Reaberto Balneário Sul da Citânia de Briteiros
Assinalando o 127º aniversário da Sociedade Martins Sarmento, foi reaberto o Balneário Sul da Citânia de Briteiros, depois de uma intervenção de valorização co-financiada pelo POC. A cerimónia contou com breves alocuções do Arqueólogo Gonçalo Cruz, da SMS, e da Arquitecta Teresa Costa, responsável pelo projecto.
O projecto de valorização do monumento e contributo para o seu conhecimento
Em finais de 2006 a Sociedade Martins Sarmento elaborou um projecto de requalificação desta estrutura e envolvente (“Valorização do Balneário Sul da Citânia de Briteiros”, Programa Operacional da Cultura, acção 1, medida 1.1). De facto os banhos careciam de uma intervenção integrada que assegurasse um melhoramento global do espaço, do estado de conservação da estrutura, da vertente didáctica interpretativa e dos registos científicos. Estes itens orientaram sequencialmente a execução deste projecto.
Numa primeira fase realizou-se uma intervenção arqueológica de limpeza minuciosa da estrutura, desenho do edificado à escala 1:20 e registo fotográfico. No âmbito de observações no terreno, bem como do relatório preliminar, obtiveram-se novos dados científicos: definiu-se, com rigor, o corte operado no substrato geológico para inserir a fornalha; registou-se outro corte do afloramento granítico, paralelo a toda a estrutura no seu flanco Norte, aparentemente com o objectivo de implantar com solidez o edifício e de garantir um perfil semi-enterrado. Foi, também, identificado a Norte o que resta da conduta de abastecimento, a qual corria paralelamente à estrutura, antes de inflectir para Sul, desembocando no tanque do pátio. Registou-se, ainda, um interessante contexto construtivo de enrocamento, com pedras de várias dimensões, o qual terá servido de contraforte aos esteios das paredes do pátio. No interior da estrutura, observaram-se vestígios de oxidação nas paredes da fornalha, bem como a degradação do pavimento da mesma. Por último determinaram-se algumas alterações posteriores ao restauro de 1930, e identificaram-se dois blocos que formariam o arranque da escada de acesso ao pátio, a partir do exterior. Uma leitura atenta dos paramentos laterais do pátio permite supor que o pátio foi alargado num determinado momento.
De especial interesse são os resultados da sondagem “cirúrgica” efectuada sob o lajeado do pátio, levantado para o efeito numa pequena área muito restrita. Na pequena vala aberta registou-se a camada de preparação do lajeado, bem como os calços de apoio à regularização das lajes, sob os quais se observam dois estratos sedimentares que parecem ter funcionado como enchimentos prévios. Os materiais arqueológicos recolhidos consistem, unicamente, em fragmentos de cerâmica de pasta micácea, apontando para uma cronologia anterior à romanização, embora mais tardia que a de Braga ou de Pendia (Astúrias), se bem que nestes dois banhos castrejos se duvide que as evidências arqueológicas, que os datariam da I Idade do Ferro, sejam contemporâneas da edificação.
Outra das vertentes do projecto agora implementado foi a requalificação física do espaço envolvente, obedecendo a critérios predeterminados, como a manutenção integral do edificado, sem remoção de restauros anteriores, e sem novas operações de restauro. As alterações efectuadas visaram sobretudo a substituição da vedação existente, bem como uma ampliação da zona de circulação dos visitantes para Sudoeste, permitindo uma visualização frontal, antes dificultada pela referida vedação.
Tendo em conta que se procurava uma intervenção o menos intrusiva possível, optou-se por manter o aspecto natural da envolvente do balneário, levantando a cota do nível de circulação actual, para a aproximar o mais possível da topografia original, que tinha sido afectada pelas obras da estrada, na década de 1930. No seu periodo de utilização, o monumento encontrava-se semi-enterrado, ideia que actualmente se pretende demonstrar. A colocação artificial de terras foi consolidada com a sementeira de prado sequeiro, com vista a formar uma cobertura vegetal visualmente integrada na envolvente, e que diminua a forte erosão da zona.
Finalmente, a restituição do traçado original da conduta é um aspecto importante do ponto de vista da interpretação do sistema de abastecimento da estrutura. O troço final da conduta em pedra tinha sido destruído, provavelmente no decorrer dos desaterros para abertura da estrada nacional. Durante a intervenção arqueológica, foi detectado o traçado original da canalização, que orientou a restituição agora implementada. A mesma foi feita com ferro galvanizado, demarcando o seu carácter recente e garantindo uma adequação cromática ao granito do monumento.
