duas placas, uma proveniente de Aljezur com o nº de inventário 985.39.52 e a outra proveniente da Anta Paço 1, Montemor-o-Novo, com o nº de inventário 2008.70.4, estas fazem parte da coleção do Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa.
São dos elementos mais curiosos da Pré-história do Sul de Portugal, recolhidas em quantidades consideráveis (da ordem dos milhares), sobretudo em monumentos megalíticos, mas também em contextos de povoado. As placas de xisto gravadas aparecem num âmbito geográfico de limites naturalmente difusos, mas com um aparente epicentro no Alentejo médio, onde vários monumentos conservavam dezenas de exemplares. Terão sido gravadas entre os finais do quarto milénio a. C. e a primeira metade do terceiro, ou seja, entre o final do Neolítico e o Calcolítico.
São placas em xisto que, uma vez obtidas, eram polidas e profusamente decoradas com gravação de motivos geométricos, particularmente triângulos, geralmente gravados a cheio, e outras incisões retilíneas, preenchidas ou não. Destacam-se depois os motivos que, em muitos casos, lhe atribuem uma iconografia antropomórfica, como olhos, narinas, cabelos... O próprio formato, tendencialmente trapezoidal, de grande parte destas peças, por vezes reforçado com o talhe de "ombros", sugere a representação humana. De facto, a decoração costuma definir dois campos distintos, um superior e um inferior, "cabeça e tronco" desta figura estilizada, sendo que algumas placas possuem mesmo uma representação de figura humana no seu interior. Temos depois as perfurações, em número variável, que sugerem a suspensão destas placas.
São objetos associados ao mundo magico-ritual, concretamente às práticas funerárias, como é consensual entre os pré-historiadores. De facto, a maioria destas placas integravam o espólio de monumentos megalíticos e, quando
recolhidas em povoados, ou estariam no seu local de fabrico, ou seriam pertença de alguém que preparava a sua viagem para o além. Algumas, muito poucas, estavam ainda sobre o peito do defunto que acompanharam. A figura humana implícita no seu formato e decoração, sugere a figuração do defunto ou, como também se avança, de uma divindade, geralmente feminina.
Desconhece-se o ano de entrada da peça no Museu bem como o seu doador. Faz parte de um conjunto de peças provenientes de Portalegre que integra, além da placa inteira e do fragmento de outra, seis machadinhas votivas, igualmente feitas em xisto.
Bibliografia
- ANDRADE, Marco António (2013) – As placas de xisto gravadas da anta da Herdade da Lameira (Alto Alentejo, Portugal). O Arqueólogo Português, Série V, 3, 2013, p. 171-195
- ANDRADE, Marco António (2015) – Contributo para a definição das práticas funerárias neolíticas e calcolíticas no Maciço Calcário Estremenho. 2: as placas votivas da «necrópole megalítica» das Lapas (Torres Novas) e o hipogeismo na Alta Estremadura. Nova Augusta. 2.ª série. 27, pp. 293–322
- ARNAL, Jean; GROS, André-Charles (1962) - A propósito das placas de xisto gravadas do sul da península ibérica. Guimarães: separata da Revista de Guimarães, vol. LXXII
- CARDOSO, Mário (1965) - Bibliografia. Vera Leisner. Die Megalithgráber der Iberischen Halbinsel. Revista de Guimarães, 75 Jan.-Dez., p. 228-230
- ESTÁCIO DA VEIGA, S. P. M. (1886) - Antiguidades Monumentais do Algarve. Lisboa: Imprensa Nacional, vol. I, p. 232
- ESTÁCIO DA VEIGA, S. P. M. (1887) - Antiguidades Monumentais do Algarve. Lisboa: Imprensa Nacional, vol. II, p. 429-462, Est.. I-XII
Placa de xisto gravada, de formato trapezoidal, com uma abertura de suspensão. Apresenta duas áreas decorativas distintas, a superior ou cabeça e a inferior ou corpo, separadas por uma linha simples, incisa. No campo superior a decoração é com motivo em "Orelhas de Coelho" preenchidas por reticulado, separados por triângulos lisos. A inferior é composta por quatro bandas horizontais de triângulos com o vértice para cima, preenchidos a reticulado, que alternam com outros tanto lisos com o vértice para baixo.
Existem semelhanças com outras duas placas, uma proveniente de Aljezur com o nº de inventário 985.39.52 e a outra proveniente da Anta Paço 1, Montemor-o-Novo, com o nº de inventário 2008.70.4, estas fazem parte da coleção do Museu Nacional de Arqueologia em Lisboa.
São dos elementos mais curiosos da Pré-história do Sul de Portugal, recolhidas em quantidades consideráveis (da ordem dos milhares), sobretudo em monumentos megalíticos, mas também em contextos de povoado. As placas de xisto gravadas aparecem num âmbito geográfico de limites naturalmente difusos, mas com um aparente epicentro no Alentejo médio, onde vários monumentos conservavam dezenas de exemplares. Terão sido gravadas entre os finais do quarto milénio a. C. e a primeira metade do terceiro, ou seja, entre o final do Neolítico e o Calcolítico.
São placas em xisto que, uma vez obtidas, eram polidas e profusamente decoradas com gravação de motivos geométricos, particularmente triângulos, geralmente gravados a cheio, e outras incisões retilíneas, preenchidas ou não. Destacam-se depois os motivos que, em muitos casos, lhe atribuem uma iconografia antropomórfica, como olhos, narinas, cabelos... O próprio formato, tendencialmente trapezoidal, de grande parte destas peças, por vezes reforçado com o talhe de "ombros", sugere a representação humana. De facto, a decoração costuma definir dois campos distintos, um superior e um inferior, "cabeça e tronco" desta figura estilizada, sendo que algumas placas possuem mesmo uma representação de figura humana no seu interior. Temos depois as perfurações, em número variável, que sugerem a suspensão destas placas.
