Da Sociedade Martins Sarmento sobre o tema da chamada “Via dedicada ao Avepark”
Nas últimas semanas, o “Avepark” e, especialmente, a intenção da Câmara Municipal de construir uma nova via de acesso ao mesmo, com o carácter de via “dedicada”, tem sido alvo de várias intervenções públicas. Na verdade, o assunto foi objecto da reunião da Câmara do dia 5 de Fevereiro e, posteriormente, foi lançada uma petição pública contra a construção da via e ainda um apelo a que a obra venha a ser sujeita a discussão pública.
Trata-se de um tema de relevância e implicações diversas, sendo destacadas as que se prendem com apontados efeitos ambientais e de afectação da vida e organização das populações e seus aglomerados, situados no sector do concelho a ser atravessado pela via.
Este novo acesso é anunciado como indispensável para a sobrevivência do Avepark, alegadamente carente de comunicação rodoviária adequada à sua sustentação, situação que explicará o aparente impasse ou mesmo risco de sobrevivência em que poderá encontrar-se enquanto pólo dinamizador de vanguarda para instalação de unidades tecnológicas de ponta, local de incubação de empresas ou daquilo a que se chama correntemente “spin-off”. Neste debate recente tem sido também reposta a questão da própria oportunidade e interesse do parque, em si, ou da importância ou necessidade de criação de uma nova via para o mesmo, designadamente, de uma via com as características da que vem sendo anunciada.
A Sociedade Martins Sarmento tem, por fundação e acção constante, uma permanente atenção e preocupação com os temas do progresso e valorização de Guimarães e das suas populações. Na abordagem desses temas releva a perspectiva cultural e científica arqueológica, sector este em que a SMS estrutura de modo fundamental a sua actividade.
Como desejado factor de progresso, o Avepark deve, portanto, também estar no centro das preocupações da SMS e deseja-se que a sua capacidade de realização e potencialidades que encerra sejam equacionadas politicamente de uma forma objectiva, de modo a corresponderem eficazmente aos fins para que o parque foi criado. Nessa medida cabe também a reflexão sobre a necessidade de criação de uma nova via de acesso e sobre as características que a devem revestir, nomeadamente, se deve ou não ser “dedicada” e qual o seu perfil.
Em comunicado, a Câmara Municipal veio informar publicamente que o próprio traçado da via ainda está em estudo. Poderá ser, assim, prematuro avançar quaisquer previsões sobre quais as zonas ou locais mais sensíveis eventualmente afectados, nomeadamente do ponto de vista arqueológico
Relativamente àqueles que têm sido falados, e especialmente nas áreas das freguesias de Caldelas, Barco e Briteiros (Santo Estevão e Salvador, sendo esta integrada actualmente em UF), podem referenciar-se vestígios ou sítios arqueológicos, registados em escritos e apontamentos desde o próprio Martins Sarmento e, mais tarde, de Mário Cardozo. Estas informações são facilmente consultáveis na base de dados online da Casa de Sarmento (http://www.csarmento.uminho.pt/ndat_63.asp) onde se encontram disponíveis cópias digitalizadas das respectivas publicações originais. Destacam-se, em especial, os volumes da Revista de Guimarães que contêm o trabalho de Martins Sarmento intitulado Materiaes para a Archeologia do Concelho de Guimarães, nomeadamente os números 18 (1901) e 19 (1902). Destaca-se também o trabalho de Mário Cardozo, intitulado Monumentos Arqueológicos da Sociedade Martins Sarmento, publicado nos números 60 (1950) e 61 (1951). A área que medeia entre a vila das Caldas das Taipas e a zona da Gândara, onde se encontra o Avepark, é uma área sensível, sobretudo no que respeita a vestígios da Pré-história Recente, nomeadamente da Idade do Bronze, como sejam as estruturas funerárias conhecidas como "mamoas" e rochas com gravuras rupestres, muitas das quais parecem ter sido já destruídas nas primeiras décadas do século XX. Podem apontar-se, a título meramente exemplificativo, a mamoa da Bouça Nova, no limite entre as Freguesias de Caldelas e Barco (http://www.csarmento.uminho.pt/nephl_3231.asp?ID=7) e a mamoa da Gândara, na área da Freguesia de S. Salvador de Briteiros (http://www.csarmento.uminho.pt/nephl_3231.asp?ID=8).
Está também disponível, em capítulo próprio do PDM, a Carta Arqueológica do concelho, para cuja elaboração a SMS forneceu apoio. A SMS possui, assinaladas em carta, as notícias e elementos constantes das fontes bibliográficas e documentais que conserva.
A existência de vestígios ou monumentos ou outras estruturas de interesse arqueológico, histórico ou arquitectónico não é, como se sabe, em si imediatamente impeditiva da realização de obra nova. O aconselhamento sobre a possibilidade ou conveniência de realizar uma obra nova face à presença desse tipo de elementos é o resultado desejável de estudos, nomeadamente do estudo de impacto ambiental que, num caso como este, não poderá deixar de ser feito - aliás por imposição legal. Decorre directamente da lei, desde logo, a obrigatória observância de algumas regras destinadas a preservar a integridade de elementos do património cultural, como sejam as chamadas “zonas de protecção”.
A abertura de uma discussão pública sobre todos os elementos relevantes, logo que disponíveis, proporcionará também a sindicância sobre a qualidade e adequação dos estudos realizados e informações recolhidas, e só poderá constituir factor de benefício para as decisões a tomar, devendo ser encarada com o maior interesse.