O projecto de valorização do monumento e contributo para o seu conhecimento
Em finais de 2006 a Sociedade Martins Sarmento elaborou um projecto de requalificação desta estrutura e envolvente (“Valorização do Balneário Sul da Citânia de Briteiros”, Programa Operacional da Cultura, acção 1, medida 1.1). De facto os banhos careciam de uma intervenção integrada que assegurasse um melhoramento global do espaço, do estado de conservação da estrutura, da vertente didáctica interpretativa e dos registos científicos. Estes itens orientaram sequencialmente a execução deste projecto.
Numa primeira fase realizou-se uma intervenção arqueológica de limpeza minuciosa da estrutura, desenho do edificado à escala 1:20 e registo fotográfico. No âmbito de observações no terreno, bem como do relatório preliminar, obtiveram-se novos dados científicos: definiu-se, com rigor, o corte operado no substrato geológico para inserir a fornalha; registou-se outro corte do afloramento granítico, paralelo a toda a estrutura no seu flanco Norte, aparentemente com o objectivo de implantar com solidez o edifício e de garantir um perfil semi-enterrado. Foi, também, identificado a Norte o que resta da conduta de abastecimento, a qual corria paralelamente à estrutura, antes de inflectir para Sul, desembocando no tanque do pátio. Registou-se, ainda, um interessante contexto construtivo de enrocamento, com pedras de várias dimensões, o qual terá servido de contraforte aos esteios das paredes do pátio. No interior da estrutura, observaram-se vestígios de oxidação nas paredes da fornalha, bem como a degradação do pavimento da mesma. Por último determinaram-se algumas alterações posteriores ao restauro de 1930, e identificaram-se dois blocos que formariam o arranque da escada de acesso ao pátio, a partir do exterior. Uma leitura atenta dos paramentos laterais do pátio permite supor que o pátio foi alargado num determinado momento.
De especial interesse são os resultados da sondagem “cirúrgica” efectuada sob o lajeado do pátio, levantado para o efeito numa pequena área muito restrita. Na pequena vala aberta registou-se a camada de preparação do lajeado, bem como os calços de apoio à regularização das lajes, sob os quais se observam dois estratos sedimentares que parecem ter funcionado como enchimentos prévios. Os materiais arqueológicos recolhidos consistem, unicamente, em fragmentos de cerâmica de pasta micácea, apontando para uma cronologia anterior à romanização, embora mais tardia que a de Braga ou de Pendia (Astúrias), se bem que nestes dois banhos castrejos se duvide que as evidências arqueológicas, que os datariam da I Idade do Ferro, sejam contemporâneas da edificação.
Outra das vertentes do projecto agora implementado foi a requalificação física do espaço envolvente, obedecendo a critérios predeterminados, como a manutenção integral do edificado, sem remoção de restauros anteriores, e sem novas operações de restauro. As alterações efectuadas visaram sobretudo a substituição da vedação existente, bem como uma ampliação da zona de circulação dos visitantes para Sudoeste, permitindo uma visualização frontal, antes dificultada pela referida vedação.
Tendo em conta que se procurava uma intervenção o menos intrusiva possível, optou-se por manter o aspecto natural da envolvente do balneário, levantando a cota do nível de circulação actual, para a aproximar o mais possível da topografia original, que tinha sido afectada pelas obras da estrada, na década de 1930. No seu periodo de utilização, o monumento encontrava-se semi-enterrado, ideia que actualmente se pretende demonstrar. A colocação artificial de terras foi consolidada com a sementeira de prado sequeiro, com vista a formar uma cobertura vegetal visualmente integrada na envolvente, e que diminua a forte erosão da zona.
Finalmente, a restituição do traçado original da conduta é um aspecto importante do ponto de vista da interpretação do sistema de abastecimento da estrutura. O troço final da conduta em pedra tinha sido destruído, provavelmente no decorrer dos desaterros para abertura da estrada nacional. Durante a intervenção arqueológica, foi detectado o traçado original da canalização, que orientou a restituição agora implementada. A mesma foi feita com ferro galvanizado, demarcando o seu carácter recente e garantindo uma adequação cromática ao granito do monumento.
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