São objetos associados ao mundo magico-ritual, concretamente às práticas funerárias, como é consensual entre os pré-historiadores. De facto, a maioria destas placas integravam o espólio de monumentos megalíticos e, quando
recolhidas em povoados, ou estariam no seu local de fabrico, ou seriam pertença de alguém que preparava a sua viagem para o além. Algumas, muito poucas, estavam ainda sobre o peito do defunto que acompanharam. A figura humana implícita no seu formato e decoração, sugere a figuração do defunto ou, como também se avança, de uma divindade, geralmente feminina.
Desconhece-se o ano de entrada da peça no Museu bem como o seu doador. Faz parte de um conjunto de peças provenientes de Portalegre que integra, além da placa inteira e do fragmento de outra, seis machadinhas votivas, igualmente feitas em xisto.
Bibliografia
- ANDRADE, Marco António (2013) – As placas de xisto gravadas da anta da Herdade da Lameira (Alto Alentejo, Portugal). O Arqueólogo Português, Série V, 3, 2013, p. 171-195
- ANDRADE, Marco António (2015) – Contributo para a definição das práticas funerárias neolíticas e calcolíticas no Maciço Calcário Estremenho. 2: as placas votivas da «necrópole megalítica» das Lapas (Torres Novas) e o hipogeismo na Alta Estremadura. Nova Augusta. 2.ª série. 27, pp. 293–322
- ARNAL, Jean; GROS, André-Charles (1962) - A propósito das placas de xisto gravadas do sul da península ibérica. Guimarães: separata da Revista de Guimarães, vol. LXXII
- CARDOSO, Mário (1965) - Bibliografia. Vera Leisner. Die Megalithgráber der Iberischen Halbinsel. Revista de Guimarães, 75 Jan.-Dez., p. 228-230
- ESTÁCIO DA VEIGA, S. P. M. (1886) - Antiguidades Monumentais do Algarve. Lisboa: Imprensa Nacional, vol. I, p. 232
- ESTÁCIO DA VEIGA, S. P. M. (1887) - Antiguidades Monumentais do Algarve. Lisboa: Imprensa Nacional, vol. II, p. 429-462, Est.. I-XII
- GONÇALVES, V. S. (2004) – As placas de xisto gravadas dos sepulcros colectivos de Aljezur (3º milénio a.n.e). O Arqueólogo Português. 4ª série, 22, p. 163-318
- GONÇALVES, V. S. (2004) - As deusas da noite: o projecto «PLACA NOSTRA» e as placas de xisto gravadas da região de Évora. Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 7, nº 2, pp. 49-72
- GONÇALVES, V. S. (2021) – A propósito das placas de xisto gravadas do Ocidente peninsular (3200-2500 a.n.e.). Um depoimento pessoal in Bueno Ramírez e Soler Díaz (coords.) Ídolos. Olhares milenares. O estado da arte em Portugal, Museu Nacional de Arqueologia, pp. 149-168
- LEISNER, Vera; FERREIRA, Octávio da Veiga, (1963) - Primeiras datas de radiocarbono 14 para a cultura megalítica portuguesa. Revista de Guimarães, 73 (3-4) Jun.-Dez., p. 358-366
- LEISNER, V. (1965) – Die Megalithgräber der Iberischen Halbinsel: der Westen. Co. 1: 3
- NATIVIDADE, Manuel Vieira (1899-1903) – “Grutas de Alcobaça", Portvgalia - Materiais para o estudo do povo portuguez, tomo I, fasc. 1-4, Porto, p. 433-474
- GONÇALVES, V. S. (2004) - As deusas da noite: o projecto «PLACA NOSTRA» e as placas de xisto gravadas da região de Évora. Revista Portuguesa de Arqueologia, vol. 7, nº 2, pp. 49-72
- GONÇALVES, V. S. (2021) – A propósito das placas de xisto gravadas do Ocidente peninsular (3200-2500 a.n.e.). Um depoimento pessoal in Bueno Ramírez e Soler Díaz (coords.) Ídolos. Olhares milenares. O estado da arte em Portugal, Museu Nacional de Arqueologia, pp. 149-168
- LEISNER, Vera; FERREIRA, Octávio da Veiga, (1963) - Primeiras datas de radiocarbono 14 para a cultura megalítica portuguesa. Revista de Guimarães, 73 (3-4) Jun.-Dez., p. 358-366
- LEISNER, V. (1965) – Die Megalithgräber der Iberischen Halbinsel: der Westen. Co. 1: 3
- NATIVIDADE, Manuel Vieira (1899-1903) – “Grutas de Alcobaça", Portvgalia - Materiais para o estudo do povo portuguez, tomo I, fasc. 1-4, Porto, p. 433-474
- NATIVIDADE, Manuel Vieira (1901) - Grutas de Alcobaça. Porto: Imprensa Moderna (Portvgalia , extracto do tomo I, fascículo 3)
- NATIVIDADE, Manuel Vieira (1906) - Grutas de Alcobaça. O Arqueólogo Português, vol. XI, p. 338-343
- VASCONCELOS, José Leite (1897) - Religiões da Lusitânia. vol. I, Lisboa: Imprensa Nacional, p. 155-169