A Sociedade Martins Sarmento tem naturalmente à disposição da comunidade e instituições vimaranenses todo o seu importante acervo documental e demais capacidades, próprias e da sua Direcção e Colaboradores Técnicos, para qualquer colaboração possível que, no âmbito desta questão, venha a revelar-se útil.
Trata-se de um tema de relevância e implicações diversas, sendo destacadas as que se prendem com apontados efeitos ambientais e de afectação da vida e organização das populações e seus aglomerados, situados no sector do concelho a ser atravessado pela via.
Este novo acesso é anunciado como indispensável para a sobrevivência do Avepark, alegadamente carente de comunicação rodoviária adequada à sua sustentação, situação que explicará o aparente impasse ou mesmo risco de sobrevivência em que poderá encontrar-se enquanto pólo dinamizador de vanguarda para instalação de unidades tecnológicas de ponta, local de incubação de empresas ou daquilo a que se chama correntemente “spin-off”. Neste debate recente tem sido também reposta a questão da própria oportunidade e interesse do parque, em si, ou da importância ou necessidade de criação de uma nova via para o mesmo, designadamente, de uma via com as características da que vem sendo anunciada.
A Sociedade Martins Sarmento tem, por fundação e acção constante, uma permanente atenção e preocupação com os temas do progresso e valorização de Guimarães e das suas populações. Na abordagem desses temas releva a perspectiva cultural e científica arqueológica, sector este em que a SMS estrutura de modo fundamental a sua actividade.
Como desejado factor de progresso, o Avepark deve, portanto, também estar no centro das preocupações da SMS e deseja-se que a sua capacidade de realização e potencialidades que encerra sejam equacionadas politicamente de uma forma objectiva, de modo a corresponderem eficazmente aos fins para que o parque foi criado. Nessa medida cabe também a reflexão sobre a necessidade de criação de uma nova via de acesso e sobre as características que a devem revestir, nomeadamente, se deve ou não ser “dedicada” e qual o seu perfil.
Em comunicado, a Câmara Municipal veio informar publicamente que o próprio traçado da via ainda está em estudo. Poderá ser, assim, prematuro avançar quaisquer previsões sobre quais as zonas ou locais mais sensíveis eventualmente afectados, nomeadamente do ponto de vista arqueológico
Relativamente àqueles que têm sido falados, e especialmente nas áreas das freguesias de Caldelas, Barco e Briteiros (Santo Estevão e Salvador, sendo esta integrada actualmente em UF), podem referenciar-se vestígios ou sítios arqueológicos, registados em escritos e apontamentos desde o próprio Martins Sarmento e, mais tarde, de Mário Cardozo. Estas informações são facilmente consultáveis na base de dados online da Casa de Sarmento (http://www.csarmento.uminho.pt/ndat_63.asp) onde se encontram disponíveis cópias digitalizadas das respectivas publicações originais. Destacam-se, em especial, os volumes da Revista de Guimarães que contêm o trabalho de Martins Sarmento intitulado Materiaes para a Archeologia do Concelho de Guimarães, nomeadamente os números 18 (1901) e 19 (1902). Destaca-se também o trabalho de Mário Cardozo, intitulado Monumentos Arqueológicos da Sociedade Martins Sarmento, publicado nos números 60 (1950) e 61 (1951). A área que medeia entre a vila das Caldas das Taipas e a zona da Gândara, onde se encontra o Avepark, é uma área sensível, sobretudo no que respeita a vestígios da Pré-história Recente, nomeadamente da Idade do Bronze, como sejam as estruturas funerárias conhecidas como "mamoas" e rochas com gravuras rupestres, muitas das quais parecem ter sido já destruídas nas primeiras décadas do século XX. Podem apontar-se, a título meramente exemplificativo, a mamoa da Bouça Nova, no limite entre as Freguesias de Caldelas e Barco (http://www.csarmento.uminho.pt/nephl_3231.asp?ID=7) e a mamoa da Gândara, na área da Freguesia de S. Salvador de Briteiros (http://www.csarmento.uminho.pt/nephl_3231.asp?ID=8).
Está também disponível, em capítulo próprio do PDM, a Carta Arqueológica do concelho, para cuja elaboração a SMS forneceu apoio. A SMS possui, assinaladas em carta, as notícias e elementos constantes das fontes bibliográficas e documentais que conserva.
A existência de vestígios ou monumentos ou outras estruturas de interesse arqueológico, histórico ou arquitectónico não é, como se sabe, em si imediatamente impeditiva da realização de obra nova. O aconselhamento sobre a possibilidade ou conveniência de realizar uma obra nova face à presença desse tipo de elementos é o resultado desejável de estudos, nomeadamente do estudo de impacto ambiental que, num caso como este, não poderá deixar de ser feito - aliás por imposição legal. Decorre directamente da lei, desde logo, a obrigatória observância de algumas regras destinadas a preservar a integridade de elementos do património cultural, como sejam as chamadas “zonas de protecção”.
A abertura de uma discussão pública sobre todos os elementos relevantes, logo que disponíveis, proporcionará também a sindicância sobre a qualidade e adequação dos estudos realizados e informações recolhidas, e só poderá constituir factor de benefício para as decisões a tomar, devendo ser encarada com o maior interesse.
A Sociedade Martins Sarmento tem naturalmente à disposição da comunidade e instituições vimaranenses todo o seu importante acervo documental e demais capacidades, próprias e da sua Direcção e Colaboradores Técnicos, para qualquer colaboração possível que, no âmbito desta questão, venha a revelar-se útil.
13 de Fevereiro de 2015
A Direcção da Sociedade Martins Sarmento
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